Por Matheus Leitão/ Revista Veja
Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo divulgada nesta segunda,5, confirma o que a coluna já vem indicando há algum tempo: o presidente Jair Bolsonaro usa as Forças Armadas desde o início de seu mandato para levantar suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro.
Revelações feitas pelo jornalista Fábio Serapião mostram que, desde 2019, militares de alto escalão tentam encontrar provas de que as urnas não são seguras.
Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação e mostram que só houve ação dos militares em relação às urnas após o início do governo Bolsonaro. Antes disso, nenhuma contestação foi feita, embora as urnas e o processo sejam exatamente os mesmos.
Muitos militares fizeram parte do esquema, mas dois generais em especial são citados na reportagem. O general Augusto Heleno, que usou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para buscar informações sobre as urnas, e o general Luiz Eduardo Ramos, que já passou pela Casa Civil e Secretaria de Governo e atualmente está na Secretaria-Geral da Presidência.
A ideia golpista do governo foi comprada pelos militares que, a todo custo, tentaram encontrar provas do falso discurso de fraude nas urnas. Até hoje, não houve uma prova plausível. E nunca haverá.
Apenas relatórios genéricos que deixaram em aberto a possibilidade de fraude para manter aceso o discurso antidemocrático dos bolsonaristas. Como a coluna mostrou, militares que atuam no governo apoiam e participam as manifestações contra a constituição em frente aos quartéis, que acontecem desde o fim das eleições. Agora, fica ainda mais claro que esses militares de baixa patente representam generais e outros oficiais que ficam nos bastidores concordando com os protestos.
A reportagem da Folha revela como as Forças Armadas se venderam e, mais do que isso, como a atuação de Bolsonaro sempre foi contra a democracia. O presidente usou o aparelho do Estado para buscar informações que comprovassem suas ideias mirabolantes. Ele usou o poder de generais e dos cargos que ocupavam para minar a democracia brasileira.
Bolsonaro faz de tudo para viabilizar um terceiro turno. Agora, os comandantes das Forças decidiram deixar seus cargos antes da hora, num novo movimento de apoio ao presidente derrotado.
Faltando 26 dias para o fim do ano, a torcida democrática no Brasil é de que o caminho até o início do mandato de Lula seja de tranquilidade e de respeito à democracia, algo que não aconteceu nos últimos quatro anos.