Suspeita de que o ministro Gustavo Bebianno autorizou repasses gera crise no governo. Bolsonaro afirma que pediu investigações; entenda o caso. Em meio a crise no governo, Bebianno cancela compromissos oficiais
iG São Paulo
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse nesta quinta-feira (14) que os supostos repasses a candidaturas de fachada do PSL serão investigados a pedido de Bolsonaro. Reportagens desta semana mostraram que o partido teria abastecido essas candidaturas com verbas públicas em Pernambuco e Minas Gerais durante as eleições.
"O senhor presidente proferiu determinação e ela está sendo cumprida. Os fatos vão ser apurados e eventuais responsabilidades após investigações vão ser definidas", disse Moro . Quantos e quais inquéritos serão foco das investigações ainda não foram especificados.
No último fim de semana, o jornal Folha de S.Paulo informou que o PSL repassou R$ 400 mil para uma candidata a deputada federal em Pernambuco. No entanto, ela teve apenas 274 votos, o que indicaria que não houve campanha e a candidatura pode ter sido de fachada.
Ainda na semana passada, outra reportagem mostrou que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também teria repassado verbas de campanha a quatro possíveis candidatas laranjas de Minas Gerais. Os repasses teriam sido autorizados pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que foi presidente do PSL durante o período eleitoral.
O ministro, por sua vez, nega as acusações e afirma que conversou com Bolsonaro três vezes por telefone enquanto ele estava no hospital. O filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), usou as redes sociais para acusar Bebianno de ter mentido e divulgar um áudio que supostamente comprova que Bolsonaro se negou a conversar com o ministro.
Em entrevista a TV Record ontem, o presidente disse que pediu que a Polícia Federal investigue a suspeita e afirmou que não conversou com o ministro sobre o assunto por telefone "em nenhum momento". "Se (o Bebianno) estiver envolvido e, logicamente, responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens", disse.
Ontem, Bolsonaro reiterou que é uma “minoria” dentro do partido que está sob suspeita e que Moro tem "carta branca" para investigar o caso. “O partido tem de ter consciência. Não são todos, é uma minoria. Logo depois da minha eleição, eu dei carta branca para apurar qualquer tipo de crime de corrupção e lavagem de dinheiro.”
Em meio a crise no governo, Bebianno cancela compromissos oficiais
Ministro se envolveu em polêmica por suspeita de ter repassado verbas públicas do PSL a candidaturas de laranjas; Bolsonaro pediu investigação
Em meio a uma crise no governo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, cancelou todos os compromissos oficiais desta quinta-feira (14). O ministro é suspeito de ter repassado verbas públicas do PSL a supostas candidaturas de 'laranjas' durante as eleições do ano passado.
Entre os compromissos cancelados por Gustavo Bebianno nesta manhã estava prevista uma reunião com outros ministros para tratar da situação da Venezuela. Em seu lugar, ele enviou o secretário-geral da pasta, Floriano Peixoto.
Entre os presentes na reunião estavam o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, Fernando Azevedo, ministro da Defesa, Pedro Gustavo Ventura Wollny, chefe de Gabinete do Ministério das Relações Exteriores e William Popp, encarregado de negócios da Embaixada dos EUA.
A presença do ministro também estava prevista na Solenidade de transmissão do cargo de Chefe do Centro de Comunicação do Exército, às 15h30. No entanto, depois das 11h a agenda foi atualizada e passou a exibir a mensagem "sem compromissos oficiais ".
No último fim de semana, o jornal Folha de S.Paulo informou que o PSL repassou verbas públicas para uma candidata a deputada federal em Pernambuco e quatro em Minas Gerais, suspeitas de serem candidatas laranjas , ou seja, candidatas que não fizeram campanha efetivamente.
Os repasses teriam sido autorizados por Bebianno, que foi presidente do partido durante o período eleitoral. O ministro, por sua vez, nega as acusações, diz que não é protagonista de nenhuma crise e afirma, inclusive, que conversou com Bolsonaro três vezes por telefone enquanto ele estava no hospital, ressaltando um bom relacionamento com o presidente.
Em entrevista a TV Record ontem, o presidente disse que pediu que a Polícia Federal investigue a suspeita e afirmou que não conversou com o ministro sobre o assunto por telefone "em nenhum momento". "Se (o Bebianno) estiver envolvido e, logicamente, responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens", disse.
Em entrevista do BR18, do jornal O Estado de S.Paulo , Gustavo Bebianno afirmou que falaria nesta manhã com Bolsonaro e que não vai pedir demissão . “O que chamam de inferno eu chamo de lar”, disse.