Diz o sábio ditado que "quem não tem passado, não tem historia". Pois bem. Porto Nacional, celebrada pelos tocantinenses por ser o “berço cultural” do Estado, tinha uma história interessante, rica, que começou com o Porto Imperial, com seu entreposto de mercadorias que contribuiu em muito para o crescimento do Norte do País. Desses tempos passados até um momento mias recente, foi crescendo e ganhando ainda mais destaque como “base” para o surgimento do que, hoje, é o Estado do Tocantins.
Por Edson Rodrigues
De convento, aeroporto, escolas, faculdades e tradições, foi de Porto Nacional que saiu boa parte dos tocantinenses que ganharam o Brasil e o mundo, utilizando como passaporte o que aprenderam por aqui, por conta, justamente, da nossa história.
Mas, o tempo vai passando e os valores – e interesses – vão se perdendo e a história vai sendo deixada de lado, como se fosse um objeto em desuso. O grande problema é que inserida nessa história, está a tradição de união e mobilização do povo portuense em torno das causas que beneficiam a cidade.
Mesmo assim, o que vemos, hoje, é uma Porto Nacional sem brio, sem representantes, sem agitadores culturais... traduzindo, sem elos com sua história tão grandiosa.
Grupo de enfermeiros da Escola de Enfermagem de Porto Nacional
Até nossas riquezas naturais conseguiram levar. Nossas belas praias que atraiam milhares de turistas do Tocantins, de Goiás, de Brasília e de outros rincões do Brasil, que faziam aquecer nossa economia nos meses de verão, enchiam nossos hotéis, bares, restaurantes, pensões, garantiam o sustentos dos barqueiros, foram engolidas pelo Lago da Usina e nada nos deram em troca.
Levaram nosso aeroporto, nossa Escola de Enfermagem, nosso Coreto da Praça Nossa senhora das Mercês, onde Mestre Adelino nos encantava com sua banda nas datas festivas, levaram nosso hospital Dr. Francisco Ayres, construído pelo presidente Costa e Silva, nossa delegacia da Receita Federal, as sedes do IBGE, da SUCAM, o melhor colégio da região, o Sagrado Coração de Jesus, que tantos portuenses ilustres formou e hoje funciona a duras penas, e ninguém, nenhum dos nossos “líderes”, falou nada.
Nossos pescadores, nossos ribeirinhos que viviam da pesca abundante, hoje penam para sobreviver sem ter o que pescar, assim como os moradores da região do Pirraça, que viviam da pujança da nossa natureza, que nos dava pequi, cajá, murici, buriti, puçá, hoje moram em uma vila infértil, procurando o que fazer para se sustentar e, como nos demais casos, ninguém falou nada...
Pois bem!
A nossa ponte, que vive nesse “empurra, empurra” há mais de 11 anos é mais uma dessas riquezas que vão acabar nos levando de graça, se ninguém fizer nada.
Colégio Estadual Florêncio Aires da Silva (arquivo P13)
Quem vem agindo para tentar sensibilizar as autoridades é a nossa Defensoria Pública, que reuniu as comunidades de Pinheirópolis, Escola Brasil e demais populações impactadas na busca de resguardar seus direitos, com o auxílio do Ministério Público e a Acia, longe dos holofotes, mas de maneira brilhante.
OAB TOMA PARTIDO
A entrada da OAB de Porto Nacional também é de grande valia, por se tratar de uma das entidades mais respeitadas em todo o Brasil e que atua como mediadora de conflitos, é apartidária e tem moral e credibilidade suficientes para servir de elo entre a comunidade portuense e o governo do Estado.
Enquanto isso, vemos nossa Câmara Municipal preocupada com seus problemas policiais internos e a população, principalmente os mais jovens, fazendo o papel que seria dos nossos “valorosos edis”, clamando por soluções na s redes sociais, sem nenhuma reverberação entre os seus “representantes”, mas com força para chamara a atenção da imprensa, transformando o “caso da Ponte” em assunto da semana, o que redundou na vinda do governador Mauro Carlesse in loco, para tomar uma decisão que dividiu as opiniões, mas que precisava ser tomada.
DETERMINAÇÃO
Pelo menos, Mauro Carlesse mostrou estar determinado em resolver, de vez, a questão, que sabemos ser da máxima urgência. Mas, sabemos, também, que a questão das balsas para restituir o trânsito dos moradores da região, também precisa ser urgente. Nosso empresários e comerciantes já estão sentindo os reflexos dessa interdição total da Ponte, e aguardam ansiosos pelo laudo que está sendo elaborado, que pode voltar a liberar, parcialmente, o tráfego.
Em nossa opinião, o que faltou aos nossos políticos atuais foram líderes como o saudoso Dr. Euvaldo Thomaz que, quando perguntado pelo então governador Irapuan Costa Jr, do quê Porto Nacional precisava, respondeu: “construa a ponte sobre o Rio Tocantins!”
Em pouco tempo Irapuan voltou e iniciou a construção.
É essa a diferença entre os verdadeiros políticos e os que apenas “estão políticos”!
O que é preciso é que cada um de nós, portuenses, mesmo que não congreguemos da mesma religião ou ideologia política, mostremos que queremos de volta a nossa Porto Nacional pujante e progressista, com uma economia aquecida e capaz de prover as necessidades de nossos conterrâneos.
Nossa cidade já perdeu muito, já foi dilapidada e está precisando é de união, não de disputas mesquinhas que inviabilizam o seu crescimento.
REPRESENTATIVIDADE
Uma cidade que já teve quatro representantes, ao mesmo tempo, no governo estadual, como secretário de Agricultura, de Saúde, da Educação, em secretarias extraordinárias, subsecretarias, superintendência de Turismo e diretorias no primeiro escalão, que brigavam por seus interesses e pensavam no bem comum, não pode ficar à mercê de políticos alheios às nossas tradições. Se hoje não temos nenhum representante da cidade no primeiro escalão do governo, é porque faltou união entre os nossos políticos e sobrou cegueira política.
Autoridades durante a criação do colégio Florêncio Aires
Porto nacional é, hoje, o município tocantinense mais prejudicado pela falta de união de seus políticos e líderes classistas e isso é uma questão que só seus eleitores podem resolver no próximo pleito.
Enquanto essa chance de mudar quem não faz nada pela cidade não chega, proponho que nos unamos a quem quer fazer, representar e brigar pelos direitos da nossa Porto Nacional e ajudar o governo do Estado a resolver a questão da Ponte sobre o Rio Tocantins, pressionando quando for preciso, mas auxiliando com sugestões e ideias.
Do jeito que está, não pode ficar. Mas, não podemos, também, deixar que piore!