2019 se avizinha como um ano de muitos obstáculos para quem sair vencedor das urnas em outubro próximo
Por Edson Rodrigues
Sempre que um novo ano está prestes a começar todos se enchem de expectativas, planejam realizações, impõem metas e objetivos.
Infelizmente, para o Tocantins, as expectativas de um ano tão importante quanto o de 2019, que marcará o início de um novo governo, não são das melhores. Como se diz popularmente, as finanças do Estado estão “na UTI, respirando por aparelhos” e a situação que o vencedor das urnas, em outubro, vai encontrar, não será das mais promissoras.
Diferentemente dos governos anteriores, o governo que começar no dia 1º de janeiro de 2019 terá que começar “metendo o pé na porta”, abrindo relatórios e documentos para se colocar a par da real situação financeira dos cofres públicos estaduais e fazer todo o necessário para sanar o mal que impede o Tocantins de progredir.
PACTO
Nem vamos entrar no mérito de apontar culpados por essa “herança maldita” porque é público e notório que essa culpa é de todos os governos anteriores e do próprio eleitorado tocantinense.
Assim como a culpa é de todos, a responsabilidade de tirar o Tocantins desse “atoleiro” também tem que ser dividida. É necessário um verdadeiro “pacto federativo suprapartidário”, que é o conjunto de regras sobre quem faz o quê e com que fonte de arrecadação, entre todos os Poderes constituídos do Estado, envolvendo a bancada federal, na busca por recursos, emendas e convênios com a União (que também estará sob nova direção, diga-se de passagem), os deputados estaduais, na aprovação de Leis que permitam uma nova filosofia econômica para o Tocantins, industriais, empresários, comerciantes, formadores de opinião e, sobretudo, o povo.
A cada um caberá um papel fundamental para a salvação do Tocantins. Ao governo cabe o primeiro exemplo, já nos primeiros 90 dias, cortando na própria carne, acabando com mordomias como carros oficiais em profusão, gastos com diárias e, principalmente, a exoneração de todo e qualquer servidor, contratado ou comissionado, que não seja essencialmente necessário. Depois, é preciso ou pagar ou renegociar as dívidas com o Igeprev, com fornecedores e prestadores de serviços. Só assim a máquina estatal terá forças para voltar a andar sem tropeçar nas próprias pernas e terá condições de planejar investimentos e ações sociais que realmente resultem em resultados para a população.
CONSIGNADOS: A BOMBA-RELÓGIO
Contra o próximo governo há, também, uma bomba-relógio armada, prestes a explodir a qualquer momento, que é a situação dos empréstimos consignados.
Milhares de servidores públicos estaduais fizeram os chamados empréstimos consignados, que são descontados direto na folha de pagamento. Acontece que o Estado descontou os valores desses empréstimos dos salários, mas não os repassou aos bancos, o que se caracteriza como crime de apropriação indébita.
Apesar de já ter conhecimento de que essa situação foi detectada, o governo ainda não pagou o que deve aos bancos, e o processo está correndo. A qualquer momento o Estado pode ser executado e ter os seus já minguados recursos bloqueados pela Justiça e os servidores que contraíram os empréstimos, ter seus nomes negativados.
Isso vai provocar uma avalanche de ações por perdas e danos morais contra o governo do Estado que precisa se precaver para não ter que passar por mais essa situação vexatória.
Especialistas apontam a venda da folha de pagamento dos servidores como a única saída, que deve ser iniciada com uma rodada de negociação junto às instituições financeiras para que nenhum dos lados saiam perdendo.
Para fazer isso, o próximo governador terá que ter inteligência, coragem, obstinação e, principalmente, pulso firme, para suportar as pressões que surgirão de todos os lados, como sempre surgem na hora de tomar medidas impopulares.
APOIO
É bom que se deixe bem claro que a máquina estatal está praticamente falida, sem caixa para tocar uma mínima obra que seja. Por esse motivo, o apoio dos deputados estaduais, dando força de Lei ás medidas que devem ser tomadas, é essencial para que as melhorias comecem a aparecer.
Mas, esse apoio só será uma realidade se o novo governante for uma pessoa aberta ao diálogo com todos, sem distinção de ordem de grandeza social ou política, aproveitando as boas sugestões, assimilando as críticas e aprendendo com as experiências que já deram errado, como a “importação” de secretários. Para quem não se lembra, de todos os “estrangeiros” que vieram para o Tocantins, nenhum permaneceu no Estado após a perda do cargo, o que demonstra que nenhum deles veio com o coração aberto á nossa cultura e costumes, muito menos com a intenção de somar. Agiram como os portugueses no Brasil Colônia, que vinham, levavam o que podiam e nunca mais voltavam.
Temos muitos profissionais experientes e capazes, em todas as áreas, que não podem ser desprezados em detrimento da “importação” de mão de obra viciada nos meandros da administração pública.
CHOQUE DE GESTÃO E UNIÃO
Esse verdadeiro “choque de gestão” que se faz necessário para que o Tocantins “desatole”, só tomará forma se todos se unirem para aguentar e superar as conseqüências.
O governo do estado vai precisar, necessariamente, estar junto aos nossos congressistas em Brasília, abrindo as portas do governo federal em buscas de parcerias e convênios, indicações para investidores nacionais e internacionais e formulando situações de atração de empresas e indústrias, como a cessão de áreas e incentivos fiscais.
Não será fácil, sabemos, mas, nesses 30 anos de vida, o Tocantins sempre conseguiu superar as dificuldades que se interpuseram ao seu caminho. 2019 será o ano mais difícil da nossa curta história, mas, “Deus dá o frio de acordo com o cobertor” e acreditamos que tudo vai acabar se acertando. Basta haver vontade política para isso e que cada um cumpra com seu papel, principalmente o povo, comparecendo ás urnas e dando legitimidade suficiente ao novo governo para que ele se sinta fortalecido em busca de alternativas e soluções.
Como disse o Santo Papa Francisco, não adianta reclamar da corrupção dos políticos se não nos comportarmos de maneira diferente, participando de debates, protestos e fazendo valer a voz de cada cidadão, todos unidos por um Tocantins melhor e por um futuro promissor.