Ação foi deflagrada pela 8ª Divisão de Combate ao Crime Organizado e ocorreu na cidade de Sucupira
Por Rogério de Oliveira
Na tarde desta quinta-feira, 21, a Polícia Civil do Tocantins (PC-TO), por intermédio da 8ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime ao Crime Organizado (DEIC - Gurupi, deu cumprimento ao mandado de prisão preventiva expedido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal em desfavor de um homem de iniciais: O.J.L.J, de 43 anos. Ele é investigado como sendo um dos líderes de um esquema criminoso milionário que teria enganado mais de 50 mil pessoas e auferido um lucro de mais de R$ 150 milhões no Brasil e no exterior. O homem foi capturado em um rancho no município de Sucupira.
Comandada pelo delegado-chefe da 8ª DEIC, Rafael Falcão, a ação foi deflagrada pela PC-TO depois que as equipes da unidade especializada levantaram informações de que o suspeito estaria em uma propriedade no município localizado no sul do Estado.
Conforme explica o delegado Falcão, a prisão do indivíduo foi decretada após investigação da Polícia Civil do Distrito Federal apontarem que ele seria um dos líderes de um esquema milionário de golpes financeiros que enganou mais de 50 mil pessoas, provenientes da atividade ilícita nos últimos cinco anos. A operação da Polícia Civil do Distrito Federal, denominada “Falso Profeta” foi deflagrada na manhã da última quarta-feira, 20, e tinha por objetivo de dar cumprimento a dois mandados de prisão e 16 de busca e apreensão.
“Ocorre que O.J.L.J. não foi encontrado e era considerado foragido da justiça, sendo procurado em várias unidades da federação e também no Estado do Tocantins”, disse a autoridade policial.
Captura
“Após acionamento das equipes da 7ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Gurupi pela Polícia Civil do Distrito Federal informando os fatos e da possibilidade de o investigado estar na cidade de Figueirópolis, local onde reside um de seus irmãos, o caso foi repassado à 8ª DEIC de Gurupi que imediatamente iniciou os levantamentos e conseguiu identificar que a família teria uma propriedade rural nas proximidades da cidade de Sucupira”, pontuou a autoridade policial.
Com o aprofundamento dos trabalhos de campo, os policiais da unidade especializada constataram que, de fato, o foragido estaria homiziado em um rancho às margens do Rio Santa Teresa, na zona rural de Sucupira. Com base nas informações levantadas, por volta das 17h, os policiais civis daquela unidade, comandados pelo delegado de polícia Rafael Falcão, efetivamente localizaram o indivíduo e deram cumprimento ao mandado de prisão expedido pela Justiça do Distrito Federal.
Em seguida, o preso foi conduzido até a 12ª Central de Atendimento da Polícia Civil, em Gurupi, e após a realização dos procedimentos legais cabíveis, posteriormente foi recolhido à Unidade Penal Regional local, onde permanece à disposição do Poder Judiciário do Distrito Federal.
Crimes diversos
De acordo com a PC-DF, o indivíduo é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, sonegação fiscal e estelionatos praticados por meio cibernético. Ainda segundo as apurações, os criminosos (que compõe um grupo de cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas) abordavam as vítimas, em sua grande maioria fiéis, pelas redes sociais e as convenciam a investir suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias, prometendo retorno financeiro imediato e lucros exorbitantes.
Promessa de lucro rápido
A investigação apurou, por exemplo, que os golpistas fizeram uma promessa de que com um depósito de apenas R$ 25,00, as pessoas iriam receber R$ 1 octilhão, ou seja, uma quantia astronômica, cujo numeral 1 é seguido de 27 zeros.
Sugestão de legenda: Homem foi preso em cumprimento a mandado de prisão, expedido pela Justiça do Distrito Federal
Quem era o pastor
Osório José Lopes Júnior, 45 anos, é acusado de aplicar golpes em fiéis de Goianésia, no centro de Goiás, e demais pessoas de vários estados do país, em 2018. À época, ele e outro pastor alegavam que haviam ganhado um título de R$ 1 bilhão, mas precisavam reunir fundos para conseguir recebê-lo.
Ainda em 2018, o homem chegou a ser preso, mas respondia ao processo em liberdade. A sentença ainda não foi proferida pela Justiça. Após ser liberado da prisão, Osório se mudou para São Paulo.
A investigação da Polícia Civil descobriu que o líder religioso chegou a arrecadar cerca de R$ 15 milhões com o golpe. Para uma das vítimas, prometeu repassar mais de R$ 2 quatrilhões.
O pastor Osório usava as redes sociais para anunciar o esquema. Ele tem um canal no YouTube com mais de 70 mil inscritos e cerca de 500 vídeos publicados. Nas pregações, pedia dinheiro para a "operação". Segundo ele, em alguns dias, todos receberiam "aquilo que era o de direito".
Pastor golpista explicando como vai pagar fieis com 'tecnologia quântica'
O líder religioso afirma que participa do chamado "Projeto Redenção", que teria sido criado aproximadamente em 1940, pelos Estados Unidos e na China. Em seguida, 209 países se uniram — incluindo o Brasil — para agregar bens de alto valor, como ouro, prata, diamante, pedras preciosas.
O que diz a defesa
Em nota, a defesa do pastor informou que ainda não teve acesso aos autos e que precisa ver o fundamento da decretação da prisão para depois requerer a revogação. Se for indeferida, irá impetrar um habeas corpus.
Na quarta-feira (20), a defesa do pastor afirmou que ele não tem nada a ver com as investigações contra o grupo e que Osório não sabia de nenhum mandado de prisão contra ele, pois "está viajando em lua de mel". Além disso, detalhou que desconhecia as acusações.