NEUTRALIDADE DE PARTIDOS NO SEGUNDO TURNO NADA MAIS É QUE FALTA DE COMANDO

Posted On Segunda, 15 Outubro 2018 07:08
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Enquanto as cúpulas nacionais dos principais partidos do país declaram “neutralidade”, os principais analistas políticos apontam que, na verdade, o que está ocorrendo não é uma movimentação político/ideológica, mas, sim, uma tremenda falta de comando e de pulso ante os quadros que conseguiram destaque nas eleições do último dia oito.

 

Por Edson Rodrigues

 

O que vem ocorrendo é um verdadeiro “samba do crioulo doido” em que ninguém respeita mais ideologia partidária, direita, esquerda, centro e, muito menos, as “lideranças”.  O comando partidário virou pó e cada um se encaixa onde entende que poderá tirar mais proveito.

 

São 30 partidos com acento no Congresso Nacional e 27 coligações nos estados de acordo com os interesses pessoais e regionais.  Ninguém obedece ninguém, as bases não aceitam as decisões das cúpulas, muito menos imposições goela abaixo.

 

Vale lembrar que alguns dos 30 partidos que compõem o Congresso Nacional, só estão lá por causa do coeficiente partidário conquistado com as coligações iniciais.  Desta forma, pode-se dizer, tranquilamente que essa “rebeldia” das bases pode comprometer o bom andamento da democracia e, principalmente, dificultar a governabilidade para o próximo presidente a ser eleito no segundo turno.

 

QUEM ESTÁ COM QUEM

Dos 35 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 31 participam da eleição para a Presidência, agrupados em 13 candidaturas de partido único ou coligações. Mas, se eles são adversários no plano nacional, a situação é diferente nos estados, segundo uma análise dos dados das chapas nacionais e de 199 candidaturas aos governos dos estados e do Distrito Federal.

 

As informações foram obtidas junto aos próprios partidos e nas atas que eles entregaram à Justiça Eleitoral e mostram as diferentes relações entre as legendas a partir de cada chapa presidencial. Foram levadas em conta as alianças formalizadas em coligações ou não.

 

Pelo menos 20 partidos já se posicionaram de maneira favorável, contrária ou neutra no segundo turno das eleições 2018. Jair Bolsonaro (PSL), que teve 46% dos votos válidos no último domingo, ou Fernando Haddad (PT), que somou 29%. O segundo turno será em 28 de outubro. A maior parte das siglas optou pela neutralidade.

 

Dos 28 candidatos a governador que disputam o segundo turno, 7 não seguiram a recomendação das executivas nacionais dos respectivos partidos sobre o apoio aos candidatos à Presidência neste segundo turno.

 

Deles, 4 são candidatos filiados ao PDT, que concorreu com Ciro Gomes no primeiro turno, e outros 3, do PSB. Ambas as legendas decidiram apoiar Fernando Haddad (PT) na votação de 28 de outubro, mas nem todos os correligionários seguiram a orientação. Dois candidatos do PDT, inclusive, declararam voto em Jair Bolsonaro (PSL), adversário direto de Haddad no segundo turno.

 

A reportagem leva em conta um levantamento do G1 sobre os apoios de todos os candidatos aos governos estaduais que disputam segundo turno. As respostas foram coletadas até a manhã desta sexta-feira (12). Veja a lista:

 

PDT - apoia Fernando Haddad:

Waldez Góes (AP) – não definiu apoio;

Amazonino Mendes (AM) – apoia Jair Bolsonaro (PSL);

Juiz Odilon (MS) – apoia Jair Bolsonaro (PSL);

Carlos Eduardo (RN) – apoia Jair Bolsonaro (PSL).

 

Nenhum candidato a governador filiado ao partido declarou apoio em Haddad.

Por meio da assessoria de imprensa, o PDT afirmou que aguarda posicionamento da próxima reunião da executiva nacional para definir se haverá punição aos correligionários que declararam voto em Bolsonaro. O encontro ainda não tem data prevista.

 

PSB - apoia Fernando Haddad:

Rodrigo Rollemberg (DF) – decidiu pela neutralidade;

Valadares Filho (SE) – não definiu apoio;

Márcio França (SP) – decidiu pela neutralidade.

 

Do PSB, somente Capi, candidato ao governo do Amapá, confirmou apoio em Haddad. Apesar da sustentação a Haddad, o partido liberou França e Rollemberg para decidirem sobre apoios ainda na terça-feira (9).

 

"No estado de São Paulo e no Distrito Federal, os diretórios poderão examinar as suas coligações e decidir o que devem fazer, tendo em consideração que temos confiança absoluta no Márcio França e no Rodrigo Rollemberg em que eles precisam ter a liberdade para conduzir as suas campanhas e conquistar uma vitória nessas duas unidades importantíssimas da federação do nosso país", declarou o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira.

 

MESMO PARTIDO, MAS EM LADOS OPOSTOS

O PSD se declarou neutro na disputa presidencial e liberou seus correligionários para apoiar qualquer um dos dois presidenciáveis. Assim, cada um dos 2 candidatos do partido nos governos estaduais decidiu por um adversário:

Apoia Jair Bolsonaro: Gelson Merísio (SC);

Apoia Fernando Haddad: Belivaldo Chagas (SE).

 

Nas demais siglas que declararam neutralidade, os candidatos decidiram pelos seguintes posicionamentos:

O DEM tem 2 postulantes aos governos estaduais ainda em disputa: Marcio Miranda (PA) e Eduardo Paes (RJ). Ambos decidiram manter a neutralidade e, portanto, não apoiam nenhum presidenciável;

 

O MDB tem 3 filiados na disputa para governador. José Ivo Sartori (RS) apoia Bolsonaro, enquanto Helder Barbalho (PA) decidiu se manter neutro. Ibaneis Rocha (DF) não declarou apoio.

 

O único candidato do Novo no segundo turno, Romeu Zema (MG), declarou voto em Bolsonaro;

 

O PSDB concorre com 6 candidatos no segundo turno. Deles, 4 – Eduardo Leite (RS), Expedito Junior (RO), João Doria (SP) e Reinaldo Azambuja (MS) – apoiam Bolsonaro. Antonio Anastasia (MG) não definiu voto, enquanto Anchieta (RR) se declarou neutro.

 

Os demais candidatos seguiram as determinações dos partidos ou pertencem às siglas dos dois presidenciáveis que estão no segundo turno. Confira:

O PSC decidiu apoiar Jair Bolsonaro na eleição presidencial. A determinação foi seguida pelos 2 candidatos a governador da sigla: Wilson Lima (AM) e Wilson Witzel (RJ);

O PSL, de Jair Bolsonaro, tem 3 candidatos a governador. Todos apoiarão o correligionário: Coronel Marcos Rocha (RO), Antonio Denarium (RR) e Comandante Moisés (SC);

O PT, de Fernando Haddad, concorre com 1 candidata no segundo turno das eleições para governador: Fátima Bezerra (PT), que apoia o petista na disputa presidencial.