Além dos presos, a Polícia Civil também apreendeu quatro veículos de luxo avaliados em mais de R$ 1 milhão
Por Rogério de Oliveira
No início da noite desta segunda-feira, 26, a Polícia Civil do Tocantins, por meio da 1ª Divisão de Combate ao Crime Organizado (DEIC – Palmas), deflagrou a Operação Perfídia, que resultou nas prisões de quatro pessoas apontadas como integrantes de uma organização criminosa responsável por desviar mais de R$ 11, 8 milhões de duas empresas da Capital.
Durante as ações da Operação Perfídia foram apreendidos quatro veículos, ano 2025, sendo dois modelo Ford Bronco, uma camionete BYD Shark e uma camionete Ford Ranger. Conforme explica o delegado-chefe da 1ª DEIC, Wanderson Chaves de Queiroz, todos os veículos teriam sido adquiridos pelo grupo criminoso com o dinheiro desviado das duas construtoras e estão avaliados em mais de R$ 1 milhão.
Diligências e prisões
Durante toda esta segunda-feira, equipes da 1ª DEIC, com apoio de policiais civis da Diretoria de Repressão a Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO) e do Grupo de Operações Táticas Especiais (GOTE), diligenciaram em vários endereços pertencentes ao grupo criminoso, no sentido de dar cumprimento a várias medidas cautelares, como sequestros de bens, mandados de busca e apreensão e mandados de prisões preventivas.
Na Quadra 509 Sul, foram presos a mulher de iniciais I.A.S., de 40 anos, e seu marido, G.C.B., de 43 anos. Em seguida, as equipes foram para o Jardim Taquari e prenderam o homem de iniciais L.F.S., de 38 anos. Em outro endereço, na região central da cidade, os policiais prenderam o indivíduo de iniciais S.M.P., de 24 anos.
Como funcionava o esquema criminoso
A autoridade policial explica que o caso passou a ser investigado pela 1ª DEIC depois que os proprietários das empresas lesadas procuraram a Polícia Civil e informaram que possivelmente estariam sendo vítimas de golpes que ultrapassaram milhões de reais.
“Com base nos relatos e documentos apresentados pelos proprietários das empresas, iniciamos as investigações e constatamos que, dois funcionários das construtoras teriam se associado e com a ajuda de seus respectivos cônjuges, passaram a praticar os crimes de furto qualificado mediante abuso de confiança, organização criminosa e lavagem de dinheiro, já que a mulher era responsável pela administração financeira das empresas e emitia as ordens de compra e que seu companheiro de trabalho ficava encarregado de fazer as compras”, informou o delegado.
Os montantes eram desviados em compras de combustíveis, materiais de construção e locação de máquinas que nunca eram entregues nos canteiros de obras das empresas lesadas. Além disso, há fortes indícios que os autores teriam incorrido também no crime de falsificação de documentos, delitos que poderão ser comprovados no decorrer das investigações.
O papel de cada um na organização criminosa
O delegado Wanderson detalha que a senhora I.A.S. era responsável pela área financeira da empresa e emitia as ordens de pagamentos que, por sua vez, eram passadas para seu colega de trabalho L.F.S. que era responsável por fazer as solicitações de compras dos produtos, sobretudo combustível que nunca eram entregues.
De outro modo, G.C.B., marido de I.A.S., ficava responsável por pulverizar o dinheiro com a aquisição de veículos, imóveis e outros itens de luxo, os quais eram frequentemente negociados para dar uma aparência de legalidade aos crimes.
Empresa de combustíveis de fachada
O quarto envolvido nos crimes, S.M.P., companheiro de L. F.S., teria aberto uma empresa de venda de combustível de fachada. Essa empresa vendia combustível para as construtoras, entretanto, conforme apurado pela Polícia Civil, a empresa de fachada recebia os valores dos suspeitos, mas não entregava combustível algum. Somente com a simulação de compra de combustíveis, que não eram efetivamente entregues nas obras das empresas, os suspeitos desviaram R$ 9,84 milhões.
O grupo ainda desviou outro montante com a suposta aquisição de materiais de construção e aluguel de máquinas. Com a compra de materiais de construção e aluguel de máquinas, que nunca chegaram aos canteiros de obras das empresas, mas sim em uma obra particular de um dos envolvidos, foram desviados aproximadamente R$ 132 mil e R$ 1,199 mil.
Procedimentos
Presos, os quatros envolvidos foram conduzidos até a sede da 1ª DEIC, onde foram interrogados pela autoridade policial e em seguida, encaminhados para as Unidades Penais Feminina e Masculina da capital. As investigações continuam no sentido de elucidar todas as circunstâncias dos crimes e apurar se há outras pessoas envolvidas.
Para o delegado Wanderson Chaves, a Operação Perfídia alcançou todos os objetivos estabelecidos neste primeiro momento, pois todos os alvos investigados foram presos, bem como ativos de valor como os veículos de luxo foram apreendidos. “A Polícia Civil está atenta e atuante para investigar e solucionar qualquer tipo de crime que ocorra em Palmas e em todo o Tocantins. Nós não vamos permitir que o crime organizado cresça e se estabeleça no nosso Estado. Nós vamos agir em todas as frentes sempre com muito rigor e celeridade”, pontuou.
O diretor da DRACCO, delegado Afonso Lyra, classificou a operação como mais uma ação exitosa da 1ª DEIC, que desarticulou uma organização criminosa responsável por causar um prejuízo de milhões de reais a duas empresas do Estado. “As unidades especializadas da Polícia Civil têm trabalhado diuturnamente no sentido de trazer segurança para a população, atuando tanto nos crimes violentos, como também crimes que envolvem o colarinho branco e lavagem de dinheiro. A operação de hoje é um grande exemplo da capacidade investigativa da Polícia Civil, na qual foi possível desarticular um grupo criminoso que está sendo investigado por suspeita de ter desviado aproximadamente R$ 12 milhões. Então, com essas prisões e sequestros de bens, a Polícia Civil dá um passo significativo em busca de elucidar mais esse crime e garantir mais segurança a toda a população”, disse.
Perfídia
A operação foi batizada de Perfídia em alusão ao termo que vem do latim e significa traição, deslealdade ou falsidade. O termo também descreve a quebra de confiança, especialmente em relações de lealdade ou compromisso, uma vez que dois dos envolvidos trabalhavam diretamente nas empresas lesadas.