Se há uma coisa que ninguém no Tocantins subestima é a capacidade de articulação política da senadora Kátia Abreu, muito menos sua força junto à atual cúpula nacional do PT e das legendas que farão parte da Federação Partidária encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, cujo pré-candidato à presidência da República, o ex-presidente Lula, lidera todas as pesquisas de intenção de voto.
Por Edson Rodrigues
É com essa força que Kátia Abreu busca a reeleição para o Senado, aproveitando como nunca a “máscara de oxigênio” que lhe foi oferecida pelo PT, em um momento em que se viu fragilizada em relação ao seu partido, o PP, que não fez questão nenhuma de protegê-la do “tratoraço” imposto pelo presidente Jair Bolsonaro, em relação à indicação do Senado para uma vaga vitalícia no Tribunal de Contas da União.
O único empecilho para que todo o planejamento de Kátia seja concretizado reside na figura de Paulo Mourão, que já havia se lançado pré-candidato ao governo pelo PT do Tocantins e, em entrevista concedida à jornalista Maju Cotrim, deixou claro que sua intenção é “fritar” Kátia em óleo fervente se, por acaso, ela for “enfiada goela abaixo” do Diretório estadual do PT.
“INTERVENÇÃO BRANCA” NO PT TOCANTINENSE
Pelas últimas movimentações da senadora Kátia Abreu e pelo conteúdo das matérias veiculadas por diversos meios de comunicação, apontando como certo o não lançamento de uma candidatura a senador na chapa que tem Paulo Mourão como pré-candidato a governador, com a direção nacional do PT indicando uma recomendação para que se apóie a candidatura à reeleição de Kátia Abreu, somando-se à entrega do comando do palanque presidencial de Lula no Tocantins à mesma Kátia, ao silêncio da direção estadual do PT e de Paulo Mourão, a sensação clara é de “intervenção branca” no diretório estadual do Partido dos Trabalhadores, faltando, apenas, um comunicado oficial, o que torna Paulo Mourão um candidato de si mesmo, uma vez que, tudo indica, não terá seu próprio partido apoiando suas pretensões eleitorais.
Irajá Abreu passa a ser o “zap” na manga de Kátia que, caso tenha confirmada a rejeição pela maioria dos deputados estaduais da base política de Wanderlei Barbosa. O primeiro passo seria a filiação de Wanderlei ao PSD e construir um palanque duplo para o ex-presidente Lula no Tocantins, passando a receber pedidos de voto para senadora dos dois lados.
Resta saber se Paulo Mourão irá aceitar tudo calado ou implodir, do seu jeito, a penetração dos tentáculos de Kátia nas entranhas do PT tocantinense.
EDSON TABOCÃO SERÁ VICE, COM WANDERLEI OU COM IRAJÁ
Empresário Edson Tabocão com Irajá Abreu
Outro fato detectado pelo Observatório Político de O Paralelo 13 é que, em qualquer das composições que seja feita para que ela se candidate à reeleição, seja com Wanderlei Barbosa como candidato a governador, seja com Irajá Abreu, em uma chapa “puro sangue”, o vice governador será o empresário Edson Tabocão.
Tabocão é um empresário bem-sucedido com laços umbilicais com a Região Norte do Estado, em especial com o Bico do Papagaio. Muito querido pela população, pelo empresariado e por setores religiosos, ele sempre manteve laços de amizade e atividade discreta no meio político, com bom trânsito junto à maioria dos deputados estaduais.
Desde o ano passado, convencido por Kátia e Irajá Abreu, Edson Tabocão vem demonstrando que, desta vez, vai para o embate, na disputa por um cargo majoritário, e vem participando ativamente de reuniões e encontros políticos, sempre acompanhado pelos dois senadores.
GOVERNADOR WANDERLEI BARBOSA
Um governador genuinamente tocantinense, filho da Capital da Cultura do Estado, Porto Nacional, com pouco mais de 90 dias de gestão, Wanderlei Barbosa vem surpreendendo os cidadãos com uma ótima desenvoltura, fazendo um governo de coalizão, mantendo excelente relacionamento com os três senadores, com os oito deputados federais e com sua base política, na Assembleia Legislativa.
Não é segredo para ninguém que os deputados estaduais que dão sustentação política à Wanderlei Barbosa não têm a mínima afinidade política com Kátia Abreu que, munida de pesquisas de intenção de voto, mantém-se imóvel ante a esse mal estar com os parlamentares estaduais, ao mesmo tempo que permanece alimentando a aproximação com Wanderlei Barbosa, com um olho no peixe e outro no pescador, sabedora que é de que não basta ter o palanque junto com o governador, sendo que os “soldados”, os deputados estaduais, não darão a devida “cobertura” à sua candidatura, sem pedir um voto sequer em seu favor nem no Horário Gratuito de Rádio e TV, muito menos nos santinhos.
Já esses deputados estaduais terão que estar atentos aos vetos impostos pela Legislação Eleitoral em relação à Federação Partidária, para não cometer nenhum deslize que coloque em risco suas próprias candidaturas junto ao Ministério Público Eleitoral.
A HORA DA ONÇA BEBER ÁGUA
Com o fim das férias Legislativas, voltando de visitas às suas bases eleitorais, os deputados estaduais que fazem parte da base de apoio ao governo de Wanderlei Barbosa estarão em posse das informações necessárias para municiar o governador a respeito das alianças que precisará fazer para tentar a reeleição, que serão repassadas “olho no olho”.
Segundo informações obtidas pelo Observatório Político de O Paralelo 13, não haverá sequer clima para uma convivência protocolar, muito menos harmônica e política com Kátia Abreu. Baseado nesse quadro de total desconforto, os analistas políticos consultados pelO Paralelo 13 foram taxativos de que a maior probabilidade de toda essa movimentação da senadora resulte que, no fim, seu candidato ao governo seja seu próprio filho, senador Irajá Abreu, que tem uma rejeição próxima a zero, e que o palanque a ser freqüentado por Lula, no Tocantins, será o palanque de Kátia e Irajá.
Até as Convenções Partidárias, em julho, as duas candidaturas a governador, de Wanderlei e de Irajá, estarão sendo medidas e, segundo os analistas políticos, com rodadas feitas por empresas nacionais e regionais, os caciques decidirão qual das duas terá condições de ir para o segundo turno, pesando, também, o número de deputados federais que cada chaa poderá fazer.
Logo, segundo os analistas ouvidos pó O Paralelo 13, a maior probabilidade é de que Irajá seja o real candidato ao governo de Kátia Abreu e de Lula, para criar chances maiores da senadora se reeleger para mais oito anos de mandato.