Governadores criticam "arrogância" de Doria em reunião da vacina contra Covid-19

Posted On Quarta, 09 Dezembro 2020 06:45
Avalie este item
(0 votos)

Demais estados se incomodaram com a definição da data de 25 de janeiro que o tucano definiu para início das aplicações das doses

 

Com Agências

 

Governadores dos demais estados criticam a "arrogância" de João Doria (PSDB), governador de São Paulo , durante reunião nesta terça-feira (8) com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello , para discutir o calendário de vacinação contra a Covid-19 , doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). As informações são da coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo .

 

O descontentamento dos presentes foi com a imposição que o tucano fez para que todos ouvissem a sua fala primeiro. A definição da data de 25 de janeiro para o início da imunização, anunciada em entrevista coletiva nesta segunda-feira (7) no Palácio dos Bandeirantes, também desagradou os governadores.

 

As demonstrações de insatisfação vieram do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), Camilo Santana (PT), do Ceará, Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, e de Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul.

 

"O Ministério da Saúde não pode abrir espaço para nenhum estado querer se arvorar na frente de outro", disse Caiado, se queixando de que a definição passa a ideia de que os governadores de outros estados não seriam capazes imunizar suas populações.

 

"Não posso admitir que um prefeito do meu estado tenha sido convidado para se cadastrar no governo de São Paulo para receber a vacina. Como pode São Paulo dizer que em 25 de janeiro inicia a vacinação e que quem for para São Paulo vai ser vacinado? Isso é um constrangimento para nós, governadores. Nós por acaso somos incompetentes? Essa situação é prerrogativa do Ministério da Saúde", completou o líder de Goiás.

 

Ainda de acordo com Caiado, Rio de Janeiro e São Paulo não podem correr na frente dos demais porque têm laboratórios em seus territórios.

 

"Eu não posso admitir que amanhã o governador do Rio diga que vai segurar a vacina da Fiocruz para os cariocas", afirmou.

 

Caiado, assim como governadores de estados menores, quer que o ministério se comprometa em adquirir a primeira vacina que tenha a eficácia comprovada e centralize a distribuição, para evitar que haja desigualdade no acesso ao imunizante.

 

"A decisão é essa, a primeira [vacina] registrada, o ministério vai comprar e vai nos repassar. Nenhum estado tem prerrogativa de adquirir vacina para poder imunizar os seus habitantes. Isso é prerrogativa nacional, e o ministério vai adquirir e vai distribuir conforme os grupos de risco. É esse o critério ou cada um vai para lá e para cá? Você vai no Piauí comprar? Vai no Pará comprar? Isso não pode, isso não existe", disse Caiado.

 

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), cobrou um calendário único de vacinação. "Se o Estado (de São Paulo) começar a isoladamente a fazer vacinação, o Brasil inteiro vai correr para lá. Vai ter uma situação gravíssima. Ou seja, tem que pensar em um plano nacional. Claro, que o Estado pode se organizar como quiser, por isso que estou defendendo. O Butantã é de São Paulo, mas o Butantã é do Brasil. Há a necessidade de que a gente garanta as condições de ter um calendário de vacinação único no Brasil, garantindo as condições de vacinar e dentro de uma ordem", disse Dias.

 

Para o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), ainda é prematuro para se estabelecer a data de vacinação com um imunizante que precisa ter seu registro aprovado pela Anvisa. Ele relatou ter havido o alinhamento no encontro de que a Pasta do governo federal deve liderar o processo de compra de vacinas para promover o Plano Nacional de Imunização. Ele também disse que Pazuello deve apresentar na quarta-feira, 9, um plano nacional de logística para a vacinação.

 

O ministro Pazuello também pediu "união" para vacinar a população. “O PNI (Plano Nacional de Imunização) é nacional. Não pode ser paralelo. A gente tem que falar a mesma linguagem. Nós só temos um inimigo: o vírus. Temos que nos unir”, disse.

 

O encontro também ficou marcado por uma discussão entre Pazuello e Doria por causa da Coronavac.