Walter Braga Netto assina uma nota divulgada na manhã desta quinta na qual nega ter ameaçado Arthur Lira e diz que a discussão sobre o voto impresso é legítima. Jornal que divulgou a informação da ameaça mantém sua versão
Por Pedro Jordão
Após o jornal O Estado de S. Paulo divulgar na manhã desta quinta-feira, 22, que o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, teria ameaçado o presidente da Câmara de Deputados e líder do Centrão na casa, Arthur Lira (PP-AL), sobre a realização das eleições de 2022 , a pasta se pronunciou oficialmente sobre o caso. O documento, assinado por Braga Netto, nega que ele teria ameaçado Lira e defende o debate pelo voto impresso.
"Em relação a matéria publicada em veículo de imprensa, no dia de hoje, que atribui a mim mensagens, tentando criar uma narrativa sobre ameaças feitas por interlocutores a Presidente de outro Poder, o ministro da Defesa informa que não se comunica com os presidentes dos Poderes por meio de interlocutores", diz a nota. "O ministro da Defesa reitera que as Forças Armadas atuam e sempre atuarão dentro dos limites previstos na Constituição".
Em sua reportagem, o Estadão informou que, em contato com interlocutores do legislativo e do judiciário que não quiseram se identificar, por causa da gravidade do tema, Braga Netto teria dito a Lira que, se o voto impresso não fosse aprovado na Câmara não haveria eleições presidenciais em 2022. Segundo o jornal, o general teria tido o apoio de líderes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Mesmo após a nota do Ministério da Defesa, o Estadão mantém a versão de que o general teria advertido o presidente da Câmara sobre o assunto e que Lira, por sua vez, teria entendido a mensagem como um aviso de golpe. O presidente da Câmara teria chegado, inclusive, a conversar com Bolsonaro sobre a assunto, quando teria dito que defenderia o governo dele até o fim, mas que não iria tolerar um golpe.
Lira negou que o caso tenha ocorrido, chegando a chamar a notícia de "invenção" . O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso, também falou sobre o caso, negando a ameaça.
O voto impresso é, atualmente, a principal bandeira do Governo Bolsonaro na Câmara de Deputados e vem enfrentando chances de ser barrada na comissão especial na qual tramita, antes mesmo de ir para votação no plenário da casa.
Sobre assunto, a nota do ministério da Defesa diz acreditar que "todo cidadão deseja a maior transparência e legitimiade no processo de escolha de seus representantes no Executivo e no Legislativo em todas as instâncias. A discussão sobre o voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso é legítima", defendeu Braga Netto.