Todos sabemos a interferência que pode ter uma pesquisa eleitoral em pleitos nacionais ou locais. Muitas pessoas elaboram seu voto, alguns desistem de votar e outros votam em branco, tudo em razão do resultado de pesquisas, altamente veiculadas em redes sociais, jornais e aplicativos de mensagem.
Não foram poucas as eleições em que os resultados das urnas desmentiram pesquisas dos mais renomados institutos brasileiros. A primeira reação à desconfiança gerada pela discrepância de resultados foi a utilização da “margem de erro”, que passou a fazer um resultado de 10% poder ser lido como 5% ou 15% (os tais “cinco pontos percentuais para mais ou para menos”), que só serviram para confundir os eleitores e diminuir a responsabilidade do instituto em caso de um resultado muito diferente do que ele próprio atestou.
Mas, quando uma pesquisa é realizada apenas para confundir, não há “margem de erro” que dê jeito. Fica muito explícita a intenção de apenas confundir o eleitorado, sempre “puxando a sardinha” para o candidato ou partido que pagou pelo serviço, afinal, ninguém divulgaria uma pesquisa eleitoral que o prejudicasse.
Por isso fomos tomados de surpresa pela pesquisa divulgada pelo Instituto Skala, uma empresa da qual já fomos clientes e parceiros em eleições anteriores, mas que parece estar sendo usada para um desserviço ao eleitorado tocantinense.
Ao se divulgar uma pesquisa, são vários os dados que precisam ser levados ao conhecimento dos eleitores como, por exemplo, os municípios pesquisados e a metodologia utilizada, o que a empresa em questão não o fez. Mas, mais importante, ela precisa abranger os nomes de quem realmente está participando do pleito ou tem reais chances de figurar entre os candidatos. Novamente, a pesquisa apresentada pela empresa e já divulgada, pecou nesse quesito essencial.
A pesquisa divulgada por um veículo de comunicação do Norte do Tocantins, de forma não surpreendente, traz o nome de um candidato da região Norte do Tocantins bem à frente dos demais. Isso já seria esperado pelo que explicamos acima, de que ninguém divulga pesquisa contra si mesmo. Mas seus indicadores levantaram em todos os analistas e especialistas políticos, uma suspeição ou de erro ou de má fé.
Senador Eduardo Gomes
Mas, o que mais nos causou espécie, estranheza e tornou essa pesquisa, em especial, a mais esdrúxula de todas as que já vimos, foi a ausência do nome do ex-governador Marcelo Miranda, que figura sempre entre os três primeiros colocados tanto para governador quanto para senador nas pesquisas de consumo interno dos partidos e um empate triplo – e totalmente inverossímil – entre um senador da República – o mais bem votado do Tocantins, com mais de 248 mil votos ou 19,5% dos votos válidos – que está encantando o Estado com seu trabalho em benefício da população, dos municípios, sem olhar cor partidária, é querido e reconhecido por todos, aliados e oposicionistas, campeão no carreamento de recursos federais para o Tocantins, o político tocantinense de maior representatividade no cenário nacional, líder do governo federal no Congresso Nacional, um ex-deputado federal e ex-prefeito de Porto Nacional, de boa reputação política, e um vice-governador que nem partido tem, ainda, para disputar as eleições no ano que vem.
Vice-governador Wanderlei Babosa
Não estamos desmerecendo nem Paulo Mourão nem Wanderlei Barbosa, mas a distância eleitoral que separa a importância política de Eduardo Gomes para os dois é abissal. Paulo Mourão é um político de passado ilibado, honroso, mas está fora da vida pública há anos. E Wanderlei é responsável por uma parte significativa dos votos recebidos por Mauro Carlesse, em Palmas, para o governo do Estado, não conseguiu transferir o número de votos que esperava para a eleição de seu irmão como vereador de Palmas, onde está concentrado seu eleitorado.
Ex-deputado Paulo Mourão
Mas, ao indicar um empate entre um senador de destaque incontestável, Paulo Mourão e Wanderlei Barbosa, o Instituto Skala parece querer subestimar a inteligência do eleitorado.
O problema não é nem que a pesquisa possa estar equivocada, ter usado uma metodologia “inovadora” ou visitado bairros (não podemos nem falar em municípios, pois o senador em questão teve votos em todos os 139 municípios, sendo que, proporcionalmente, onde teve menos votos, em São Bento do Tocantins, foram 149 votos) onde o senador tocantinense, líder do governo federal no Congresso Nacional, cotado para ser ministro (só não o foi porque recusou), não é, absolutamente, conhecido por ninguém.
Ou, talvez, quem sabe, os pesquisadores “toparam”, nos 30 municípios que a pesquisa diz ter abrangido, com eleitores que acabaram de fazer 16 anos ou acabaram de se mudar para o Tocantins, e desconhecem a realidade política atual.
Marcelo Miranda ex-governador
Finalizando, é evidente que, com um instrumento de manobra tão poderoso em tempos de disputas tão acirradas pelo poder, alguns grupos provavelmente tenham despertado o interesse em manipular as pesquisas, a fim de colocar um ou outro candidato à frente da corrida eleitoral.
O problema é que esta eleição é a que o eleitorado estará mais bem informado, com um número de canais de informação jamais colocado à sua disposição e, segundo dados do Tribunal regional Eleitoral, já são mais de 1 milhão de eleitores aptos no Tocantins e, venhamos e convenhamos, manipular um milhão de pessoas é “confiar muito no próprio taco”.
Conhecemos os proprietários do Instituto Skala, como falamos, já fomos clientes e parceiros e, sinceramente, esse tipo de pesquisa não condiz com a empresa que conhecemos e a suspeição levantada quanto à sua idoneidade, temos que reconhecer, é admissível.
Queremos deixar aqui um espaço aberto para que a empresa se manifeste, se assim for seu desejo oi interesse e, esclareça como chegou a esses números.