O incrível caso de uma senhora que ganhava quase 50 mil reais mensais em Goiás e que veio para o Tocantins ganhar “apenas” 10 mil por mês
Por Edson Rodrigues
É incrível como o Tocantins tem o poder de seduzir pessoas que largam seus afazeres e suas histórias em outros estados da federação e vêm para cá, mesmo ganhando menos, trabalhar para o governo estadual. Não vamos, desta vez, nos alongar citando nomes ou personagens. Vamos nos ater apenas aos fatos.
Uma reportagem em vídeo para a Internet, do colega Gerônimo Cardoso, em que a presidente da Agência Tocantinense de Regulação, Controle e Fiscalização dos Serviços Públicos – ATR –, Juliana Matos de Souza, aparece em Portugal, assinando um termo de cooperação entre a estatal Águas de Portugal e a Agência Tocantinense de Saneamento.
Primeiramente, assim como 99,99% dos tocantinenses, queremos dar um “muito prazer” à senhora Juliana Matos de Souza, uma vez que daqui, do Estado, ela não é, e ninguém a conhece. Segundo, gostaríamos de perguntar o governador Mauro Carlesse, se não é muito poder conferido a uma pessoa estranha aos meios político e administrativo do Tocantins, de forma intempestiva e pouco divulgada.
Com 31 anos como dirigente do jornal O Paralelo 13, não me lembro de ter visto essa senhora no Tocantins e, após um levantamento superficial, podemos afirmar que não somos apenas nós, mas os oito deputados federais, os três senadores e os 24 deputados estaduais também nunca viram ou conversaram, sequer, com a digníssima senhora Juliana Matos de Souza.
AMOR PELO TOCANTINS
Apesar de ninguém a conhecer, bastou uma pequena pesquisa na Internet para descobrirmos que essa senhora caiu de amores pelo Tocantins, pois, recentemente nomeada presidente da ATR, deixou em Goiás, mas precisamente na Saneago, um cargo ligado à presidência da estatal, de onde percebia salários que chegavam bem próximos dos 50 mil reais mensais, como concursada, para receber, como presidente da ATR, singelos 10 mil reais mensais.
É ou não é um caso de amor e dedicação ao Tocantins?
Lembramos que a estatal goiana foi alvo de uma investigação da Polícia Federal no início deste mês, que resultou na prisão do ex-vice-governador e de dirigentes da empresa por corrupção.
PADRINHO
A pergunta que não quer calar é: quem teria apresentado a competente Juliana Matos de Sousa ao governador Mauro Carlesse e apadrinhado a sua contratação pra presidir a ATR?
Nos bastidores da política estadual, onde já há uma grande chiadeira nas bancadas federais, na Assembleia Legislativa e na cúpula dos partidos que compõem a base de sustentação a Mauro Carlesse, por espaços no governo. E a gritaria foi geral ao tomarem conhecimento sobre a nomeação para cargo tão importante de uma pessoa que não tem nenhuma convivência com a classe política tocantinense, muito menos conhece o nosso Estado ou nossa gente.
Por favor, nos esclareçam, se estivermos errados, como uma pessoa pode simplesmente “chegar chegando” no governo, era enviada a Portugal com o poder de assinar um convênio com o governo português?
O Paralelo 13 deixa bem claro que não tem nada contra, muito menos a favor da referida senhora, mas não podemos “engolir goela abaixo” essa “aparição”, sem nos manifestar.
Temos produzido diversos editoriais e reportagens mostrando tudo o que de positivo está sendo feito pelo governo Mauro Carlesse, pois são ações importantes e visam o bem do cidadão tocantinense e o enquadramento do Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal, cortando na própria carne, com a demissão de milhares de servidores contratados e outras centenas de comissionados, se desdobrando para, em reunião com o presidente da República mostrar que estamos fazendo o “dever de casa”. Fazemos, também, críticas construtivas, como é o papel do bom jornalismo. E este é um caso em que cabe, certamente, mais uma crítica.
PRATA DA CASA
Temos certeza – e conhecemos eles! – que o Tocantins tem excelentes técnicos e profissionais capazes de assumir a presidência da ATR, mas o que nos causa mais estranhamento é o fato de uma pessoa que ganhava, por baixo, 25 mil reais mensais, em média, chegando a mais de 49 mil reais, ser atraída por um salário de dez mil reais. Precisa ficar claro como foi feita essa “seleção” para o cargo em questão e se ela veio à disposição do Tocantins, com ônus para o Estado – ou não – e quais as vantagens que a seduziram a deixar Goiás e vir para cá em condições tão díspares.
Temos certeza, também, que quem apadrinhou essa contratação desmereceu fortemente os profissionais do nosso Estado e subestima nossas paciência e inteligência.
Quem é Juliana Matos de Sousa e o que ela tem de tão especial?
Quem sabe, o Ministério Público seja capaz de responder a esse questionamento de 99,99% da população tocantinense...
Oremos!!!