PF rastreia propina para Calheiros na Suíça e o acusa de corrupção

Posted On Segunda, 26 Novembro 2018 08:57
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A Polícia Federal rastreou depósitos de US$ 3 milhões feitos por lobistas a contas bancárias na Suíça que seriam parte de um acerto de propina com políticos do MDB do Senado A Polícia Federal rastreou depósitos de US$ 3 milhões feitos por lobistas a contas bancárias na Suíça que seriam parte de um acerto de propina com políticos do MDB do Senado

Relatório final diz que repasses ao MDB do Senado passaram por contas no exterior do dono da Itaipava, Walter Faria

 

Com Agências

 

A Polícia Federal rastreou depósitos de US$ 3 milhões feitos por lobistas a contas bancárias na Suíça que seriam parte de um acerto de propina com políticos do MDB do Senado, entre eles o senador Renan Calheiros, em troca de contratos na Petrobras. O relatório final da PF nessa investigação traz detalhes sobre a engenharia financeira montada para pagar propina ao MDB e atribui ao senador, potencial candidato à presidência do Senado, o crime de corrupção passiva. Procurado, Calheiros negou e disse que a acusação será rejeitada pela Justiça. As informações estão no jornal O Globo deste domingo (25/11).

 

A propina passou, diz a PF, por duas contas na Suíça controladas pelo empresário brasileiro Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis (da Itaipava), que, por isso, é acusado pela PF de lavagem de dinheiro.

 

O relatório sigiloso, assinado pelo delegado Thiago Delabary, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 6 de setembro. No dia 12, o ministro Edson Fachin encaminhou o material à Procuradoria-Geral da República (PGR), que está analisando se apresenta denúncia contra Calheiros e os demais investigados.

 

Renan, reeleito para o cargo de senador, até agora só foi denunciado uma vez na Lava Jato. A denúncia, feita pelo ex-PGR Rodrigo Janot, foi rejeitada pelo STF.

 

Segundo as investigações, o MDB recebia “comissões” de contratos da Diretoria Internacional da Petrobras, então comandada por Nestor Cerveró, apadrinhado do partido.

 

Em 2006, Cerveró acertou com a Samsung Heavy Industries a aquisição de dois navios-sonda pela Petrobras, no valor de US$ 1,2 bilhão, em troca de propina. Cerveró disse em sua delação que acertou repassar US$ 6 milhões dessas propinas ao grupo do MDB do Senado: Renan, o senador Jader Barbalho (PA) e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau.

 

Crime de corrupção passiva

A PF também apontou indícios de envolvimento do deputado federal Aníbal Gomes (MDB-CE) e de seu ex-assessor Luís Carlos Batista Sá. O relatório atribui o crime de corrupção passiva a Renan, Silas, Aníbal e Batista Sá. Em relação a Jader, a PF considerou as provas insuficientes. Todos negam as acusações.

 

Procurada, a assessoria de Renan afirmou que ele“não vê Jorge Luz há mais de 20 anos, não conhece seu filho, não tem conta no exterior, não conhece os donatários das contas e nunca teve negócios com ele e com ninguém”. Disse ainda que “investigação nenhuma comprovará sua participação com qualquer tipo de falcatrua, conta no exterior ou com o recebimento de dinheiro através de terceiros”.

 

Em nota, a assessoria de Walter Faria classificou a acusação de “insustentável”. O empresário afirmou que “as provas demonstram que os delatores e demais investigados não conheciam ou tinham qualquer relacionamento” com ele. “Não houve por parte de Walter Faria qualquer tipo de repasse a políticos ou agentes públicos”, diz a nota.