Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
A recente nomeação de Fábio Bernardino da Silva como secretário de Representação da Prefeitura de Palmas em Brasília, escancara uma verdade inconveniente. A gestão interina de Carlos Eduardo Velozo (Agir), mais do que emergencial, tornou-se refém de interesses alheios à cidade.
E não apenas refém, cúmplice.
Bernardino não tem qualquer relação com – e conhecimento sobre – Palmas. Não conhece a cidade, muito menos a suas tradições, não tem histórico político no Tocantins, não possui sequer vínculo público com o prefeito interino. É uma escolha que não dialoga com a técnica, nem com a política local é uma imposição, um corpo estranho enxertado no coração do Executivo municipal (e como todo enxerto, passível de ser rejeitado pelo organismo).
Prefeito interino Carlos Velozo e Fábio Bernardino da Silva
Não é segredo que Bernardino mantém estreita ligação com o governo federal e com o presidente Lula. Participou da transição do atual governo, compôs o Grupo Temático da Pesca, e ocupou cargos no DF. Nada disso, no entanto, justifica sua presença em um dos postos mais relevantes da administração palmense e, indiscutivelmente, o que requer maior nível de conhecimento interno.
Afinal, o que faz um quadro do governo federal, alinhado ao núcleo petista, assumir o comando do gabinete de um prefeito do Agir em uma capital do Norte em plena crise institucional?
IDONEIDADE
Outro ponto que chama atenção é o passado do secretário. Ao analisar o passado do novo secretário, Fábio Bernardino da Silva, emerge um preocupante histórico de pendências judiciais Brasil afora, mas, principalmente no Tribunal de Justiça de Pernambuco. As ações encontradas - 175 e contando – abrangem tanto a esfera criminal quanto a cível, pintando um quadro complexo sobre o perfil do nomeado.
Na área criminal, o secretário figura como indiciado em um Inquérito Policial na Comarca de São Lourenço da Mata. Isso significa que ele foi formalmente investigado pela polícia como suspeito da prática de um crime. Além disso, consta como réu em uma ação de Representação Criminal/Notícia de Crime na capital, o que indica que o Ministério Público ou a parte ofendida apresentou uma acusação formal contra ele perante a Justiça, dando início a um processo penal.
O volume maior de processos está na esfera cível, onde Bernardino aparece em múltiplas ações de cobrança e outras disputas. Ele responde como executado em três processos distintos: dois por Execução de Título Extrajudicial, que geralmente envolvem a cobrança de dívidas como cheques ou notas promissórias, e um por Execução Fiscal, que se refere à cobrança de impostos ou taxas não pagas a um ente público.
Adicionalmente, seu nome está envolvido em diversas Cartas Precatórias Cíveis, onde ele figura como deprecado e até como réu em um processo originário.
Esse conjunto de processos judiciais, especialmente os de natureza criminal e as diversas ações de execução de dívidas, levanta sérios questionamentos sobre a adequação da nomeação para um cargo de alta confiança e representação da capital tocantinense em Brasília.
MONTE SIÃO
Pastor Amarildo Martins , deputado federal Felipe Martins e prefeito em exercício Carlos Velozo
Há ainda uma conexão preocupante com interesses privados locais. A empresa Agropecuária Monte Sião Ltda. sediada em Porto Nacional e vinculada ao grupo empresarial ligado ao pastor Amarildo (tio do prefeito interino e pai do deputado Filipe Martins), pode operar como trampolim político e econômico nesta gestão.
Essa rede, composta por Monte Sião e outros “paraquedistas” reforça a suspeita de que o Agir atua como "cavalo de Troia" para Brasília em Palmas. Decisões como essa culminam em um governo que, embora interino, já se mostra refém de interesses não alinhados com o interesse público local.
Onde estão os critérios técnicos? Onde está o respeito à cidade e à sua gente?
Palmas não foi criada para ser trampolim de ninguém. Não é território neutro para experimentos de articulação nacional. O povo palmense não pode assistir passivamente a essa invasão branca, disfarçada de nomeações administrativas. É hora da sociedade civil, das lideranças locais e dos órgãos de fiscalização aguçar a atenção sobre esse gesto político.
A interinidade é temporária, mas os estragos causados por decisões erradas podem ser permanentes.
A redação de O Paralelo 13 está em campo e seguirá em busca de respostas:
O que quer o Agir com Palmas? Que interesses movimentam Brasília por trás das nomeações?
E quem, de fato, está governando a capital tocantinense?
Porque, pelo visto, o prefeito assina. Mas quem manda, não está aqui.
URGENTE
Referente à Monte Sião, a equipe do Observatório Político de O Paralelo 13 encontra-se em campo, em Brasília e em Palmas, para, em um segundo momento, caso algo seja encontrado fora da curva, produzir uma matéria esclarecedora, com todos os detalhes acerca do apurado.