Por Edson Rodrigues
Referência em termos de eficiência no trabalho e por não largar uma boa briga, a senadora Kátia Abreu surpreendeu o Tocantins e o Brasil ao galgar cargos como a presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA – e Ministra da Agricultura do governo Dilma Rousseff, sua amiga pessoal, mas, principalmente, por infligir a pior derrota que o governo Lula sofreu em seus oito anos de mandato, ao liderar o Congresso Nacional contra uma tentativa do governo petista de então, de ressuscitar a CPMF.
Kátia foi contra a volta do imposto desde que a idéia começou a ganhar corpo, mobilizou seus aliados, conseguiu apoios dentro da militância petista, foi engrossando o caldo, buscou a mídia e, enfim, se fez ser ouvida e só parou quando viu seu ponto de vista triunfar frente à máquina administrativa nacional, que via no imposto uma ”tábua de salvação” para enfrentar as “marolas” da crise econômica mundial, e deixou de arrecadar bilhões de reais por causa de Kátia e sua obstinação.
Lula, presidente à época, colocou Kátia na “alça de mira” petista, referindo-se à senadora tocantinense como “inimiga número um do PT”, e quase infartou quando, presidente apenas do PT, viu sua sucessora, Dilma Rousseff, nomear Kátia Abreu ministra da Agricultura.
Lula jamais esqueceu – até hoje – o vexame que Kátia o fez passar nas mídias nacional e internacional por causa da derrota no Congresso.
Trocando em miúdos, qualquer hipótese ou possibilidade de aproximação entre Kátia Abreu e o PT de Lula – de novo, solto, lépido e fagueiro, no comando do PT – torna-se uma incoerência das mais monstruosas que se tem notícia na história política brasileira.
SUICÍDIO
Mas, como na política nada é exato como na matemática, a hipótese de termos Kátia Abreu e Lula num mesmo palanque, começou a ser aventada quando o PDT da senadora começou a namorar o PT de Lula, assim que o ex-presidente – condenado em primeira e em segunda instâncias pela Justiça – saiu da cadeia após decisão polêmica e impopular do STF, comandado pelo inçado por Lula e ex-advogado do PT, ministro Dias Toffoli.
Se o partido de Kátia Abreu resolver “pegar carona” na “nova onda do Lula” – e se Kátia resolver permanecer nele, ainda assim – pode significar que ou a senadora deixa rapidamente o partido ou, se ficar, perde rapidamente seu patrimônio político, amealhado anos a fio, correndo o risco de cometer o maior – e pior – suicídio político do Tocantins. Afinal, Kátia estaria jogando por terra todo o destaque internacional que teve ao enfrentar Lula, tanto em jornais como o britânico The Economist, quanto em matérias positivas publicadas por Veja, Época e outros veículos de renome e todo o capital político e sua independência ideológica que a fizeram tão admirada política e pessoalmente.
Kátia Abreu sempre foi uma política com de ideias de “centro”, tendo sido, inclusive, presidente da UDR – União Democrática Ruralista – no Tocantins.
MUITA CALMA NESSA HORA
Logo, Kátia Abreu precisa decidir com calma e cautela seu futuro político, pois dessa decisão dependem a construção de candidaturas em 2020 que resultarão em “moeda de troca” nas eleições majoritárias de 2022, quando se saberá quem é quem no embate de forças que se avizinha no Tocantins.
Dessa forma, Kátia Abreu, hoje, encontra-se “entre o céu e o Inferno, com o purgatório bem no meio”, como diria o matuto. Nada impede que seu partido faça uma “dobradinha” com o PT nas eleições de 2022, mas, se fizer, agora, para as eleições do ano que vem, corre o risco de ganhar a pecha de “oportunista”, virar “caixão e vela preta”, pulando o purgatório e indo direto pro inferno, e acabar perdendo mais que ganhando.
LULA BATE NO PEITO
O ex-presidente e ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva, mal saiu da cadeia pelas mãos do seu pupilo, Dias Toffoli e, antes mesmo de visitar o túmulo de Dona Mariza, saiu, mãos dadas com sua nova paixão, em busca de palanques para destilar todo o ódio da Operação Lava Jato e do presidente Jair Bolsonaro.
Lula já afirmou que quer eleger o maior número de prefeitos possível, que "O PT não nasceu para ser um partido de apoio” e que espera voltar ao Palácio do Planalto, “nem que seja para levar Fernando Haddad ou Rui Falcão” ou o outro “poste” que escolher e que o único partido com quem aceitaria se coligar seria o PC do B.
Como afirma o jornalista Josias de Souza em sua coluna no site Uol: “tomado pelas palavras, Lula parece ter decidido repetir o modelo de oposição agressiva que adotava no passado. Com uma diferença: depois de passar 13 anos no poder federal e 580 dias na cadeia, Lula e o PT já não se encaixam no papel de virgens no bordel”.
Paramos por aqui!