Uma radiografia dos bastidores políticos do Tocantins mostra que, independentemente da cor partidária, quem não demarcar território nas eleições municipais de 2024, corre sério risco de ficar de fora do tabuleiro eleitoral em 2026. Isso é um fato!
Por Edson Rodrigues
O governador Wanderlei Barbosa, apesar de estarmos chegando ao fim do quinto mês da sua atual gestão, a segunda seguida (respeitando as peculiaridades de cada uma delas), mantém, por méritos próprios, um clima de lua de mel com os demais Poderes e com as forças políticas presentes no Estado, com alguns ajustes sendo feitos no quadro de auxiliares em todos os escalões da administração estadual. Até aqui, tudo corre às mil maravilhas.
Wanderlei Barbosa é um dos poucos políticos que iniciou sua vida pública no primeiro degrau político, como vereador na Capital da Cultura Tocantinense, Porto Nacional, seguindo a trajetória na primeira eleição de Palmas, conquistando diversos mandatos de vereador, depois, deputado estadual, vice-governador e governador. Um tocantinense genuíno, curraleiro e de mãos limpas, que caiu no gosto do povo e, dele recebe o reconhecimento por meio do voto.
APRENDIZADO
Mas, como dizia o saudoso Tancredo Neves, “quanto mais você aprende na vida, muito mais você tem para aprender. Inclusive as maldades, pois um homem público tem que saber, sobretudo, se defender”.
Apesar do céu de brigadeiro, Wanderlei Barbosa tem que se manter alerta para não perder, por um minuto sequer, o comando do seu grupo político, impedindo o surgimento de grupos à parte dentro do seu governo, para que não haja conflitos internos de interesse, muito menos uma fábrica de fake News, tentando desestabilizar a força deste ou daquele grupo dentro do conglomerado político palaciano.
Conseguindo ter esse controle nos próximos três anos, não só Wanderlei Barbosa, mas todo o Tocantins terá o que comemorar, pois será o ambiente ideal para que o Estado alcance o progresso e o desenvolvimento tão necessários e sonhados por todos nós, tocantinenses de nascença e tocantinenses por opção.
Serão três anos e sete meses de desafio constante para Wanderlei Barbosa, rumo à consolidação do Estado do Tocantins e à sua consagração política.
AOS ALIADOS DE ONTEM, DE HOJE, E DE AMANHÃ
Cada político que está aliado ao governador Wanderlei Barbosa e todos aqueles que pretende fazê-lo, precisa demarcar muito bem seu território dentro desse conglomerado palaciano que se mostra enorme, com potencial de crescer ainda mais. O vice-governador Laurez Moreira é o primeiro deles. Desde o primeiro dia da atual gestão, Laurez tem se mostrado um companheiro ativo e presente nas ações governamentais nos municípios e agindo em Brasília.
Partindo do exemplo de Laurez Moreira, podemos afirmar que as eleições municipais servirão como uma espécie de balança, de fita métrica, para medir o peso político dos partidos, das lideranças, dos detentores de mandato na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional, principalmente desses, os que pretendem disputar a reeleição.
O conglomerado palaciano já é enorme, e vai ficar ainda mais com o passar dos anos, porém, não haverá espaço nem vagas para todos embarcarem na disputa das eleições estaduais, de 2026. Isso transforma a eleição municipal de 2024 na primeira oportunidade para cada membro desse grupo político demarcar seu território e mostrar quem é quem.
Mesmo sendo amigo, companheiro ou parceiro do governador, cada um terá que mostrar representatividade política e partidária por meio de vitórias nas eleições municipais.
Apenas ter dinheiro, um bom tempo no Horário Obrigatório de Rádio e TV, e infraestrutura pessoal e partidária, será necessário mostrar um pouco mais para garantir um lugar à mesa de discussões e decisões para a formação da chapa majoritária para governador, vice, senadores, suplentes, deputados federais e estaduais em 2026.
É necessário ter “território” e representatividade política, e isso será demonstrado na fotografia final das eleições 2024, com os prefeitos eleitos. Será essa foto que cada postulante terá que mostrar, na mesa de discussões e tratativas para as eleições de 2026. Sem uma foto “recheada de prefeitos”, dificilmente se conseguirá um lugar nessa mesa.
OPOSIÇÃO NÃO PODE SER SUBESTIMADA
Nem sempre os candidatos a prefeito ou à reeleição, até mesmo a população de determinadas cidades, estarão satisfeitos com o nome a ser apoiado pelo Palácio Araguaia, principalmente se este vir de goela abaixo.
É nesse momento que a oposição aproveita para “dará o bote” e acaba conseguindo êxito em atrair a simpatia da população e dos eleitores.
Não é segredo para ninguém que há bons nomes na oposição, a postos para disputar mandatos de prefeitos nos dez principais colégios eleitorais do Tocantins, assim como prefeitos e prefeitas que pretendem disputar a reeleição, mesmo estando fora do grupo palaciano. Não que o Palácio Araguaia não os queira em seu grupo político, mas as circunstâncias políticas locais e os interesses dos deputados estaduais, federais e senadores – nessa ordem – acabam por definir situações assim
É dessa forma que se percebe que a oposição não pode ser subestimada, muito menos desmerecida, pois os líderes oposicionistas estão muito mais vivos e ativos que se imagina e, o pior, em abril de 2024 há a possibilidade, embora difícil, mas real, de uma união entre elas, em um só palanque nos 12 principais colégios eleitorais e, em Palmas, no segundo turno, o que a tornaria muito mais forte e perigosamente competitiva.
COMANDO E PULSO
Para finalizar, voltamos a salientar o que afirmamos no início desta análise. É de suma importância que o governador Wanderlei Barbosa mantenha o controle do seu grupo político, mantendo o pulso forte para evitar dissidências, rachas internos e subdivisões entre seus auxiliares, para evitar, principalmente a disseminação de fake News, tanto dentro do seu grupo quanto para fora dos portões do Palácio Araguaia, para que não cheguem aos ouvidos da população tocantinense, com promessas ou tentativas de enganar o povo.
Guardando as proporções e a época, era exatamente isso que o saudoso Iris Rezende e o ex-governador Siqueira Campos faziam em seus grupos, jamais permitindo divisões internas, que ameaçassem sua liderança.
O saudoso Golbery do Couto e Silva era enfático quando afirmava que “não basta estar. Precisa ser governo em sua plenitude. A cada dia que passa, descobrimos e aprendemos muitas coisas, principalmente que triste é o governo que não tem uma oposição forte, competente, responsável e honesta”, referindo-se aos derrotados Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, considerados por Golbery “a bússola e o termômetro” da sociedade, a ponto de serem respeitados pelos governos da ditadura, justamente pela forma com que faziam oposição ao regime militar, defendendo, sempre, os princípios democráticos, acima de suas pretensões políticas.
E, como na “locomotiva” de 2026 só há assentos para governador, vice-governador, dois senadores, oito deputados federais e 24 estaduais, a serem divididas entre governistas e oposicionistas, é bom que a busca pelas “passagens” seja feita da melhor e mais profissional maneira possível.
Afinal, só chega na frente quem for mais forte.