Musk diz que Twitter pode ter privilegiado um lado nas eleições brasileiras

Posted On Domingo, 04 Dezembro 2022 07:01
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Usando o próprio Twitter, Elon Musk respondeu a usuários que reclamam de suspensão de perfis bolsonaristas na rede social

 

Por Emerson Alecrim

O dono do Twitter, Elon Musk, disse neste sábado (3) achar "possível" que a equipe da empresa de mídia social tenha dado preferência a candidatos de esquerda durante as eleições brasileiras deste ano, sem fornecer provas.

 

Musk completou a compra do Twitter em 27 de outubro, poucos dias antes do segundo turno da eleição presidencial do Brasil, quando o candidato Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

“Vi muitos tweets preocupantes sobre as recentes eleições no Brasil”, escreveu Musk no Twitter quando questionado por um usuário sobre eleições possivelmente “manipuladas” pela gestão anterior da empresa.

 

"Se esses tweets forem precisos, é possível que o pessoal do Twitter tenha dado preferência a candidatos de esquerda", acrescentou o bilionário.

No início deste ano, Bolsonaro recebeu Musk em uma reunião em São Paulo, quando chamou a aquisição do Twitter pelo bilionário americano de "um sopro de esperança" e o apelidou de "lenda da liberdade".

 

Tanto Lula quanto Bolsonaro usaram amplamente o Twitter durante suas campanhas. Alguns aliados de Bolsonaro – incluindo o candidato mais votado à Câmara dos Deputados, Nikolas Ferreira – tiveram suas contas suspensas por ordem judicial após o segundo turno por questionarem o resultado da eleição.

 

Contas suspensas por ordem do TSE

Nos últimos dias, o Twitter suspendeu as contas de vários políticos e defensores do governo bolsonarista, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Em todos os casos, o TSE tenta evitar a disseminação de acusações infundadas contra o sistema eleitoral ou a incitação a atos antidemocráticos, a exemplo dos recentes bloqueios de rodovias que causaram transtornos em todo o país.

 

O órgão usa como base uma resolução estabelecida antes do segundo turno das eleições que possibilita ordens para retirada imediata de publicações com afirmações falsas ou descontextualizadas sobre o processo eleitoral.

 

As empresas envolvidas podem ter que pagar multa de R$ 100 mil por hora caso a ordem não seja atendida em até duas horas após o seu recebimento.

 

Entre os banimentos está o perfil do economista Marcos Cintra (União Brasil), que foi secretário da Receita Federal no governo de Jair Bolsonaro (PL). Em uma sequência de tweets, Cintra pôs em dúvida o mais recente pleito eleitoral.

 

O economista afirmou, por exemplo, que Jair Bolsonaro teve zero votos em centenas de urnas, e acrescentou: “se há suspeita em uma única urna, elas recaem sobre todo o sistema”.

 

À Folha de S.Paulo, Cintra disse ter ficado surpreso com a suspensão de sua conta no Twitter. “Não fiz acusação nenhuma, não me insurgi contra nada, só tive dúvidas que qualquer cidadão pode ter e pode fazer”, complementou.

 

O fato é que apoiadores de Bolsonaro têm utilizado redes sociais e serviços de mensagens para espalhar acusações de fraudes nas eleições. Nenhum deles apresentou provas de ilegalidade no pleito, porém.

 

As contas no Twitter dos parlamentares Carla Zambelli (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) também foram banidas recentemente.