Lula está ‘superestável’ e deve ter alta na segunda ou terça, diz equipe médica

Posted On Quinta, 12 Dezembro 2024 11:32
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Equipe diz que foi um 'sucesso' procedimento realizado em Lula nesta quinta-feira (12) Equipe diz que foi um 'sucesso' procedimento realizado em Lula nesta quinta-feira (12)

Presidente está internado em um hospital particular em São Paulo; mais cedo, passou por procedimento e já está no quarto de UTI

 

 

Por Plínio Aguiar

 

 

A equipe médica de Luiz Inácio Lula da Silva informou, durante coletiva de imprensa realizada em São Paulo na manhã desta quinta-feira (12), que o procedimento cirúrgico do presidente foi feito com sucesso. O petista está no quarto de UTI, “comendo e superestável”. Os profissionais falam, inclusive, em possível alta na próxima segunda-feira ou terça-feira.

“O presidente foi submetido a drenagem, a evolução foi muito boa, e nos dois dias subsequentes da cirurgia foi discutido esse procedimento complementar. O procedimento foi feito hoje às 7h, com sucesso, é um complemento. O presidente está acordado, na UTI, já está comendo, está superestável. Não atrasou nem um pouco a programação dos próximos dias que, dependendo da evolução do presidente, ele deverá ter alta no começo da semana”, afirmou Roberto Kalil Filho.

 

Mais cedo, Lula foi submetido a um novo procedimento cirúrgico, pouco invasivo, a fim de evitar novos sangramentos na cabeça. De acordo com a equipe médica, a cirurgia começou por volta de 7h10, durou cerca de uma hora, e o presidente já está acordado e conversando no leito de UTI. Não há, ainda, data de alta médica, mas a expectativa é de retorno a Brasília no início da próxima semana.

 

Kalil ressaltou que, após a alta hospitalar, o presidente poderá ir para Brasília. “Acho que segunda, terça. Um dia a mais ou um dia a menos vai depender da evolução, que está sendo muito boa. Obviamente, do Palácio, ele pode retomar a agenda de despacho. Não vemos problema algum. Então espera-se que na próxima semana o presidente esteja no Alvorada. Claro, após o que aconteceu, vai se requer um repouso relativo por algumas semanas talvez. Mas é tudo relativo. Ele estará de alta na segunda ou terça-feira. Vai direto para Brasília e, evidentemente, vai retomando aos poucos a atividade normal”, disse.

“Hoje ele vai continuar monitorado, que é uma monitorização de UTI. O dreno será retirado muito provavelmente agora no fim da tarde. E, a partir de amanhã, vai passar a não ter mais os cuidados de monitoramento de 24 horas. Então, praticamente de alta da UTI”, acrescentou Kalil. De acordo com Rogério Tuma, médico do hospital, o presidente teve hematoma bilateral e extracraniano. Não no cérebro, é entre o cérebro e o crânio, na meninge. Teve os dois, e um tinha sido absorvido e se refez. Por isso, precisou ser drenado.

 

Guilherme Caldas, médico responsável pelo procedimento realizado nesta quinta, explicou o episódio: “O que importa é acabar com o sangue que chega perto do hematoma. Esse conceito foi passado para vocês. O que a gente injeta é como se fosse uma gelatina, que são partículas, na verdade, que entopem esse vaso”, relatou. Além disso, a equipe médica constatou que Lula teve um quadro gripal antes de ser internado. O vírus causador, porém, não foi identificado até então.

A médica da Presidência da República, Ana Helena Germoglio, informou que, por enquanto, não se sabe dos próximos exames. “Os exames vão depender, claro, da evolução dos próximos dias. Mas, por enquanto, não estamos pensando muito nos exames e, sim, na alta.”

 

Entenda o quadro de Lula

O petista sentiu dor de cabeça e indisposição durante a agenda da última segunda-feira (9). Na sequência, deu entrada em um hospital privado em Brasília e foi transferido para a unidade de São Paulo. Na capital paulista, passou por uma cirurgia de emergência para drenagem de um hematoma. O procedimento ocorreu sem intercorrências e Lula está bem e sob monitoramento em leito de UTI. O primeiro boletim após essa cirurgia afirmou que Lula estava “lúcido, orientado e conversando”.

De acordo com os médicos, a hemorragia de Lula decorre da queda sofrida no banheiro, no Palácio da Alvorada, em 19 de outubro. Na ocasião, o acidente doméstico resultou em um ferimento na parte de trás da cabeça, que exigiu cinco pontos de sutura. Após o episódio, diversas viagens internacionais foram canceladas por recomendação médica. O presidente tem 79 anos.

 

Um dos pontos destacados pelos profissionais é de que as funções neurológicas do presidente estão preservadas. A hemorragia intracraniana é uma condição séria e ocorre quando há sangramento dentro do cérebro ou entre membranas protetoras — este último foi o caso de Lula, segundo a equipe médica. O presidente foi submetido a uma trepanação para drenagem do hematoma. A hemorragia intracraniana pode ser causada por fatores como traumas, hipertensão, aneurismas rompidos ou outras condições médicas.

 

“Esse tipo de complicação pode acontecer, principalmente em pessoas de maior idade. E o que acontece é que a pessoa tem a queda, às vezes nem lembra e o hematoma pode aparecer meses depois. Como o presidente foi acompanhado, fez exames de rotina e conseguimos ver a evolução toda do hematoma, sendo diminuído e, com a queixa da dor de cabeça, fizemos exame e comparamos com o exame anterior, e aumentou... A gente fez o procedimento para que esse hematoma não comprima o cérebro, então fica sem sequela. O cérebro está livre de qualquer compressão ou lesão. O hematoma foi drenado totalmente”, informou o médico Rogério Tuma.

 

Depois, o presidente precisou passar por um novo procedimento, realizado na manhã desta quinta-feira (12). Trata-se de uma embolização de artéria meníngea média. Os especialistas destacam que o hematoma, identificado no começa na semana e tratado por uma cirurgia tem um risco de se refazer de forma espontânea. Dessa forma, o que foi feito é uma espécie de bloqueio do fluxo sanguíneo de subdivisões da artéria para impedir novos sangramentos.

 

Alckmin assume Presidência da República?

Lula segue em repouso. Apesar da condição, não há orientação médica para afastamento das funções presidenciais. Com isso, o vice-presidente Geraldo Alckmin não deve assumir o Palácio do Planalto. A legislação do país não prevê o afastamento do presidente em virtude de uma emergência médica ou motivos de saúde a curto prazo. A Constituição só afirma que em casos de “impedimento” do presidente, o vice assumirá a função.

 

No entanto, Alckmin já chefiou agendas que seriam inicialmente de Lula, como a reunião com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico. Na quarta-feira (11), o vice-presidente participou da posse do novo presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Vital do Rêgo. Já nesta quinta-feira (12), comandou uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, chamado de Conselhão. O vice tem 72 anos.