Ex-governador do MS é preso em operação que investiga desvios de R$ 235 milhões

Posted On Terça, 14 Novembro 2017 15:59
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Ex-governador do MS, André Puccinelli foi acusado por delator de receber propina da JBS em troca de incentivo fiscal Ex-governador do MS, André Puccinelli foi acusado por delator de receber propina da JBS em troca de incentivo fiscal

Acusado por delator de ter recebido propina da JBS, André Puccinelli (PMDB) e seu filho foram presos em Campo Grande na quinta fase da Operação Lama Asfáltica; Polícia Federal cumpre mandados no MS e em SP

Com Agências

O ex-governador do Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) e seu filho, André Puccinelli Júnior, foram presos na manhã desta terça-feira (14) em Campo Grande (MS), na quinta fase da Operação Lama Asfáltica. As investigações conduzidas pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e Receita Federal apuram esquema que desviou ao menos R$ 235 milhões por meio de fraudes a licitações e superfaturamento de obras públicas.

São cumpridos nessa nova fase da Operação Lama Asfáltica , batizada de Papiros de Lama, um total de 28 mandados judiciais em cidades do Mato Grosso do Sul e em São Paulo, sendo dois mandados de prisão preventiva (sem prazo para expirar), duas ordens de prisão temporária (com duração de cinco dias, prorrogáveis por mais cindo), e 24 mandados de busca e apreensão. A Justiça também determinou o sequestro de valores nas contas bancárias de pessoas físicas e empresas investigadas.

Propina da JBS e doação para campanha Em entrevista coletiva concedida nesta manhã, o delegado da Polícia Federal Cleo Mazzotti explicou que essa nova fase da operação decorre dos depoimentos de colaboradores, da análise dos materiais apreendidos em fases anteriores e na delação premiada de ex-executivos da JBS.

Segundo a PF, o pecuarista Ivanildo Miranda confirmou em acordo de delação que foi responsável pela operação de repasse de propina da JBS para o ex-governador André Puccinelli. "Entre 2006 e 2013, ele recebia valores de propina da JBS e entregava para o senhor Puccinelli valores em espécie ou em depósitos em contas indicadas pelo senhor Puccinelli. O pagamento de propina era em razão dos termos de incentivos fiscais", afirmou o delegado.

Ainda de acordo com o delegado da Polícia Federal, o pecuarista Ivanildo indicou que o esquema entre a JBS e o ex-governador do MS envolveu doação de R$ 21 milhões para a campanha do peemedebista.

Concessionária de água e esgoto foi usada para pagar propina De acordo com o chefe da unidade regional da CGU no MS, José Paulo Barbiere, as investigações apontaram que a concessionária que oferece serviços de água e esgoto em Campo Grande, Águas Guariroba, foi usada para operações que possibilitaram o pagamento de propina ao ex-governador do estado.

"[Houve a prática de] simulação de patrocínio de eventos que sequer ocorreram, aquisições de livros jurídicos que posteriormente eram doados, além da contratação de vários serviços advocatícios e de assessoria jurídica sem um laço prioritário. Isso move uma quantia de quase R$ 5 milhões para o grupo do ex-governador André Puccinelli no período de 2011 a 2017", disse Barbiere.

Operação Lama Asfáltica As investigações da Operação Lama Asfáltica começaram em 2013 e identificaram a existência da organização criminosa que praticava desvios e superfaturamentos em obras, direcionamento de licitações, uso de documentos falsos, aquisição ilícita e irregular de produtos e obras, concessão de créditos tributários direcionados e pagamento de propinas a agentes públicos. Os valores repassados em propina, segundo a CGU, "eram mascarados com diversos tipos de operações simuladas, de forma a dar falsa impressão de licitude ao aumento patrimonial dos integrantes da organização ou de dar maior sustentação financeira aos projetos".