Para Requião, frente ampla concebida contra Bolsonaro é “puteiro”

Posted On Quinta, 02 Julho 2020 13:02
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Ex-senador compara grupo pela democracia a "prostíbulo" e avalia que presidente só é mantido porque establishment quer Guedes na economia

Por LUCIANA LIMA

 

Frequentador assíduo das redes sociais e da política brasileira, o ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) tem sido um crítico do governo do presidente Jair Bolsonaro, bem como da frente ampla que se juntou “pela democracia” e da atuação dos procuradores da Lava Jato na capital paranaense.

 

Em entrevista ao Metrópoles, o ex-governador do Paraná, por três mandatos, critica a tentativa do mandatário do país de formar uma base no Congresso fazendo acordo de cargos com o chamado Centrão. Para Requião, o presidente pratica os mesmo erros cometidos por governantes do passado, como Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – e não terá garantias de fidelidade.

 

“O Centrão é o mesmo de sempre. O Fernando Henrique o comprou para a reeleição. O Lula cooptava com liberações de dinheiro para poder governar no tal presidencialismo de coalizão”, afirma o ex-governador. “Não acho que Bolsonaro conseguirá formar uma base. O Bolsonaro terá apoio enquanto ele tiver sustentando o Guedes, que tem o apoio do capital e dos bancos também. Eles gostariam muito é de tirar o Bolsonaro, porque ele não é elegante, se veste mal, não diferencia o copo do vinho branco do copo de vinho tinto, mas eles querem deixar o Guedes e o liberalismo econômico.”

 

“Prostíbulo”

Requião tem sido uma voz dissonante no cenário político que tenta se organizar em uma frente ampla que conta com a participação de partidos que vão da direita à esquerda. Ele aponta o apoio ao ministro da Economia, Paulo Guedes, por parte do PSDB como um sintoma de que essa frente ampla não se sustentará na defesa de causas populares. A frente tem contado com a presença de políticos como Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).

 

“Viu o Fernando Henrique dizer que é necessário ter tolerância com o Bolsonaro?”, questiona. “No Brasil, casa de tolerância é prostíbulo, puteiro ou lupanar. Então, a frente da tolerância é um prostíbulo”, ironiza Requião.

 

“Bolsonaro, mantendo Guedes, está tudo bem para o Fernando Henrique. Logo mais adere a Marina, e o nosso amigo Ciro também se propõe a participar. Eu votei no Ciro na última eleição”, frisa o ex-governador. “O que eles querem é colocar freio no Bolsonaro, para ele se comportar direitinho e deixar o Guedes e os bancos governarem o Brasil. Uma frente que não defende o trabalhador não é frente, é prostíbulo”, dispara.

 

“Sou amigo do Ciro e da Marina. Eles têm algumas ideias, algumas propostas boas, a Marina na preservação ambiental e Ciro, às vezes, sobre política e economia brasileiras. Mas nós precisamos de um projeto para o Brasil, não para pessoas. O sujeito quando é candidato à Presidência da República não pensa direito mais. Ele começa a fazer concessões. Veja, o Ciro disse que primeiro não aceitava a emissão de moeda, depois ele começou a dizer que não, mas está gravado o que ele diz. Ele não queria desagradar os banqueiros. Agora é a favor da privatização da água. Tenha dó. Isso está sendo revertido no mundo inteiro”, assinala.

 

Requião chegou a ter seu nome cotado para disputar as eleições deste ano para a prefeitura de Curitiba. Ele, no entanto, defende o adiamento do pleito devido à pandemia do coronavírus. “Devem ser adiadas. Não tem condições de fazer eleições agora.”