A saída do marqueteiro da pré-campanha de Eduardo Siqueira Campos para prefeito de Palmas traz à tona uma questão conhecida nos bastidores da política tocantinense: a centralização de poder praticada pelo herdeiro do espólio Siqueira Campos. Há tempos, essa característica de Eduardo é bem conhecida daqueles que atuam em áreas estratégicas da política ou da administração pública. No último governo de seu pai (2011-2014), quando ele era chamado de 1º Ministro, essa prática de centralizar decisões ficou ainda mais evidente e também gerou vários atritos com os primeiros escalões do Governo do Estado e políticos tradicionais que não eram escutados para a tomada de decisões
Por Edson Rodrigues
Ainda sobre a gestão estadual dos anos de 2011 a 2014, muitos atribuem a Eduardo o fato dessa ter sido a pior entre os quatro mandatos em que José Wilson Siqueira Campos foi governador do Tocantins. É sabido que a idade avançada do então governador e a vontade de um pai em ver seu filho “brilhar” deram à Eduardo muito poder. Com isso, veio a centralização e uma série de decisões que colocaram o Governo do Estado no centro de crises como a que fez faltar insumos e medicamentos na Saúde.
Outra decisão de Eduardo que, aparentemente, desagradou seu pai foi a escolha do então presidente da Assembleia Legislativa, Sandoval Cardoso para ser o candidato governista na sucessão ao Governo do Estado, quando Siqueira Campos renunciou ao cargo, fato que permitia, juridicamente, a candidatura de seu filho ao posto de Governador do Tocantins. Na ocasião, quem fazia parte do núcleo governista afirmou que a decisão de alçar Sandoval a candidato foi do próprio Eduardo, que não acreditou que poderia ser eleito e colocou outro, sem tanta rejeição, em seu lugar. Mas o final desta história todos sabem: Sandoval Cardoso perdeu as eleições de 2014 e em 2016 foi preso pela Polícia Federal por envolvimento em esquemas de corrupção no período em que governou o Estado, após a renúncia de Siqueira Campos.
Antes deste episódio, ainda com voz ativa no histórico grupo político União do Tocantins, Eduardo Siqueira Campos teria tomado a decisão, de forma unilateral, de escolher Vicentinho Alves para disputar as eleições de 2010 para uma das vagas no Senado(preterindo o fiel amigo Eduardo Gomes) contra João Ribeiro e Marcelo Miranda..
Por fim, a disputa de José Wilson Siqueira Campos, aos 90 anos, para uma das vagas ao Senado, nas eleições de 2018, foi mais uma decisão unilateral de Eduardo que tiraria a chance de um companheiro de longa data, Eduardo Gomes, de ser o candidato a Senador. Pouco tempo depois, a saúde fragilizada de Siqueira Campos mostrou que Eduardo estava novamente errado, o que forçou o ex-governador a desistir da disputa, permitindo que Gomes concorresse e fosse eleito.
Com tudo, podemos avaliar que as decisões centralizadas de Eduardo, historicamente, dificultaram a vida de companheiros que seguiram cegamente a família Siqueira Campos e acabaram deixados de lado pelo ex-prefeito de Palmas. Nesta pré-campanha, o passado parece estar se tornando presente novamente.