A necessidade de mudar para melhorar é o grande desafio dos eleitores brasileiros neste ano de 2022. Um ano que ainda sofre os impactos da pandemia de Covid-19, mas que se tornou um dos piores na vida dos cidadãos, com a volta da inflação, a carestia nos preços dos combustíveis, dos alimentos, dos medicamentos enquanto o governo federal bate cabeça, tentando apagar incêndios gastando o que pode e o que não pode para tentar diminuir os impactos da desaceleração econômica trazida pelos anos de pandemia.
Por Edson Rodrigues
Apesar dessa necessidade de mudar, os eleitores não tiveram, ainda, tempo para analisar a atuação dos parlamentares federais e estaduais, mesmo daqueles em quem votaram, pois nem se lembram mais em quem foi.
É o que mostra uma pesquisa eleitoral elaborada pela Quaest a pedido do RenovaBR: 86% dos eleitores consideram bom que ocorra uma “alta renovação” nos quadros do Parlamento nestas eleições.
A se concretizar o cenário apontado pela pesquisa, a eleição para o Congresso deste ano poderá repetir a de 2018, quando Câmara e Senado tiveram a maior renovação desde a redemocratização do País. A manifestação dos eleitores reforça a percepção de que o brasileiro não costuma dar a devida atenção ao voto proporcional, com as campanhas políticas se concentrando na escolha pelos candidatos a presidente da República e a governador do Estado.
VOTO SEM ACOMPANHAMENTO
Segundo a pesquisa, a maioria dos eleitores acompanha muito pouco o trabalho do Congresso: 55% declararam não saber o que faz um deputado, ante 44% que disseram saber como atua o congressista na Câmara.
Segundo a pesquisa, a maioria dos eleitores acompanha muito pouco o trabalho do Congresso: 55% declararam não saber o que faz um deputado, ante 44% que disseram saber como atua o congressista na Câmara.
O desprestígio manifestado em relação ao voto para o Congresso ocorre num cenário em que a Câmara e o Senado têm cada vez mais poder. As Casas assumiram controle sobre repasses de recursos federais, indicando verbas diretamente para redutos por meio do chamado orçamento secreto.
Ainda segundo a pesquisa, a maioria dos eleitores acompanha muito pouco o trabalho do Congresso: 55% declararam não saber o que faz um deputado, ante 44% que disseram saber como atua o congressista na Câmara. E dois em cada três eleitores (66%) afirmaram não se lembrar em quem votaram para deputado em 2018. A pesquisa foi às ruas entre os dias 8 e 12 de junho. Foram ouvidas 1.544 pessoas, nas cinco regiões do Brasil. A margem de erro é de 2,5 pontos porcentuais, e o intervalo de confiança é de 95%.
Embora seja fundamental para definir o cenário político a partir de 2023, a disputa para o Congresso ainda não preocupa os eleitores – 85% ainda não decidiram sobre o candidato a deputado. Quase metade (47%) definirá o voto para a Câmara com pelo menos um mês de antecedência; 12% vão deixar a escolha para 15 dias antes; e mais de um terço (36%) declarou que só pensará no assunto na última semana antes do primeiro turno.
Segundo a pesquisa, o fato de a grande maioria dos brasileiros não ter a menor ideia de quem votou mostra como a eleição para o Congresso é uma eleição fria para a população, que a maioria não dá maior importância. Quando, na verdade, tem muita importância. O poder está cada vez mais concentrado no Congresso Nacional.
QUEM O ELEITOR QUER
A principal característica buscada pelos eleitores em seus deputados é a de que os candidatos sejam “honestos” e “cumpram as promessas” – 47% apontaram esses critérios. Em seguida vem o fato de o político estar “preparado” e “conhecer as políticas públicas”, com 36%. Trazer recursos para a cidade é considerado importante por 10% dos eleitores. “Para nós, este perfil do ‘candidato ideal’ foi o que mais chamou a atenção”, disse a diretora executiva do RenovaBR, Irina Bullara.
A pesquisa apontou ainda que o principal “cabo eleitoral” na disputa pela Câmara é a família: 22% disseram “considerar muito” a opinião de parentes na hora de decidir o voto.
ELEITOR TOCANTINENSE TAMBÉM QUER MUDANÇAS
O Observatório Político de O Paralelo 13 recebeu os resultados de duas pesquisas de intenção de voto, feitas por duas empresas diferentes, mas que trazem números bem parecidos com a pesquisa nacional do RenovaBR. Os estudos apontam que 85% dos eleitores não têm conhecimento de nada ou de quase nada que os congressistas tocantinenses fizeram por eles e por suas cidades, principalmente em relação aos deputados federais.
A falta de publicidade das atuações desses parlamentares é o principal motivo do desconhecimento, por parte dos eleitores, do trabalho desenvolvido pelos deputados federais e pelos congressistas, como um todo. Sem saber o que quem está no Congresso Nacional faz, o eleitor entende que nada está sendo feito, por isso, o desejo de mudança, de renovação.
E os índices que apontam o desejo de mudança são enormes. Apesar de cerca de 7% dos pesquisados informarem saber ou ter informações da atuação dos congressistas tocantinenses, nenhum deles tem noção de que partram de uma maioria bem-intencionada da nossa bancada federal os recursos que chegaram para oxigenar as finanças dos 139 municípios e do próprio governo do Estado, principalmente no pior período da pandemia de Covid-19, além da liberação de milhões de reais em emendas impositivas e outros recursos federais.
Os nobres congressistas limitaram essas informações sobre seus feitos aos prefeitos, vereadores e “líderes” locais e regionais, e desconsideraram o papel da mídia, dos veículos de comunicação, blogs, portais de notícias, sites, rádios, jornais impressos, rádio e TV que, em um Estado grande, territorialmente, como é o Tocantins, estão intrinsecamente ligados à vida da população, que os têm como verdadeiros porta-vozes de suas demandas, dos problemas que precisam ser resolvidos, das mazelas e – atenção! – dos seus desejos, de suas vontades.
Os congressistas, parece, não conhecem as peculiaridades do povo que representam, e deixam de aplicar as verbas que recebem destinadas a esse trabalho de assessoramento de comunicação, para a divulgação das suas atuações ou, se as usam, estão aplicando em veículos errados.
Quantas e quantas UPAs que foram entregues em diversos municípios, foram fruto do trabalho de senadores ou de deputados federais, e a população nunca soube disso, acreditando que foi o governo federal, estadual ou, até mesmo, o municipal que conseguiu a benfeitoria?
O momento de colher os louros desse trabalho seria no dia dois de outubro, mas, o eleitor, sem saber do que está sendo feito em Brasília pelos seus representantes, vai votar em outro candidato, quer renovação pois, quem não é visto não é lembrado.
E quem decide uma eleição é o eleitor que faz parte da base da pirâmide social, que reúne 85% da população tocantinense, que está nas periferias e na zona rural e que tem na tela do celular, da televisão, no jornal que recebe de graça e no radinho de pilha, seus amigos e conselheiros fiéis.
FEDERAÇÃO PARTIDÁRIA
O fim das coligações, enfiada goela abaixo dos vereadores pelos deputados federais, redundou na atual federação partidária, enfiada goela abaixo, desta vez, pelas cúpulas nacionais dos partidos nos diretórios estaduais, e está fazendo os deputados federais provarem do próprio “veneno”, pois dificulta ainda mais a reeleição, após a formação das chapinhas e nominatas que não aceitam detentores de mandato entre seus componentes.
Acaba, também, o “efeito Tiririca”, pois, para um candidato a deputado federal se beneficiar do quociente eleitoral, da sobra de votos, ele precisará ter recebido, no mínimo, 20% dos votos válidos, o que, no Tocantins, gira em torno de 16 mil votos.
As cotas de candidatos negros e mulheres também tornam ainda mais difícil, pois expande a divisão dos recursos do Fundo eleitoral e o tempo no Horário Obrigatório de Rádio e TV.
Ou seja, é uma eleição totalmente diferente e com nuances que precisam ser levadas a sério por todos os candidatos, sejam com mandatos ou sem mandatos. Tão a sério quanto ter assessorias com PHD em contabilidade e direito eleitoral, para não correr o risco de ganhar e não levar por ter as contas rejeitadas pela Justiça Eleitoral, ou, mesmo não ganhando, ter que devolver os recursos do Fundo Eleitoral, que geralmente é garantido com o bloqueio e o arresto de bens.
MUITO CACIQUE PARA POUCO ÍNDIO
E, por fim, a grande e mais difícil barreira a ser vencida em busca de uma vaga no Congresso Nacional, é representada pela quantidade recorde de candidatos ao governo, ao senado, a deputado federal e estadual.
São tantos partidos e tantas nominatas, que os votos tocantinenses serão pulverizados entre eles, criando uma condição negativa para que cada partido sequer consiga eleger dois deputados federais. Caso isso aconteça, já pode ser chamado de milagre.
Juntando o que disse o saudoso disse Tancredo Neves, “na política não há milagres”, e o desejo de mudança instalado no seio do eleitorado, as previsões mais otimistas apontam para uma renovação de 50% nos parlamentos.
Diante deste quadro, os nobres detentores de mandato na Câmara Federal têm 70 dias para “transformar água em vinho” e manter seus mandatos, com o agravante de ver os derrotados em dois de outubro praticamente aposentados compulsoriamente da política, passando a ostentar o título de “ex-deputado”, sem muitas chances de voltar à vida pública em cargos eletivos.
Os números não mentem: a renovação será inevitável e forte.
Quem viver verá!