Acusado por delator de ter recebido propina da JBS, André Puccinelli (PMDB) e seu filho foram presos em Campo Grande na quinta fase da Operação Lama Asfáltica; Polícia Federal cumpre mandados no MS e em SP
Com Agências
O ex-governador do Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) e seu filho, André Puccinelli Júnior, foram presos na manhã desta terça-feira (14) em Campo Grande (MS), na quinta fase da Operação Lama Asfáltica. As investigações conduzidas pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e Receita Federal apuram esquema que desviou ao menos R$ 235 milhões por meio de fraudes a licitações e superfaturamento de obras públicas.
São cumpridos nessa nova fase da Operação Lama Asfáltica , batizada de Papiros de Lama, um total de 28 mandados judiciais em cidades do Mato Grosso do Sul e em São Paulo, sendo dois mandados de prisão preventiva (sem prazo para expirar), duas ordens de prisão temporária (com duração de cinco dias, prorrogáveis por mais cindo), e 24 mandados de busca e apreensão. A Justiça também determinou o sequestro de valores nas contas bancárias de pessoas físicas e empresas investigadas.
Propina da JBS e doação para campanha Em entrevista coletiva concedida nesta manhã, o delegado da Polícia Federal Cleo Mazzotti explicou que essa nova fase da operação decorre dos depoimentos de colaboradores, da análise dos materiais apreendidos em fases anteriores e na delação premiada de ex-executivos da JBS.
Segundo a PF, o pecuarista Ivanildo Miranda confirmou em acordo de delação que foi responsável pela operação de repasse de propina da JBS para o ex-governador André Puccinelli. "Entre 2006 e 2013, ele recebia valores de propina da JBS e entregava para o senhor Puccinelli valores em espécie ou em depósitos em contas indicadas pelo senhor Puccinelli. O pagamento de propina era em razão dos termos de incentivos fiscais", afirmou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado da Polícia Federal, o pecuarista Ivanildo indicou que o esquema entre a JBS e o ex-governador do MS envolveu doação de R$ 21 milhões para a campanha do peemedebista.
Concessionária de água e esgoto foi usada para pagar propina De acordo com o chefe da unidade regional da CGU no MS, José Paulo Barbiere, as investigações apontaram que a concessionária que oferece serviços de água e esgoto em Campo Grande, Águas Guariroba, foi usada para operações que possibilitaram o pagamento de propina ao ex-governador do estado.
"[Houve a prática de] simulação de patrocínio de eventos que sequer ocorreram, aquisições de livros jurídicos que posteriormente eram doados, além da contratação de vários serviços advocatícios e de assessoria jurídica sem um laço prioritário. Isso move uma quantia de quase R$ 5 milhões para o grupo do ex-governador André Puccinelli no período de 2011 a 2017", disse Barbiere.
Operação Lama Asfáltica As investigações da Operação Lama Asfáltica começaram em 2013 e identificaram a existência da organização criminosa que praticava desvios e superfaturamentos em obras, direcionamento de licitações, uso de documentos falsos, aquisição ilícita e irregular de produtos e obras, concessão de créditos tributários direcionados e pagamento de propinas a agentes públicos. Os valores repassados em propina, segundo a CGU, "eram mascarados com diversos tipos de operações simuladas, de forma a dar falsa impressão de licitude ao aumento patrimonial dos integrantes da organização ou de dar maior sustentação financeira aos projetos".