Pasta disse que aguardar a chegada do imunizante em todos os municípios do Brasil pode atrar o cronograma
Por Marco Antônio Carvalho
O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira, 13, que prevê o início simultâneo da vacinação contra a covid-19 em todas as capitais de “3 a 5 dias” após o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A pasta disse que o tempo é necessário para que as doses sejam divididas em lotes e enviadas para as maiores cidades de cada Estado, de forma que “ninguém fique para trás”.
As informações foram divulgadas em entrevista coletiva concedida à imprensa. O início simultâneo em todas as capitais, previsto pelo ministério, contrasta com a intenção do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que disse querer começar aplicar as doses imediatamente após a aprovação, o que pode ocorrer no próximo domingo, 17.
“Por que queremos começar com todos ao mesmo tempo? Temos um mote de que ninguém ficará para trás. No SUS, há o princípio da equidade e o da universalidade, de atender a todos”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco. “O Butantã e a Fiocruz são motivos de orgulho, mas não podemos tratar brasileiros de formas diferentes. Ninguém estará seguro até que todos estejam seguros”, completou.
Questionado sobre a possibilidade de São Paulo e Rio de Janeiro terem de esperar para começar a vacinação, já que poderão estar com as vacinas em seu território, Franco disse que os Estados não estão “perdendo (tempo)”, “o Brasil é que está ganhando”. Atualmente, seis milhões de doses estão sob guarda do Instituto Butantã, que por determinação da Anvisa não pode antecipar a distribuição "por uma questão legal", informou o ministério.
A intenção de aguardar a chegada da vacina a todos os Estados não representa que as doses estarão em todos os municípios, explicou o ministério. Franco justificou o plano para as capitais em razão das dificuldades de transporte e logística que levar a vacina a todos os 5.570 municípios poderia ter. Mas esclareceu que a capilaridade vai aumentar exponencialmente ao longo dos dias. “A simples aprovação da Anvisa não nos permitiria, num estalar de dedos, fazer a vacina chegar a todos os postos de vacinação”, disse o secretário.
O Estadão mostrou que o Ministério planeja marcar o começo da vacinação no País em um evento no Palácio do Planalto, apesar de o próprio presidente Jair Bolsonaro afirmar que não pretende ser imunizado. A ideia é realizar a primeira imunização no País na próxima terça-feira, 19, data em que governadores devem estar em Brasília para participar de reunião com o ministro Eduardo Pazuello.