Inquérito da PF investiga um suposto repasse de R$ 10 milhões da Odebrecht para peemedebistas como forma de ajuda de campanha de 2014
Da Agência Brasil e iG São Paulo
A Procuradoria-Geral da República (PGR) quer mais 60 dias para concluir o inquérito que tem o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) como investigados. O pedido foi entregue nesta quinta-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e deve ser decidido pelo ministro Edson Fachin.
A investigação envolve o suposto favorecimento da empresa Odebrecht durante o período em que Padilha e Moreira Franco foram ministros da Secretaria da Aviação Civil, entre os anos de 2013 e 2015. Na época, Michel Temer era vice-presidente da República.
Após ser incluindo no inquérito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, o presidente Temer enviou uma carta à PGR defendendo que o presidente da República deve responder somente “por atos que guardem estrita relação com o exercício do mandato”.
Segundo o depoimento de delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho, houve um jantar no Palácio do Jaburu, em maio de 2014, para tratativas de um repasse de R$ 10 milhões como forma de ajuda de campanha para o PMDB, atualmente MDB.
À Justiça, Temer já assumiu que tal encontro aconteceu, mas negou que valores tenham entrado em pauta, sobretudo relacionados a pagamento de propina pela Odebrecht.
O Planalto diz ainda que todas as doações da Odebrecht ao partido foram feitas obedecendo a legalidade. Esse inquérito foi aberto no ano passado, mas o presidente só foi incluído no processo em março deste ano.
Delação da Odebrecht
De acordo com Cláudio Melo Filho, executivo da empresa na época, no jantar no Palácio do Jaburu, teria sido acertado valores e contrapartidas por parte do partido.
O executivo chegou a informar aos procuradores a placa e o modelo do veículo em que foi até o Jaburu, além de atestar que fez ligações telefônicas à Eliseu Padilha na véspera do encontro.
Em seu relato, Melo Filho diz que parte do valor pago pela Odebrecht seria repassado à Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que concorria ao governo de São Paulo em 2014.
Em troca, os ministros do MDB intercederiam em favor da Odebrecht em questões de interesse da empresa. Segundo a delação, além de Michel Temer , Padilha e Moreira, estariam presentes no encontro o próprio Cláudio Melo e o ex-presidente da companhia, Marcelo Odebrecht.