PELO FIM DO VALE TUDO NA POLÍTICA E PELA PRESERVAÇÃO DOS VALORES FAMILIARES

Posted On Domingo, 05 Março 2017 06:52
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Com a antecipação do processo sucessório, os políticos tocantinenses devem evitar ataques como o que expôs a família do presidente Michel Temer.  Mensagem do Papa Francisco reforça importância do respeito, do perdão e da misericórdia

 

Por Edson Rodrigues

 

Estamos acompanhando, estarrecidos, os fatos relacionados ao roubo e vazamento de imagens íntimas da primeira-dama do Brasil, Marcela Temer, um tipo de prática nefasta, pontualmente utilizada na política brasileira para causar o pior dos efeitos possíveis, que é a exposição e execração pública das famílias de políticos que, por algum motivo tornam-se alvos de seus pares na busca insana pelo poder.

Expor fotos íntimas da esposa do presidente não atinge apenas “o” presidente.  Atinge a mulher, a cidadã, Marcela.  A mãe, que é Marcela.  A filha que é Marcela, neta, prima, irmã...

Atinge uma pessoa que não pediu para ser esposa de político, mas que se revestiu de toda a dignidade e perseverança que a posição de primeira-dama exige, assim como os sacrifícios de ter menos tempo de convivência com o restante da família e de deixar de lado suas vontades e necessidades em benefício da liturgia que sua posição exige.

No Tocantins, já tivemos casos parecidos no passado, em que familiares, que nem participavam da vida pública de seus parentes políticos, viram-se perseguidos, expostos, tiveram suas privacidades invadidas e, em alguns casos, chegaram até a mudar-se para outros estados e países para fugir de uma perseguição que não lhes cabia, que não lhes era justificada, mas que foi a arma usada pelos políticos inescrupulosos para tentar abalar as bases de seus adversários, apostando em que, na política, vale tudo e tudo é aceito.

 

MENSAGEM DO PAPA

Em meio à vergonha e ao estarrecimento que me causaram os ataques à família do presidente Michel temer, me deparo com uma mensagem do Papa Francisco, em que ele lembra que “o perdão é a maior Porta Santa”, em um texto sobre o sacramento da reconciliação.

Em seu discurso, o Pontífice destacou que a celebração deste Sacramento requer uma adequada e atualizada preparação, para que quem se aproxima dele “possa tocar com a mão a grandeza da misericórdia”.

De fato, acrescentou o Papa, a possibilidade do perdão está realmente aberta a todos, ou melhor, escancarada, como a maior das “portas santas”, porque coincide com o coração próprio do Pai, que ama e aguarda todos os seus filhos, de modo especial os que erraram mais e estão distantes.

A misericórdia do Pai, explicou Francisco, pode alcançar toda pessoa de diferentes maneiras, mas há, todavia, um caminho certo: Jesus, que tem o poder na terra de perdoar todos os pecados e transmitiu esta missão à Igreja.

 

PACTO DE MORAL E ÉTICA

Queremos aproveitar a proximidade da Semana Santa e o período da Quaresma, para sugerir que os políticos tocantinenses façam um pacto de moral e ética, e que deixem de lado os ataques pessoais, as picuinhas, as perseguições, às injúrias, as calúnias, e partam para o debate de ideias e projetos que venham ao encontro das vontades e necessidades do povo.

Ainda citando o Papa Francisco, ele exemplifica com muita lucidez esses tipos de ataques políticos ao falar das pessoas que se passam por cordeiros, mas que atacam como lobos: “ falo da penitência a que somos convidados a fazer no tempo da Quaresma” para aproximar-nos ao Senhor. A Deus agrada “o coração penitente” – diz o Salmo – “o coração que se sente pecador e sabe ser pecador”.

 

Na primeira leitura – tirada do Livro do Profeta Isaías – Deus repreende a falsa religiosidade dos hipócritas que jejuam enquanto cuidam dos próprios negócios, oprimem os operários e brigam “ferindo com punhos iníquos”.

Por um lado fazem penitência e por outro cometem injustiças, fazendo “negócios sujos”. O Senhor, ao contrário, pede um jejum verdadeiro, atento ao próximo: “o outro é o jejum “hipócrita” – é a palavra que Jesus tanto usa – é um jejum para se mostrar ou para sentir-se justo, mas ao mesmo tempo cometem injustiças, não são justos, exploram as pessoas. “Mas eu sou generoso, farei uma bela oferta à Igreja” – 'Mas me diga, tu pagas o justo às tuas domésticas? Paga teus funcionários sem assinar a carteira? Ou como quer a lei, para que possam dar de comer aos seus filhos?’”.

Essas sábias palavras do Papa nos dão a liberdade de incluir os ataques pessoais e os direcionados aos familiares dos políticos adversários.  Será que se lembram os que atacam que também têm família. E que, mesmo que suas famílias não sejam atacadas, elas podem se envergonhar das suas atitudes?

Apelamos aos políticos de pratiquem a boa política do debate de ideias e de projetos, deixando de lado as atitudes espúrias e a patifaria.

E apelamos, também, aos cidadãos tocantinenses, que ignorem os políticos que atentarem contra a família e contra os valores éticos e morais, eliminando-os do cenário político do nosso estado, impedindo que nossas famílias sejam testemunhas de tão maus-exemplos.

O Tocantins merece mais que isso.  O Brasil merece mais que isso!