O deputado federal Vicentinho Jr. Está convidando políticos tocantinenses e a população de Porto Nacional e cidades circunvizinhas para o lançamento do DNA Brasil, no próximo dia quatro de fevereiro, em Porto Nacional, evento que contará com as presenças do presidente Jair Bolsonaro, da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Por Edson Rodrigues
O DNA Brasil é um projeto que pretende beneficiar crianças, adolescentes e jovens do Brasil inteiro por meio da prática esportiva.
Obviamente, tudo o que vem para beneficiar nossas crianças, da mais tenra idade à juventude, é muito bem-vindo, mas, sinceramente, esse evento marcado para o próximo dia quatro, em Porto Nacional, que nos desculpe o deputado Vicentinho Jr., é totalmente incoerente e descontextualizado, não só pelo público-alvo, mas, principalmente, pelos personagens com presença confirmada e os tempos de quarta onda da Covid-19 pelo qual o Brasil inteiro passa.
Senão, vejamos.
A negligência e o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia de Covid-19, que chamou de ‘gripezinha’ e, por isso, demorou meses para comprar as primeiras vacinas, custou a vida de grande parte dos quase 700 mil brasileiros e brasileiras que poderiam ter sido salvos. Desde o começo da crise sanitária até os dias de hoje, Bolsonaro é contra a medidas restritivas como o distanciamento social, uso de máscara e até fez campanha contra a vacinação, negando as evidências cientificas e propagando fake news sobre medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 e, principalmente, proporcionando aglomerações por onde passa.
Os especialistas apontam a ausência de uma política nacional de prevenção, controle e segurança por parte do governo Bolsonaro, que se repete, agora, que chega o momento de vacinar nossas crianças, enquanto os hospitais voltam a lotar de pacientes com a variante omicron, a mais contagiosa de todas, até agora.
O menino indígena Davi Seremramiwe Xavante, de oito anos, recebeu a primeira dose do imunizante da Pfizer no Estado de São Paulo na última sexta-feira.
Apesar disso, ainda há muita incerteza sobre o calendário e a disponibilidade de doses para que a campanha avance de fato. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou a aplicação da vacina Comirnaty (da Pfizer-BioNTech) em crianças de 5 a 11 anos no dia 16 de dezembro de 2021, mas o governo de Jair Bolsonaro fez o que pôde para atrasar a ação.
Portanto, em respeito às famílias portuenses que perderam entes queridos para a Covid-19, esperamos que esse evento em nosso território ou seja adiado para bem distante, ou seja diferente de todos os eventos dos quais o presidente Jair Bolsonaro participou, Brasil afora. O que, convenhamos, será muito difícil de acontecer.
BENFICIAR A QUEM?
Em um evento em que se anunciarão benefícios para crianças, será normal que elas façam parte da platéia. A presença do presidente continua sendo um grande atrativo, tanto para o povo quanto para políticos. Da mesma forma que a presença do coronavírus e de suas variantes também será garantida.
Ou seja, desse ponta-pé inicial, no dia quatro de fevereiro, até o programa ser, efetivamente, implantado em Porto Nacional, quantas crianças, jovens e adultos não estarão sofrendo das seqüelas de uma Covid adquirida nesse próprio evento?
Haverá crianças, adolescentes e jovens, saudavelmente capacitados para participar do DNA Brasil em Porto Nacional?
Os convites já foram feitos, via redes sociais. Logo, a responsabilidade dos organizadores, do deputado federal Vicentinho Jr. ao prefeito de Porto Nacional, Ronivon Maciel, já está valendo, pois um viabilizou e o outro aceitou a realização do evento.
Haverá isolamento social? Distribuição de máscaras? Álcool gel para todos? Copos descartáveis para todos?
É bom que haja, senão, de evento pára beneficiar crianças, o lançamento do DNA Brasil em Porto Nacional pode marcar negativamente a história da Capital da Cultura Tocantinense.
NADA A RECLAMAR NEM DE VICENTINHOJR. NEM DE BOLSONARO, MAS....
É a mais pura verdade que Porto Nacional nada tem a reclamar das atuações do deputado federal Vicentinho Jr., que tem se desdobrado para trazer benefícios para sua cidade natal e para os municípios da região, fato do qual o próprio DNA Brasil é um exemplo.
Da mesma forma, nada temos a reclamar do presidente da República, Jair Bolsonaro, que tem atendido as demandas da bancada federal do Tocantins com atenção e presteza, indiferentemente de serem de oposição ou aliados, beneficiando os 139 municípios do Estado, desde o início de seu mandato, mas, desta vez, é hora de demonstrar, pelo menos, respeito com as famílias tocantinenses enlutadas pela Covid-19.
Por mais que não conste nada na agenda do presidente Jair Bolsonaro para o dia quatro de fevereiro, no Tocantins, faria muito mais sentido que, ao invés do lançamento do DNA Brasil, tanto Vicentinho Jr. Quanto Jair Bolsonaro tratassem de reativar os leitos de UTI no Tocantins, enviar mais vacinas – tanto para adultos quanto para crianças – reativar os estoques de medicamentos e insumos hospitalares, nos 139 municípios e preparar o Tocantins para enfrentar essa quarta onda da Covid-19.
Esse é apenas o primeiro alerta que O Paralelo 13 faz acerca desse evento marcado para acontecer em território portuense, onde temos nossa sede há mais de 33 anos, no mesmo endereço e de onde vamos continuar cobrando respeito ao nosso município e ao nosso Estado, sem ter a menor possibilidade de se omitir ou ser conivente com benefícios mascarados de tragédias anunciadas, como pode ser esse evento do dia quatro de fevereiro.
Isso, sim, é respeito ao povo, à ciência e à vida.
Por isso, O Paralelo 13 não se cala.
Fica o alerta!