O desembarque dos que não foram

Posted On Segunda, 13 Janeiro 2020 07:36
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Por: Edson Rodrigues

 

O desembarque dos que não foram

 

Não reconhecer a determinação que tem demonstrado o governador Mauro Carlesse em equilibrar as contas do Estado e garantir uma economia consolidada ao Tocantins seria leviano, tendencioso e demonstra imensa cegueira política. Não se pode fechar os olhos para o período em que o Tocantins viveu “vacas magras”, desenquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), fase esta que coincidiu com a mesma época que o Brasil passava por uma recessão econômica.

 

Naquele período, por meio de parcerias, convênios e financiamentos junto às instituições financeiras o governador do Tocantins conseguiu recuperar toda a malha viária pavimentada no Estado. Houve redução na criminalidade, investimentos na Saúde e realizou aos 139 municípios os repasses obrigatórios e, fundamentais para a oferta dos serviços públicos. Hoje o servidor recebe no dia 1º de cada mês, além do bom relacionamento do Executivo com os demais Poderes, o que foi um grande avanço nesta gestão.

 

Radiografia Panorâmica

 

No entanto, tal reconhecimento do trabalho de Mauro Carlesse limita-se ao campo da gestão, suas ações enquanto governador do Tocantins que muito tem contribuído com o nosso Estado. Mas, quando o assunto é política, a vertente é outra. No meu ponto de vista, Carlesse peca no quesito articulação. Existe uma lacuna que só pode ser preenchida com articulação política, por um profissional engajado e, principalmente que tenha credibilidade junto às demais lideranças e população.

 

É esta brecha que expõe o governo de Mauro Carlesse, fragiliza sua base política nas Regiões do Estado e pode até criar conflitos, durante as eleições municipais que acontecerão este ano. Conflitos estes que podem respingar na convivência pacífica que hoje tem com o Legislativo Estadual.  O governador precisa agir, e agir logo, antes que perca o controle político ou demarcação territorial nos municípios, se assim preferir. 

 

Joaquim Maia fez a frente

 

O prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia, foi o primeiro gestor do Executivo Municipal a rebelar-se contra o Palácio Araguaia. Usou das redes sociais e levou a público seu descontentamento com Mauro Carlesse por causa da interdição do ponde sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional. Se a ação foi estratégica ou não, não cabe a nós mencionarmos, o fato é que Maia ganhou apoio público, principalmente dos portuenses.

 

Cínthia Ribeiro

 

A prefeita da Capital não ficou para trás! Cínthia Ribeiro também se posicionou publicamente e fez críticas ao Governo do Estado. Lembrou que a gestão não estava cumprindo constitucionalmente com os repasses ao Município e negou haver parcerias entre os Executivos do Tocantins e da Capital. Na prática, Cínthia Ribeiro demarcou território!

 

A prefeita foi além, conseguiu liberação de recursos federais por meio de parceiros políticos como o senador Eduardo Gomes. Paralelamente, buscou apoio para seus projetos junto aos senadores Kátia Abreu e Irajá, evidenciou uma possível aliança com a deputada Dorinha Seabra e trouxe à Palmas outros milhões. Palmas tem recursos para tornar-se em 2020 um canteiro de obras. Canteiro este sem contar com nenhum centavo do Palácio Araguaia.

 

Ronaldo Dimas

 

No norte do Estado, a realidade não é diferente. Ronaldo Dimas administra Araguaína com muito dinheiro em caixa. O prefeito é tido como um dos melhores gestores do Tocantins e disputa o posto com o prefeito de Gurupi, Laurez Moreira. Qual dos dois é o melhor, nem cabe a nós decidir, mas numa “briga” tão acirrada, quem ganha é o tocantinense.

 

Ronaldo Dimas tem para este ano mais de R$900 milhões em caixa e o Norte do Estado conta com a certeza que o desenvolvimento será garantido, por meio de obras, geração de emprego e renda. Dimas deve gerar diretamente em Araguaína mais de 2.600 empregos diretos, novos postos de serviços e uma enorme injeção de capital financeiro  no Tocantins.

 

Nos últimos meses Ronaldo Dimas também se distanciou do Palácio Araguaia. O prefeito que também não embarcou na equipe de Mauro Carlesse tem potencial, inclusive, para liderar um grupo independente no Tocantins.

 

Laurez Moreira

 

Gestor do município do Governador, já que apesar de não ser tocantinense a imagem de Mauro Carlesse está associada a Região Sul, local onde encontram-se suas bases políticas e principal colégio eleitoral, no último final de semana o prefeito Laurez Moreira foi direto, abriu a boca e ainda não sabemos o resultado que o posicionamento de Laurez Moreira pode causar, politicamente no governo de Carlesse.

 

O prefeito resumiu a postura do governador a frase: “Nunca fez nada para Gurupi em seu governo”. A terceira maior cidade do Tocantins também tem recursos para começar as obras.  Sem dívidas com os fornecedores, um alto índice de aprovação pelos servidores municipais, tudo indica que Laurez Moreira desceu do barco, que não sabemos nem se ele estava a bordo, e pode levar alguns tripulantes consigo.

 

Oposição se junta pela sobrevivência política em 2022?

 

Os prefeitos das quatro maiores  cidades do Tocantins, Cínthia Ribeiro, em Palmas, Ronaldo Dimas de Araguaína, Laurez Moreira em  Gurupi e Joaquim Maia em Porto Nacional, os senadores Kátia Abreu e Irajá, os deputados federais, professora Dorinha, Vicentinho Júnior, Tiago Dimas e Dulce Miranda poderão consolidar suas bases, fazer alianças e dar o suporte necessário para os candidatos em 2020 em busca de vitórias em 2022. Pouco sabe-se, no atual cenário que ainda se forma o que acontecerá daqui até outubro, apesar de já prevermos algumas situações. Temos a convicção de que todos eles estão armados até os dentes para eleger o maior número de candidatos nos municípios.

 

O mediador

 

O senador Eduardo Gomes pode ser a UTI neste processo. Responsável por viabilizar recursos junto ao Governo Federal aos municípios e também grande aliado do governador Mauro Carlesse, o político pode atuar como mediador da situação, no intuito de colocar panos quentes para que o Tocantins seja prioridade na atual conjuntura, uma vez que o desenvolvimento e consolidação do Estado depende da união de esforços, independente da visão e postura política das pessoas.

 

Zona de conforto do Palácio Araguaia está com os dias contados

 

Com o retorno do recesso parlamentar e a abertura do Orçamento do Estado e demais Poderes, o governo deve articular uma mudança em seu quadro de auxiliares, agregando apadrinhados em sua base na Assembleia Legislativa. Dentre as reclamações públicas está o descontentamento do Solidariedade, com o pouco espaço no Palácio Araguaia.

 

Sabedor de todos estes desgastes em sua imagem política, Mauro Carlesse deve estar preparando um “antídoto” para dar fim ao contratempo apresentado. Caso contrário, a imagem de gestor esforçado poderá não se sobrepor à de um político sem aliados. Mas como em política nada é exato, aguardemos o próximos movimentos de peças deste jogo no tabuleiro chamado Tocantins.

 

Até o próximo capítulo desta história!