Petistas vão encabeçar seis chapas estaduais ao lado de partidos que apoiaram o que eles chamam de 'golpe'; na mão contrária, nove candidatos a governador desses partidos receberão o apoio de vice-candidatos petistas
Com Agências
Por ora, a discussão a respeito de ter sido golpe ou não a derrubada de Dilma Rouseff do governo federal, em 2016, parece que vai ter que ser colocada de lado. Isso porque, às vésperas das eleições, novas alianças estão sendo feitas pelo Brasil – inclusive entre petistas e partidos que apoiaram o impeachment da presidente.
De acordo com um levantamento feito pelo jornal O Estado de S.Paulo , em 15 estados, o PT se aliou a partidos que apoiaram o impeachment de Dilma e integraram o governo Michel Temer. Em seis deles, o PT será cabeça de chapa ao governo em coligações com partidos que foram favoráveis à queda de Dilma.
Em outros nove estados, ainda segundo o levantamento, candidatos de siglas que votaram pelo afastamento da presidente vão ter o apoio petista . Desses, há filiados ao MDB, PSD, PTB, PR e Rede.
Além disso, outros quatro são do PSB, um partido que não tem um posicionamento claro quanto aos petistas. Isso porque, embora se aliem em alguns estados, em 2016, o partido votou pela cassação do mandato de Dilma Rousseff e, hoje, fechou um acordo nacional com o PT para não apoiar formalmente nenhum candidato à Presidência. Antes de 2016, o PSB era um aliado histórico do PT.
Nesse isolamento do PSB, buscando uma neutralidade na corrida presidencial, um candidato saiu prejudicado. Afinal, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) acabou não obtendo o apoio nem do chamado 'Centrão' – grupo composto por partidos de centro – nem do PSB, que angaria votos da esquerda.
Ainda segundo o jornal O Estado de S.Paulo , na prática, o PT espera que a maior parte dos diretórios do PSB engrossem o apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou do seu possível substituto, o ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad.
Questionada, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que não há nenhuma contradição entre as conveniências eleitorais do partido e o discurso da direção. "Não há (contradição) porque estamos deixando claro que eles têm de apoiar Lula. Em todos esses casos, tem apoio a Lula e uma autocrítica inclusive."
Ou seja, o apoio ao que foi chamado pelos petistas de 'golpe' a Dilma Rousseff, o impeachment em 2016, agora não faz tanta diferença, contanto que haja apoio ao ex-presidente Lula – figura centro do partido, que nunca deixou de ser a prioridade da militância petista.