Que a sucessão estadual 2026 já está nas ruas do Tocantins, ninguém tem mais dúvida. O problema é que essa antecipação obrigou muitos políticos a esticarem a corda da convivência de forma tão vil e escancarada, que já em abril de 2025 não há outro caminho que não seja conversar, abrir o jogo e definir se seguirão juntos ou cada um pagará um caminho diferente para 2026

Por Edson Rodrigues

E o que força essa situação é o total desprezo entre ser da base política do governador ou não, com que alguns políticos têm tratado seu relacionamento com o Palácio Araguaia, mesmo tendo sido eleitos fundamentalmente por estarem em um mesmo grupo em 2022, como é o caso da senadora Dorinha Seabra.

Essa situação deixa as lideranças e os eleitores das bases sem nenhuma noção de para que lado correr ou para quem puxar a sardinha visando o processo eleitoral do ano que vem, o que por si só, já é tamanho desrespeito.

Pois, se decidiram antecipar o processo eleitoral, que antecipem, também, seus posicionamentos e ajustem suas condutas políticas, em respeito aos líderes e eleitores das províncias, que precisam saber quem é quem, e quem está com quem.

O certo é que se chegou a um ponto em que as pré-candidaturas têm que deixar de ser informais, pois só haverá duas arquibancadas em 2026: a dos governistas e a dos oposicionistas, que precisarão decidir se sentarão juntos ou se irão subdividir sua arquibancada.

G5+

O primeiro posicionamento quanto às eleições majoritárias de 2026 foi tomado pelos prefeitos dos cinco principais colégios eleitorais do Estado, que detém 40% do eleitorado. Eduardo Siqueira Campos, de Palmas, Wagner Rodrigues, de Araguaína, Josi Nunes, de Gurupi, Celso Morais, de Paraíso e Ronivon Maciel, de Porto Nacional, formaram o G5+, uma aliança que declara apoio à candidatura da senadora Dorinha Seabra ao governo e se compromete a aumentar o número de chefes de Executivos municipais (por isso o “+” no nome) por meio de articulações junto aos membros da ATM, Associação Tocantinense de Municípios.

No próximo mês de junho o União Brasil, presidido no Tocantins pela senadora Dorinha Seabra, e o Progressistas – PP – presidido pelo deputado federal Vicentinho Jr. irão oficializar a Federação Partidária entre as duas agremiações, cujo resultado será a maior bancada de senadores, deputados federais e prefeitos do País, e o maior tempo no Horário Eleitoral Obrigatório de Rádio e TV, assim como o maior fundo eleitoral.

UNIÃO E GOVERNABILIDADE?

Desta forma, mesmo que as lideranças, detentoras de mandato, dos principais partidos e grupos eleitorais tenham apregoado que 2025 seria um ano de união pela governabilidade do Estado e de que a movimentação motivada pelas eleições de 2026 teriam uma pausa, a verdade é que todos, sem exceção, estão é com suas pré-campanhas nas ruas e trabalhando com afinco na formatação de seus grupos.

E, por se tratar de uma eleição estadual, é, justamente, essa movimentação, que vem deixando as lideranças das bases incomodadas. Pois nem quanto à formação de federações partidárias, muito menos fusões  - como vai acontecer entre o PSDB e o Podemos – elas são consultadas ou, sequer, informadas com antecedência.

Logo, torna-se imprescindível que as definições sobre quem estará ao lado de quem sejam tornadas públicas ainda neste primeiro semestre de 2025, principalmente para as oposições, pois, nesse quesito, o grupo governista caminha a passos largos, já faz suas contas e formata seu time, que já terá rosto e corpo no segundo semestre deste ano, pois, mesmo sem falar sobre o processo sucessório, nada impediu o grupo palaciano de definir a sua estratégia de ação e, de forma discreta, trabalhar o fortalecimento de seus companheiros notoriamente leais em suas bases.

CONVERSA ENTRE DORINHA E WANDERLEI É AGUARDADA

Tudo leva a crer que o governador Wanderlei Barbosa e a senadora Dorinha Seabra terão uma conversa ainda este semestre para, de forma republicana, separar os seus times e seguir, civilizadamente, cada um o seu caminho.

Dorinha deve entregar os cargos ocupados pelo União Brasil no governo do Estado, na secretaria de Ação Social e no Escritório de Representação Política em Brasília, assim como os demais cargos em comissão.

E é importante que esse processo ocorra de forma pacífica, dentro do exercício do direito democrático e sem rusgas, para que sirva de exemplo, pois envolve duas das três principais lideranças políticas do Tocantins.

LAUREZ MOREIRA

O vice-governador Laurez Moreira, apesar de se comportar como se governo fosse, sabe que não o é mais há muito tempo. Desde que iniciou suas movimentações políticas para ser uma das opções para o governo do Estado.

Apesar disso, Laurez fez questão de manter a porta apenas encostada e a janela entreaberta, em sinal de estar preparado para o diálogo.

Seu comportamento em suas andanças como pré-candidato mostra um político experiente e sempre atento ao futuro, evitando falar abertamente em distanciamento em relação ao governador Wanderlei Barbosa.

Para o Observatório Político de O Paralelo 13, essas são ações de quem estaria aberto 

WANDERLEI BARBOSA

Enquanto isso o governador Wanderlei Barbosa segue com sua gestão de forma equilibrada e unida, com uma equipe que fala a mesma língua, o que lhe garante tranquilidade e tempo para  definir seu futuro político.

Quem está sempre ao lado do governador em eventos e atos governamentais é o presidente da Assembleia Legislativa Amélio Cayres, e não é segredo pra ninguém a pretensão do parlamentar em ser o candidato a governador do grupo palaciano.

Cayres tem o apoio de 20 deputados estaduais e, além dos eventos governamentais, vem se reunindo com prefeitos, vereadores e lideranças políticas da sua região de atuação, o Bico do Papagaio, e  de outras regiões do Estado, fazendo seu nome ser mais reconhecido, o que é o maior desafio para a viabilização da sua candidatura.

O governador segue sua parceria com o primeiro vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes, os dois muito bem avaliados pelos tocantinenses. Enquanto Wanderlei tem mais de 80% de aprovação popular, segundo a pesquisa do Instituto Paraná, é o primeiro colocado na corrida pelo Senado, tendo como segundo colocado e bem à frente dos demais, justamente o senador Eduardo Gomes.

O primeiro vice-presidente do Senado, inclusive, aparece na mesma pesquisa do Instituto Paraná, como líder na corrida pelo governo do Estado, porém, já definiu que seu futuro político seguirá vinculado ao Senado Federal, e tentará a reeleição em 2026.

Diante desse atual quadro político e das intensas movimentações e definições político-partidárias em andamento em Brasília, os próximos 87 dias serão decisivos para a consolidação das forças em Brasília, que terão reflexos e efeitos colaterais diretos no Tocantins e em todos os demais estados.

Caberá ao tempo e à capacidade de articulação a definição das peças que estarão no tabuleiro sucessório de 2026, lembrando, sempre, que o povo é soberano e o grande juiz do jogo democrático, portanto, é primordial que seja ouvido, antes de qualquer decisão política!

Por hoje é só.

Todas as bênçãos ao povo tocantinense!