O Brasil se encontra na encruzilhada de uma inflação que já se mostra sem controle, corroendo os salários, massacrando os que ganham até três salários mínimos, com aumento semanal nos combustíveis, sistemáticos de energia, água e transporte coletivos nas cidades de médio a grande porte, com efeitos mais graves nas metrópoles.
Por Edson Rodrigues
As taxas de juros atingiram níveis maiores que os exorbitantes, cestas básicas que já custam mais que três quartos de um salário mínimo em algumas capitais, o Real se desvalorizando diariamente em relação ao dólar, mantendo os preços da carne, do frango e do peixe acessíveis apenas aos mais abastados, transformados em produtos de luxo, restando à base da pirâmide social brasileira apenas as sobras, os ossos, as carcaças – que também passaram a ser cobradas como “produtos”, num oportunismo vil de alguns comerciantes.
Enquanto isso, políticos aprovam um “auxílio combustível” de mais de três mil reais para os magistrados de Santa Catarina que ainda pleiteiam um acréscimo no auxílio alimentação no mês de dezembro, que já ficou conhecido como “auxílio peru”.
Toda essa situação só aumenta o descrédito de parte dos membros dos três poderes, que acabam chafurdando juntos na lama da corrupção e, infelizmente para a população tocantinense, em específico, parece que no Tocantins essa parte dos membros “sujos” dos Poderes, estão fazendo “doutorado”, com raríssimas exceções.
Infelizmente, no Tocantins, são raríssimas as exceções dos que passam pela vida pública e conseguem chegar ao outro lado “limpos”, sem respingos da lama da corrupção, sem suspeitas de malfeitos, seja nas Câmaras Municipais, sejam nas prefeituras, na Assembleia Legislativa, na Câmara Federal, no Senado ou no governo do Estado.
São casos que começam com suposições, se tornam assuntos do cotidiano, ganham corpo com investigações e acabam se comprovando em condenações. Uma verdadeira patifaria.
POLICIA FEDERAL, A INSTITUIÇÃO DE MAIOR CREDIBILIDADE NO BRASIL
Os homens e mulheres da Polícia Federal tem – e cumprem com louvor – a função e a missão de investigar, levantar provas e apresentar ao Judiciário – Ministério Público Federal - para a análise e comprovação de fatos ilícitos praticados, também, por agentes públicos. A partir daí vêm as denúncias embasadas no inquérito feito pela PF.
Este trâmite leva tempo, anos, às vezes e, nesse tempo, vem causando estragos às pessoas investigadas, ao ambiente político e à sociedade. Mas, infelizmente, mesmo com provas, com inquéritos perfeitos e com tudo o que a Justiça precisa para condenar e punir os culpados, todos nós, inclusive a Polícia Federal, acabamos sendo feito de “palhaços”, desconsiderados e desrespeitados.
O RETROVISOR COMO “PROVA”
O ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado por ter permitido a formação de uma verdadeira quadrilha criminosa no âmago do seu governo que perpetrou atos –comprovados pela PF –que não vamos mais perder tempo em citá-los. Lula foi condenado em primeira, segunda e terceira instâncias, tendo suas penas confirmadas – e até aumentadas, em alguns casos – pelo Pleno do Supremo Tribunal de Justiça, tendo sua prisão decretada.
No Tocantins, o ex-governador Marcelo Miranda teve seu mandato cassado – também como senador – e amargou 139 dias de prisão.
Em Goiás, o ex-governador Marconi Perillo também sofreu as mesmas punições, depois de ter seu nome estraçalhado pela mídia durante as investigações.
Mas, contudo, todavia, entretanto, porém, essa mesma Justiça que condenou os citados acima, está, de forma sistemática, simplesmente anulando suas decisões, tomadas após meses de análise dos processos e das provas.
No caso de Marcelo Miranda, quem condenou disse não ter elementos probatórios de crimes cometidos pelo ex-governador que, inclusive, nos últimos 74 dias, vem conseguindo vitória em cima de vitória em pedidos de anulações e arquivamentos de processos contra si.
Recentemente, Marconi Perillo teve seus direitos políticos restaurados pela mesma corte que o condenou.
Já o caso de Lula é emblemático: atacado pelo presidente da república Jair Bolsonaro, com declarações fortes que reverberaram em atos populares contra a Suprema Corte, o STF se agarrou na única possibilidade de evitar a reeleição de Bolsonaro, e resolveu anular as próprias condenações contra Lula, tornando o petista elegível, numa tentativa de colocar no páreo eleitoral alguém que possa enfrentar Bolsonaro.
Ou seja, tanto Marcelo Miranda quanto Perillo quanto Lula estão totalmente elegíveis para as eleições de outubro de 2022.
NOSSAS FUNDA MENTAÇÕES
Quem somos nós para julgar culpados ou inocentes Luiz Inácio Lula da Silva, Marcelo Miranda ou Marconi Perillo? E Mauri Carlesse?
O quê passa pela cabeça do povo brasileiro, do povo goiano, do povo tocantinense em relação a acreditar ou não na nossa Suprema Corte?
O que a Justiça Brasileira está fazendo ao anular condenações – de forma proposital ou não – é se revelar passível de erros e enganos. Como querer ter credibilidade junto ao povo, agindo dessa forma. Se fossem médicos e tivesse decidido por cirurgias em seus pacientes e os tivessem matado, teriam que lhes devolver a vida, agora?
Essa mesma Justiça já tomou depoimentos, revistou casas, escritório e gabinetes do ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, expondo-o à desconfiança e à incredulidade popular para, depois, apenas “esquecer o assunto”.
Depois de tanto mexer com o cotidiano tocantinense, o que podemos notar é que o povo está dividido. Por um lado está começando a gostar da forma política implantada pelo governador em exercício, Wanderlei Barbosa, que prestigia as lideranças políticas, o poder Legislativo, as instituições e os demais poderes, de forma afável e harmoniosa.
Por outro lado, há os que torcem ferozmente pela volta de Mauro Carlesse ao poder, preferindo mais sua maneira austera e “calada” de fazer política.
Mas, há outro lado que já não prefere mais nenhum dos lados apresentados, está com nojo da classe política do Tocantins, com antipatia pela maioria dos detentores de mandatos, pois o único ponto de vista que têm para observar é o do desemprego, da fome, da extrema pobreza e da necessidade constante.
Enquanto isso, a parte mais podre dos políticos tocantinenses continua se reunindo, articulando, negociando e barganhando, como se nada do que foi exposto acima estivesse acontecendo, principalmente a parte concernente às necessidades do povo, só de olho em cargos e em poder, a partir de 2022, ou na manutenção dos que já possuem.
Diante do exposto, a única coisa que o Observatório Político de O Paralelo 13 pode ressaltar é que só o eleitor tem a autoridade de mudar essa representatividade que aí está, a partir das eleições de 2022. A urna será o tribunal que julgará os ruins, os péssimos, os corruptos, os bajuladores e os que merecem uma chance de permanecer ou de entrar para a vida pública.
Cada povo tem os políticos que merece. Não é justo culpar apenas a Justiça pelos candidatos que se apresentam, pois todos são conhecidos.
No fim, não é a Justiça quem julga, de verdade. É o eleitor!