Relatório da Polícia Federal sobre uma parte da Operação Lava-Jato pode complicar a situação do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, e do deputado Cândido Vacarezza (PT-SP). Segundo relatório, existem indícios de que o ex-ministro indicou o executivo, Marcos Cezar Ferreira de Moura, para a diretoria do Labogen, laboratório que tem entre seus sócios o doleiro Alberto Youssef, o principal alvo da investigação da PF.
O documento mostra ainda que Vacarezza participou de uma reunião em Brasília com Youssef e André Vargas para tratar de negócios com o doleiro. As informações têm como base conversas entre Vargas e Youssef, gravadas com autorização judicial. Teria também participado do encontro Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Numa das conversas com Youssef, em novembro passado, Vargas menciona o nome de Marcos Ferreira, que trabalharia na diretoria do Labogen e diz que a indicação seria de Padilha. Pouco tempo depois da conversa, o Labogen foi escolhido para firmar um contrato de R$ 31 milhões com o Ministério da Saúde, pasta chefiada à época por Padilha. As negociações com Labogen só foram suspensas depois que as relações suspeitas entre Vargas e Youssef foram tornadas públicas.
Numa outra conversa, em setembro passado, Youssef fala sobre uma reunião com entre eles e Pedro Paulo Leoni no apartamento de Vacarezza.
Em nota, Padilha negou que tenha indicado funcionários para o Labogen. “O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha repudia o envolvimento do seu nome e esclarece que não indicou nenhuma pessoa para a Labogen. Se como diz a Polícia Federal, os envolvidos tinham preocupação com as autoridades fiscalizadoras, eles só poderiam se referir aos filtros e mecanismos de controle criados por Padilha dentro do Ministério da Saúde justamente para evitar ações deste tipo. A prova maior disso é que nunca existiu contrato com a Labogen e nunca houve desembolso por parte do Ministério da Saúde”, diz a nota.
O deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) disse, por telefone, conhecer Alberto Youssef por causa de sua relação com o deputado André Vargas (PT-PR), de quem é amigo, mas afirma que “nunca fez qualquer reunião com o doleiro”.
“Nunca fiz nenhuma reunião com o senhor Youssef, nem na minha casa e nem em lugar nenhum. Sou amigo do deputado André Vargas, que ia à minha casa duas ou três vezes por semana. Se ele foi à minha casa com esse cidadão, não me recordo”, se defendeu Vacarezza.
Temor
Tranquilo. O secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta quinta que o governo não deve ter medo da CPI. “Só esperamos que a CPI seja palco de investigação”, disse.