Mesmo antes de o jogo sucessório começar na Capital, pelo menos duas peças já são conhecidas e estão posicionadas no tabuleiro, onde a melhor estratégia definirá o ganhador: Wanderlei Barbosa e Cinthia Ribeiro
Por Edson Rodrigues
Nada consta que os dois sejam os favoritos ou “titulares” em suas equipes, mas tudo leva a crer que serão os dois nomes a serem batidos pelos demais postulantes.
Vale lembrar que a disputa pelo cargo mais alto do Executivo da Capital independe do apoio do governo do Estado – às vezes, isso até atrapalha – como mostra o retrovisor político das eleições anteriores em Palmas. Mas há algumas variáveis que precisam ser levadas em conta.
WANDERLEI BARBOSA
Wanderlei, Marilon e Léo a Familía Barbosa
A primeira variável que se precisa conhecer é a possibilidade de Wanderlei Barbosa ser ou não candidato à prefeitura de Palmas. O julgamento do pedido de cassação do seu diploma de vice-governador feito pelo Ministério Público Estadual, referente às eleições suplementares de 2018, que renderam operações da Polícia Federal no Palácio Araguaia, na secretaria da Fazenda e na Redesat, deve ocorrer ainda este ano no TRE.
Vale ressaltar que o autor da denúncia, o procurador Álvaro Manzano, jamais perdeu uma ação na Suprema Corte em Brasília. Já houve derrotas na Justiça tocantinense, mas em Brasília, jamais.
Definindo a possibilidade de Wanderlei ser candidato, teremos, então, um nome sem nenhum impedimento judicial, uma liderança forte, mas que pode estar, aos olhos do povo, associado a uma “oligarquia política light”, pois, em sua história política, desde o início, como vereador em Palmas, presidente da Câmara Municipal, deputado estadual e, hoje, vice-governador, já teve seu pai prefeito da Capital, sua irmã secretária municipal de Educação, seu irmão vereador e presidente da Câmara e seu filho eleito deputado estadual nas últimas eleições.
Nenhum deles jamais respondeu – ou responde – a qualquer processo judicial referente ao cumprimento de seus mandatos, todos são fichas-limpas e, uma situação que poderia ser analisada de forma errônea (oligarquia política), pode acabar se virando ao seu favor.
CINTHIA RIBEIRO
A segunda variável é a atual prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, uma novata na política, mas que vem exercendo seu mandato com todos os atributos de quem quer permanecer na vida pública, surpreendendo desde os seus adversários até seus simpatizantes, coisa que a mídia não deixa passar em branco.
Muitos achavam que, com a renúncia do titular do cargo, o ex-prefeito Carlos Amastha, Cinthia se satisfaria em “estar” prefeita, servindo de marionete do colombiano. Mas, contrariando essas expectativas, a atual prefeita “vestiu a roupa que lhe coube” e assumiu o total comando da administração da Capital, trocou pessoas do primeiro e segundo escalões e assumiu para si a responsabilidade, os ônus e os bônus do restante do mandato.
Cinthia já deixou claro que é candidatíssima à reeleição e vem montando um time de auxiliares de excelência, começando pelo ex-presidente da Câmara Municipal de Palmas e ex-secretário de governo de Palmas e do Tocantins, Carlos Braga (Foto), a quem fez seu secretário de Governo e entregou sua articulação política.
Braga é um político ficha-limpa, com trânsito em toda a classe política estadual e federal, articulador, desatador de nós e aglutinador, e já começa a mostrar os frutos do seu trabalho, muito comentados à boca miúda dos bastidores políticos.
Secretário César Guimarães
Outro nome importante que Cinthia manteve junto de si é o de César Guimarães, excelente técnico, competente no que fazia e no que faz – era secretário de Governo e, agora, é secretário municipal de Assuntos Estratégicos, Captação de Recursos e Energias Sustentáveis –, funcionário de carreira no senado Federal, onde foi um dos auxiliares mais importantes do saudoso senador João Ribeiro, conseguindo direcionar milhões em recursos federais para o Tocantins, com a elaboração de projetos bem fundamentados e sem equívocos.
Outro bom nome é o de Guilherme Ferreira da Costa, que responde pela pasta das Finanças, também oriundo do Senado Federal, qualificado na área em que atua, tendo cumprido de forma honrosa com seus deveres em diversos outros órgãos federais.
Outros nomes da mesma monta são tidos como certos na equipe que Cinthia Ribeiro vem formando e estarão á frente das diversas ordens de serviço e aberturas de frentes de trabalho que o governo da Capital planeja para as áreas de Educação, Saúde, Agricultura e recuperação da malha asfáltica, fazendo um trabalho em que deixa sai do gabinete e se aproxima da comunidade, entendendo o que o povo mais precisa.
NOVO PARTIDO
Depois de “arrumar a casa”, Cinthia Ribeiro deve migrar para outro partido, uma legenda que lhe dê a segurança necessária para poder se lançar à reeleição sem medo de “fogo amigo”. Para isso, a prefeita de Palmas conta com as articulações do seu “padrinho”, Eduardo Gomes, senador mais bem votado no Tocantins, e seu “porto seguro” em Brasília.
Segundo secretário da Mesa-Diretora do Senado e vice-líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, Eduardo Gomes acompanha de perto as especulações dos bastidores de que Cinthia pode se filiar ao PTB, de Ronaldo Dimas, homem forte de Gomes no Norte do Tocantins.
TUDO A SEU TEMPO
Mas, as movimentações, tanto de Wanderlei quanto de Cinthia, poderão ser notadas pela população em geral a partir do segundo semestre deste ano, quando as peças se acomodarão de forma definitiva no tabuleiro sucessório, de acordo com a mobilização política visando a sucessão estadual de 2022, quando estarão em jogo a vaga de governador, uma de senador, 24 para deputados estaduais, e oito de deputado federal.
Caberá ao tempo dizer quem estará melhor, se Wanderlei ou se Cinthia, aumentando seu “cacifes” em relação ao apoio a um candidato ao governo do Estado.
Governador Mauro Carlesse
Vamos dar tempo ao tempo!
II – INFLUÊNCIA NA ELEIÇÃO ESTADUAL
Por ser a Capital do Estado e o maior colégio eleitoral, com cerca de 186 mil eleitores, ter como aliado o candidato que conseguiu trazer para si a maioria desses votos é uma grande vantagem para a corrida sucessória para o governo do Estado, em 2022.
Conta, também, o fato de Palmas sediar as principais emissoras de TV e de rádio, além dos portais de notícias na internet e vários jornais impressos.
Quem que que seja que queira chegar ao comando do governo do Estado precisa ter uma boa referência na Capital, uma visibilidade coerente e, de preferência, um bom relacionamento com o Paço Municipal.
'
Kátia Abreu, Irajá Abreu com o Gilberto Kassab, presidente do Partido Social Democrático
Assim como todos os pretendentes ao cargo de Governador em 2022, a senadora Kátia Abreu (PDT), juntamente com seu filho, também senador, Irajá Abreu (PSD), entendem bem essa relação. Uma vez distantes do governo Mauro Carlesse, os dois se empenham em aumentar sua ligação com o seguimento do Agronegócio e com os produtores rurais do Estado, ao mesmo tempo em que fazem suas articulações políticas.
Kátia é um dos quadros políticos mais qualificados do Tocantins, com passagens pela presidência da Confederação Nacional da Agricultura e pelo Ministério da Agricultura no governo de Dilma Rousseff, ela, hoje, faz uma oposição firme, porém, responsável, ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
Com todo o seu patrimônio político, é pouco provável que Kátia Abreu e seu filho, Irajá, como senadores, não estejam trabalhando um bom nome, provavelmente advindo do setor do Agronegócio, para disputar o governo do Estado.
MDB
Já o ex-governador Marcelo Miranda vem articulando sua eleição à presidência do MDB no Estado. Com uma deputada federal e cinco deputados estaduais, diversos prefeitos e vereadores, a legenda é enraizada em todos os 139 municípios tocantinenses e tem como grande nome o senador Eduardo Gomes, o mais bem votado nas últimas eleições e que filiou-se ao MDB logo depois de eleito, galgando o cargo de segundo secretário da Mesa Diretora do Senado e indicado como vice-líder do governo Bolsonaro.
Ex-governador Marcelo Miranda
Mesmo assim, o MDB do Tocantins sofre, historicamente, com picuinhas internas e seu desempenho vai depender crucialmente dos seus líderes deixarem as vaidades pessoais de lado e se unir para fortalecer o partido na Capital. Afinal, os bons nomes estão à disposição, o partido tem um histórico de bons serviços prestados ao Tocantins e há a chance de formar uma chapa de peso tanto para a majoritária quanto para a proporcional, indicando um nome para concorrer à vice-prefeito em uma possível coligação.
Eduardo Gomes e Apoiadores
Mas, para que isso tudo ocorra, é preciso, primeiro, que haja uma união interna na legenda, já que seu apoio a um candidato pode ser decisivo para uma vitória na sucessão municipal de 2020, em Palmas.
OUTRAS FORÇAS
Não podemos deixar de fora as diversas lideranças de partidos menores que, com o decorrer do tempo vão se posicionar em relação à eleição municipal. São consideradas outras forças, ou forças menores, mas que, unidas, podem formar uma coligação grandiosa, afinal, são várias lideranças com mandatos na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa e até no Congresso Nacional, o que mostra que têm eleitores cativos, alguns baseados em segmentos religiosos, capazes de, sem uma grande estrutura partidária, conseguirem se eleger.
Essas forças paralelas estão, ainda discretas em suas articulações mas, certamente, estarão presentes de forma significativa na sucessão municipal, como aliados ou com candidatura própria.
Vale lembrar que esta será a primeira eleição sem coligações proporcionais o que eleva a importância de cada partido mostrar sua força política com a eleição de seus vereadores.
Palmas não terá segundo turno, o que fará da disputa pelo Paço Municipal um pleito sem favoritismo, mas dando vantagem a quem conseguir formar uma coligação com os partidos maiores por conta do tempo no horário eleitoral gratuito de rádio e TV, considerado “ouro” nas campanhas políticas, pois as sedes das quatro principais emissoras de TV e três de rádio estão sediadas em Palmas, o que torna tudo mais fácil na hora de viabilizar os programas.
A outra vantagem dos partidos grandes será o fundo partidário, pois candidatura por partido pequeno em uma capital tem pouquíssimas chances de prosperar se não tiver dinheiro para chegar a todos os cantos da cidade e ter acesso aos eleitores.
III – HISTÓRICO DAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES EM PALMAS
2016
A eleição municipal de 2016 em Palmas, assim como nas demais cidades brasileiras, ocorreu no dia 2 de outubro de 2016 e elegeu os prefeito e vice-prefeito da cidade e membros da Câmara de Vereadores. O então prefeito Carlos Amastha, do Partido Socialista Brasileiro concorreu à reeleição, contra Raul Filho (PT), 2º colocado e Cláudia Lelis. Por não haver mais de 200 mil eleitores em Palmas, Amastha (PSB) foi reeleito no primeiro turno, com 52% dos votos.
2012
Em 2012, Carlos Amastha, então no PP, conseguiu uma vitória prodigiosa, contrariando as pesquisas eleitorais que davam Marcelo Lelis, do PV como eleito. Amastha terminou a eleição com quase oito mil votos de diferença sobre Lelis, conseguindo emplacar junto ao eleitorado que ele significaria o “novo” e o “grande administrador”, por conta do seu passado de sucesso como empresário. No total Amastha obteve 59.680 votos, contra 51.979 de Marcelo Lelis.
2008
Raul Filho é reeleito em Palmas com 44,57% dos votos
A apuração dos votos em nas eleições para prefeito em 2008, em Palmas, bateram recorde de tempo de apuração. Em pouco mais de uma hora, os eleitores já sabiam que Raul Filho (PT) havia sido reeleito prefeito da cidade, com 44,57% de votos. Os candidatos Marcelo Lelis (PV) e Nilmar Ruiz (DEM) tiveram, respectivamente, 33,24% e 21,36% dos votos válidos. Raul comemorou a vitória dizendo que esta "era uma das respostas das urnas às críticas de corrupção e uso da máquina" que havia sofrido durante a campanha.
2004
Em 2004 Raul Filho confirmou o favoritismo apontado nas pesquisas ao longo da campanha e foi eleito prefeito de Palmas com 64,46% dos votos. Foi a terceira vez que Raul Filho concorreu à Prefeitura de Palmas. Em 2000, ele perdeu nas urnas para Nilmar Ruiz (PL) por uma diferença de 1,5% dos votos. Vale ressaltar que em 2003 Raul deixou o PPS e filiou-se ao PT, partido pelo qual concorreu à prefeitura nestas eleições, surfando na onda populista do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.