Políticos já sabem que as redes sociais podem ser determinantes em suas pretensões, mas esquecem de manter o autocontrole
Por Correspondente Nacional
O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) investe boa parte do seu tempo em se meter em polêmicas na internet. Em setembro, conseguiu o que queria: saltou do 6º para o 2ª lugar do ranking dos congressistas mais influentes da rede.
Por ora, a liderança se mantém com Jair Bolsonaro e sua imbatível personalidade histriônica.O levantamento mensal foi feito pela FSB Comunicação.
Como a internet influencia o eleitor no Brasil
A imprensa e uma rede sites de webcidadania fazem da internet a segunda fonte mais importante de informações para decisão de voto no Brasil
O Ibope publicou um estudo que mostra que a internet tem se tornado cada vez mais importante para o eleitorado brasileiro. Com dados coletados nos dois últimos processos eleitorais, 2008 e 2010, ele indica que a web se tornou a segunda fonte mais popular de informações sobre os candidatos, atrás apenas da televisão.
A plataforma saltou de apenas 2% em 2008 para 12% em 2014 na escolha do brasileiro como “fonte preferencial para decisão do voto”. Embora ainda esteja bem atrás da televisão (72%), ultrapassou meios tradicionais como rádio (4%), jornal (3%) e até “conversas com parentes, amigos e colegas”, que caiu de 30% em 2008 para apenas 2% em 2010.
PARA O BEM OU PARA O MAL
Se a internet cresceu tanto, parte da responsabilidade é do movimento da webcidadania, termo usado em referência ao conjunto de sites independentes que usam a tecnologia para facilitar o engajamento político da população. Desse grupo, boa parte se dedica às eleições e, entre outros recursos, armazena informações sobre projetos que tramitam no Congresso, fiscaliza a atuação de políticos já eleitos e expõe propostas de candidatos. E importante: oferece isso através de uma interface pensada para facilitar o acesso aos dados.
A ONG Transparência Brasil é uma das mais antigas e, provavelmente, a mais famosa. Fundada em 2000 com o objetivo de combater a corrupção no país, mantém um site com um banco de dados de informações sobre os parlamentares, expõe ligações com acusações de corrupção, investiga a atuação dos políticos.
Uma das iniciativas da TB foi projeto Excelências, que reuniu informações sobre todos os parlamentares em atividade na época. Através dele foi possível descobrir, por exemplo, que, no Ceará, um cidadão cujos rendimentos correspondam exatamente ao PIB per capita do estado, ou seja, à média da população, teria que trabalhar 1770 anos para atingir o patrimônio médio de um senador também do Ceará. Ou que, nas mesmas condições, um paranaense teria que trabalhar 669 anos para ter o patrimônio médio de um deputado.
O projeto teve mais de 7 milhões de acessos no ano e foi mantido até hoje. Nas eleições de 2010 foi possível, por isso, comparar as bases de dados atuais e de 2006 e verificar, por exemplo, quanto cresceu o patrimônio de um parlamentar que tenta a reeleição enquanto ele esteve no poder.
Existem diversos outros sites voltados à eleição que integram o movimento descentralizado que é a webcidania. O site Repolitica, por exemplo, promete ajudar o usuário a encontrar o candidato certo apenas respondendo a um questionário com 8 perguntas vagas sobre posicionamento político. Computadas as respostas, o site julga quais candidatos estão mais alinhados com o pensamento do usuário e os exibe na tela.
Projetos de lei
Já pensando em aproximar o eleitor do que é discutido no Congresso, foi criado o site Vote na Web. Nele, pode-se ver os projetos de lei que serão votados, quem é seu autor e, resumidamente e em linguagem simples, o que propõe (o texto integral da lei também fica disponível). Os internautas podem votar se aprovam ou não a lei e comparar os votos da população com os dos políticos. Em outras palavras, pode ver se seus representantes estão alinhados com suas idéias ou não.
O Vote na Web é um dos projetos do Web Citizen, criado pelo ex-publicitário Fernando Barreto. O Web Citizen também tem outro projeto, mais recente, que tenta lidar com um problema clássico do eleitor brasileiro – não lembrar em quem votou. No site Eu Lembro, o internauta se cadastra e registra em quem votou nas últimas eleições. Pode também optar por “seguir” um ou mais candidatos e acompanhar o que é dito sobre ele(s) nas redes sociais. Em qualquer momento, o cadastrado pode consultar o site e ver em quem votou. Na última eleição, apenas candidatos a presidente e senador estavam disponíveis.
O PIOR LADO
Mas, ainda existe um lado pior, que é quando o próprio político cria fatos que repercutem contra si mesmo nas redes sociais e “viralizam”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann foi às redes sociais para criticar o programa do governo federal que visa a reduzir o número de beneficiários do Bolsa Família.
No Twitter, a presidente do PT mandou: “Os golpistas agora querem fazer PDV do Bolsa Família”.
Ela deve ter se arrependido. A maioria esmagadora dos seguidores desancou a excelência.
Gleisi leu coisas como “quando a senhora vai se inscrever no bolsa aposentado?”; “Bolsa Família é programa de apoio, não deve ser usado como assistencialismo ‘ad eternum’; e “A eficácia do programa não seria a redução do número de pessoas que dependem dele?”.
Pegou mal…