GOVERNADOR WANDERLEI NÃO PODE SER TRANSFORMADO EM REFÉM DE CORRENTES POLÍTICAS

Posted On Quarta, 30 Março 2022 07:14
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“Casa da mãe Joana”.  É assim que o Palácio Araguaia corre o risco de ser rotulado à proporção em que vai se esgotando o prazo para as filiações partidárias.  O Observatório Político de O Paralelo 13 já detectou os movimentos de pressão política que vêm assolando o governador Wanderlei Barbosa nos últimos 48 dias que antecedem o prazo para quem quer ser candidato a cargo eletivo em outubro, estar filiado a um partido político.

 

Por  Edson Rodrigues

 

Wanderlei Barbosa está cercado por duas correntes políticas distintas, dentro dos seus próprios domínios.  Essas correntes estão presentes no conglomerado político que dá sustentação ao seu governo.  De um lado, a maioria dos deputados estaduais, liderada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Toinho Andrade, que sempre esteve com Wanderlei desde o primeiro dia em que ascendeu ao cargo de governador. Do outro lado está o grupo liderado pela senadora Kátia Abreu, que se aproximou do Palácio Araguaia como seu porto seguro, depois de flertar politicamente com a candidatura de Ronaldo Dimas.

 

Esses dois grupos, apesar de estarem em uma mesma base política, não se bicam desde sempre e essa condição é pública e notória.  O problema é que a pressão de abrigar grupos antagônicos em seu ninho, recai tão somente no governador Wanderlei Barbosa, que tem que suportar os movimentos de um grupo em detrimento do outro e equilibrar a situação para não perder apoio político.

 

A questão é que, no fim, um dos dois grupos vai trair Wanderlei Barbosa e a cada dia que se aproxima do fim do prazo da legislação eleitoral para a filiação a um partido político para concorrer às eleições de dois de outubro, o dia da traição fica mais próximo, pois, ao que tudo indica, um entendimento entre os dois grupos parece estar bem mais distante que qualquer prazo eleitoral.

 

DORMINDO COM O INIMIGO

Essa proximidade dos prazos eleitorais acaba sendo um fator preocupante, pois, enquanto os dois grupos se digladiam por mostrar mais importância ao governador, acerca de seu apoio, cresce a possibilidade de um grande desentendimento no seio do Palácio Araguaia e, em havendo isso, crescem as chances das outras candidaturas de crescer, justamente, em cima das falhas da grande coalizão política do Palácio Araguaia.

 

Paulo Mourão, do PT, é um candidato sábio, político experiente e muito bem preparado para fazer uma oposição consciente à candidatura de Wanderlei, com o perigo de ter o PT apoiando a candidatura á reeleição de Kátia Abreu, “aninhada no colo” de Wanderlei e do fato de o PT ainda não ter “entrado em campo” para dar competitividade à candidatura de Mourão, aguardando, ainda os últimos acertos entre Lula e Alckmin.

 

Já Ronaldo Dimas, que, por enquanto, vem na garupa de Eduardo Gomes, está conseguindo agrupar bons nomes em torno da sua pretensão política e tem ao seu lado o segundo maior colégio eleitoral do Tocantins, que é Araguaína, e vem disposto a vencer a qualquer custo, pois é o primeiro a colocar seu nome na disputa pelo palácio Araguaia, desde que deixou a prefeitura, há dois anos.

 

ENTENDIMENTO OU NADA

Empresário Edson Tabocão senador Irajá Abreu e senadora Kátia Abreu com o governador Wanderlei Barbosa

 

Diante desses fatos, é premente que o Palácio Araguaia promova um entendimento entre os dois grupos políticos que habitam suas entranhas, primeiro para livrar o próprio Wanderlei Barbosa dessa “saia justa” que o impede de assumir todos os posicionamentos que deseja.  Segundo, para eliminar qualquer possibilidade de “fogo amigo” quando a campanha estiver em andamento.

 

O grupo liderado pelo clã dos Abreu ainda tem uma alternativa que não seja ter que se aproximar do outro, com, por exemplo, Kátia Abreu disputando uma vaga de deputada federal, indicando o candidato a vice-governador, no caso seu aliado de primeira hora, o empresário Edson Tabocão.  Essa alternativa seria ter o senador Irajá Abreu candidato ao governo, com Kátia indo com tudo para sua reeleição ao Senado.

 

Caso a decisão seja esta última, todos serão derrotados pelo senador Eduardo Gomes e seu candidato ao governo, Ronaldo Dimas, o que deixaria Kátia sem mandato e seu filho, Irajá, com o futuro político incerto em 2026.

 

Na verdade, o governador Wanderlei Barbosa precisa é ter pulso firme e, após o dia dois de abril, eliminar esse clima de casa da mãe Joana no Palácio Araguaia, colocando ordem na casa, ou correrá o sério risco de ser derrotado na melhor oportunidade que a vida política lhe proporcionou.

 

WANDERLEI ESTÁ FAZENDO SUA PARTE

 

Os membros dos dois grupos políticos que se digladiam aos pés do Palácio Araguaia têm que ter em mente que, mesmo com pouco mais de seis meses à frente do governo do Estado, Wanderlei Barbosa já fez o suficiente para cativar os servidores públicos estaduais, abriu as portas do Executivo Estadual para os deputados estaduais, para as lideranças políticas, para os prefeitos e para o povo, realizou parcerias com os municípios, agradando até os vereadores, e vem tocando as obras mais importantes  e se prepara para realizar a recuperação asfáltica das rodovias, vem mantendo o equilíbrio econômico e fiscal, com o Tocantins enquadrado à Lei de Responsabilidade Fiscal. 

 

Ou seja, Wanderlei vem fazendo a sua parte. Para tudo dar certo, é preciso que os dois grupos políticos em questão também façam as suas partes...