Neste fim de semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas intenções de voto para a sucessão presidencial de 2022, esteve reunido com diversas lideranças e dirigentes nacionais dos partidos de oposição ao governo de Jair Bolsonaro, como PSD, PSOL, PSB e NOVO, entre outros. As reuniões tiveram lugar no estado do Rio de Janeiro, para onde o líder petista se deslocou.
Por Edson Rodrigues
As discussões se concentraram em uma proposta única das oposições, buscando um fortalecimento político para enfrentar Bolsonaro nas urnas.
Lula desembarcou no Rio de Janeiro na quinta-feira, 10, para cumprir sua agenda de encontros visando a eleição presidencial de 2022. Desde que voltou ao jogo eleitoral, o líder petista tem focado na montagem de palanques eleitorais nos estados.
Na agenda de Lula estavam um almoço com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), ambos mantêm relações políticas desde 2008 quando Paes concorreu pela primeira vez a Prefeitura da cidade maravilhosa, uma visita a um estaleiro e uma reunião com deputados da oposição como Jandira Feghali (PCdoB), Marcelo Freixo (PSOL) e Alessandro Molon (PSB), além de um encontro com a classe artística.
Lula está aproveitando todos os espaços possíveis para avançar na base política de Bolsonaro, recebendo o aceno positivo de diversos governadores, deputados federais, estaduais, senadores e lideranças de partidos como o MDB, PSD, DEM e PP.
Ex-presidente Lula
As reuniões deste fim de semana servem de alerta aos dirigentes estaduais desses partidos para que aguardem as orientações de suas cúpulas nacionais antes de fechar questão em apoios regionais.
Isso significa que muitas siglas podem fechar, nacionalmente com Lula, não deixando espaço para acordos com candidaturas ligadas a Bolsonaro.
BOLSONARO
Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro, após as boas notícias sobre a recuperação da economia, se recuperou de um baque nas redes sociais sofrido no início do ano e, neste mês de junho, voltou a liderar com folga o IPD (Índice de Popularidade Digital), além de manter a vantagem em relação a concorrentes para eleição de 2022, segundo dados do jornal Folha de São Paulo.
Bolsonaro se descolou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao marcar 73,17 pontos no IPD contra 46,92 de Lula. Bolsonaro e o petista estiveram praticamente empatados uma semana antes, mas o ex-presidente teve uma queda acentuada desde então.
No segundo escalão, estão Luciano Huck (sem partido) com 33,44; Ciro Gomes (PDT) com 25,13; João Amoêdo (Novo) com 24,63; Luiz Henrique Mandetta (DEM) com 20,99; e João Doria (PSDB) com 18,53.
O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), afirma que o resultado aponta (Universidade Federal de Minas Gerais), afirma que o resultado aponta para a força eleitoral de Bolsonaro para 2022 e deveria acender um alerta aos adversários.
O presidente Jair Bolsonaro em passeio de moto por Brasília em 9 de maio, momento de ápice da sua popularidade digital nos últimos meses.
Presidente Jair Bolsonaro
Como o IPD isola —o máximo possível— o efeito do uso de robôs nas redes, a alta na popularidade do presidente é expressa por indivíduos, ou seja, o que é mensurado pela plataforma é o comportamento digital não automatizado.
“Bolsonaro continua sendo um candidato muito forte, tendo um ativo que são as redes sociais. Os outros têm que correr atrás e têm oportunidade para isso até as eleições”, diz o analista.
TOCANTINS
Se o apoio a Lula for “prego batido e ponta virada” nas cúpulas nacionais dos partidos, não haverá espaço para “dois dedos de prosa”, como costumava falar nosso saudoso amigo, irmão e professor, Salomão Wenceslau.
Muito menos haverá espaço para os “muristas”, que acendem velas para dois santos.
O quadro sucessório no Tocantins se desenha para a polarização entre os detentores de mandatos no Congresso Nacional e os que não gozam dessa prerrogativa.
Os senadores Irajá, abreu, presidente estadual do PSD e Kátia Abreu, presidente estadual do PP, assim como Carlos Amastha, presidente estadual do PSB, e Célio Moura e Paulo Mourão, do PT, deverão estar juntos em um mesmo palanque.
Ex-prefeito Carlos Amastha e a senadora Kátia Abreu
Sobre o posicionamento da deputada federal Dorinha Seabra, de Osires Damaso, Eli Borges e Dulce Miranda, tudo, por enquanto é uma grande incógnita, e dependerá das orientações das cúpulas nacionais dos seus partidos.
É um nó difícil de ser desatado na corrida sucessória estadual, pois coloca um grande “se”, na questão, a ser resolvido apenas com o tempo, e a passos de tartaruga.
Por enquanto, no Tocantins, ninguém é de ninguém e os interesses políticos das legendas de esquerda e centro-esquerda, estão deixando a classe política do Tocantins em uma “saia justa”, uma vez que a indefinição ainda paira sobre as cúpulas nacionais de algumas legendas importantes.
O ex-presidente FHC, líder do PSDB e um dos nomes mais influentes na política nacional, apesar de ter elogiado Lula, recentemente, afirmou que entre o petista e Jair Bolsonaro, optaria por Bolsonaro.
Enquanto isso, outras lideranças importantes e influentes do mesmo PSDB, nos estados de Minas Gerais e Goiás, além dos estados do Nordeste, se mostraram inclinadas a apoiar a candidatura de Lula.
CINTHIA RIBEIRO
Em meio a tanta indefinição, como fica a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, do PSDB?
Prefeita Cinthia Ribeiro em visita ao prefeito de São Paulo João Dória
Enquanto a cúpula do seu partido se inclina em direção a Lula, ela está ao lado do governador, Mauro Carlesse, e tem como um dos seus maiores suportes políticos o senador Eduardo Gomes (MDB), que apoiam o presidente Jair Bolsonaro.
Para quem conhece a personalidade forte e independente da prefeita de Palmas, é sabido que esse tipo de decisão será tomada de acordo com o seu entendimento próprio. Tanto poderá poiar a um ou a outro, como pode, também, se manter neutra.
O certo é que Cinthia Ribeiro sabe que as eleições estaduais reservam, ainda, muitas surpresas e novidades políticas, sem contar com um eleitorado raivoso, que se encontra desempregado, endividado, decepcionado com a classe política e enlutados com a perda de entes queridos para a pandemia.
Ninguém tem previsão de quando, nem como, o Brasil sairá dessa situação, reassumindo o controle de sua vida e dos seus destinos sem precisar de intervenções urgentes e pontuais.
Dessa forma, qualquer previsão sobre política e sucessão estadual, há um ano e quatro meses das eleições, nada mais é que um nó cego a ser desatado por aqueles que têm seu futuro atrelado à vontade dos eleitores.
Só resta dar tempo ao tempo...