Turbinado pelo resultado eleitoral, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), virou futuro ministro de quase tudo no segundo governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A cada dia nos jornais, é “nomeado” para comandar uma pasta diferente. Da Casa Civil à Petrobras, passando pela Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior (Mdic). “Até para presidente do Bahia”, brincou. Dilma ainda não disse uma palavra sobre a escalação do novo time, mas até As Iaras, escultura em bronze que repousa no espelho d’água do Palácio da Alvorada, sabe que o Galego, como é chamado por Lula, terá lugar de destaque. O fato é que o mapa vermelho do quinto maior colégio eleitoral do país, pintado por 70% dos votos no segundo turno para Dilma, o colocou na crista da onda. E, sem oferecer nenhuma pista, segue firme como um dos conselheiros presidenciais para a montagem do novo governo.
Na boca de amigos e aliados, Jaquito, como é chamado por Dilma, é um político extremamente generoso e habilidoso. Seu principal trunfo é o poder de negociação e a capacidade para desarmar bombas potentes. “É acima da média, um político sedutor. Diga se ele não tem cara de presidente?”, brinca um secretário do governo da Bahia ao lembrar a barba branca do petista. Para os adversários, a tranquilidade sempre aparente beira a omissão, principalmente em assuntos sensíveis de sua gestão, a exemplo da segurança pública. Alguns dizem que, em determinadas ocasiões, vira um autista político. Até um petista baiano, que preferiu não se identificar, reconheceu que ele poderia ter feito mais. “Ele sabe que o calo da Bahia se chama segurança. Falhou neste quesito. Tranquilidade é muito bom, mas quando é exagerada passa a impressão de despreocupação. Isso é muito ruim”, diz.
Pessoas muito próximas ao governador atestam que ele “adoraria ir para o Mdic por ter atraído, ao longo dos oito anos de sua gestão, investimento privado de R$ 19,8 bilhões para o Estado. Nesse caso, precisaria ter, antes de tudo, a garantia da presidente de que a pasta retomaria o protagonismo que teve na época do ministro Luiz Fernando Furlan, na gestão Lula, quando lançou uma política industrial agressiva e “vendeu” o país no exterior. “Não faz sentido ele voltar para o mesmo lugar que estava em 2005 após ser eleito, reeleito, fazer o sucessor na Bahia e ainda garantir uma votação de 61% no primeiro turno e 70% no segundo para a presidente Dilma no estado. Que prêmio é esse?”, diz um integrante do governo ao se referir à especulação de que ele pode comandar a SRI novamente.
Opularidade
Há dois anos, uma greve da Polícia Militar e outra de professores minaram a aprovação de sua gestão. A Bahia virou notícia nacional da pior maneira possível. Após derrotar o Carlismo em 2006, ao bater o candidato Paulo Souto (PFL) numa virada espetacular, sofreu um revés nas eleições municipais de 2011. O democrata ACM Neto, que desde o primeiro turno protagonizou uma acirrada disputa com o petista Nelson Pelegrino, foi eleito prefeito da capital baiana com 53,51% dos votos válidos, ante 46,49% de Pelegrino. “É preciso analisar as circunstâncias. Ele não era o candidato e, naquele momento, sofria um desgaste grande na imprensa em razão das greves”, analisa o deputado Afonso Florence (PT-BA), ex-ministro de Desenvolvimento Agrário de Dilma Rousseff.
Fonte: Diário de Pernambuco