Há fatos políticos que não podem ser contestados, nem “varridos para debaixo do tapete”. A festa do ex-governador Mauro Carlesse, em Gurupi, para o lançamento de sua candidatura ao Senado Federal, contou com milhares de simpatizantes, correligionários e seguidores de Gurupi, da região Sudeste e diversos outros municípios do interior, inclusive com vereadores de Araguaína e Palmas.
Por Edson Rodrigues
O evento foi uma surpresa para a sociedade de todo o Estado, pois ainda está na memória recente de todos as imagens de agentes da Polícia Federal acompanhados de um ministro do STJ, em plena Palmas, em uma ação que afastou o então governador, Mauro Carlesse, por suspeitas de corrupção, o que resultou no seu afastamento definitivo e na posse do vice-governador, Wanderlei Barbosa, que nada tinha a ver com o “peixe”.
Os principais veículos de comunicação do Brasil noticiaram o fato, estampando em manchetes negativas para o Tocantins o fato de mais um governador tocantinense não conseguir completar seu mandato.
OUTRO LADO
Pois, não dá para “varrer para baixo do tapete” o fato de que Carlesse só renunciou ao cargo de governador para se livrar do processo de impeachment que corria na Assembleia Legislativa, numa jogada pensada por sua assessoria jurídica, já que, caso o processo fosse à frente, certamente resultaria no afastamento e na perda dos direitos políticos.
Assim como não dá para dar o mesmo destino às boas ações de Carlesse como governador. Foi em sua gestão que houve uma grande reforma na estrutura governamental, com a extinção e fusão de vários órgãos e a exoneração de milhares de servidores comissionados ou com contratos temporários, um ato de muita coragem para um gestor público que permitiu organizar as finanças e reenquadrar o Tocantins à Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso tudo com total apoio da Assembleia Legislativa.
Foi esse movimento que permitiu ao Tocantins voltar a celebrar convênios e receber recursos do governo federal que permitiram as grandes obras que se iniciaram no governo de Carlesse, como a nova ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional.
INSEGURANÇA JURÍDICA?
Mas, pensando pelo lado do eleitor, após tudo o que aconteceu envolvendo o ex-governador Mauro Carlesse, saber que ele “está” pré-candidato ao Senado, poder gerar uma certa insegurança jurídica: Carlesse poderá, mesmo, ser senador, caso se eleja?
O Observatório Político de O Paralelo 13 consultou diversos juristas que sempre estão colaborando com nosso trabalho, para tentar sanar essa grande dúvida.
Uns acham que Mauro Carlesse está inevitavelmente inelegível e não conseguirá registrar sua candidatura junto ao TRE, e caso consiga, será apenas por meio de liminar, e deram como exemplo as situações do ex-prefeito de Palmas, Raul Filho, que teve sua candidatura impugnada no momento do registro, quando era o líder nas pesquisas de intenção de voto, acabou sendo o menos votado e nem ele próprio pôde votar nele. Outro exemplo foi o do ex-governador Marcelo Miranda, que foi candidato ao Senado, foi o mais votado e acabou impedido de ser diplomado por determinação do Plenários do Superior Tribunal Eleitoral.
Já outra parte dos juristas acha que Carlesse conseguiu manter seus direitos políticos e realizará o registro de sua candidatura sem problemas, citando que, no último dia seis encerrou o prazo para as contestações na Justiça Eleitoral para que partidos ou o próprio Ministério Público Estadual ou Federal impeçam alguém de se candidatar. E, pelo que se sabe, ninguém o faz contra Mauro Carlesse.
É por isso que o Observatório Político de O Paralelo 13 resolveu trazer esse assunto à pauta, pois a insegurança jurídica pode atrapalhar todo um processo eleitoral e essa questão envolvendo o ex-governador Mauro Carlesse precisa ser lembrada, exposta e debatida, afinal, Carlesse tem seus eleitores cativos, tem sua força e seu patrimônio eleitorais, como se viu no evento de lançamento da sua candidatura ao Senado, em Gurupi.
Ou seja, há muitos eleitores que desejam votar em Mauro Carlesse para o Senado, mas, para isso, eles precisam ter a garantia de que não perderão seus votos, como aconteceu na eleição de Marcelo Miranda ao Senado, em que os 340 mil votos que recebeu não valeram de nada, ficando com a vaga o terceiro colocado.
Então, aros eleitores, sugerimos que cada um de vocês analise bem, se mantenha informado e só formule seu voto quando tiver certeza de que o seu escolhido estará, mesmo apto a assumir. E tenha um “plano B”, caso o seu candidato acabe impedido de participar do pleito.
Fica a dica!