Ainda que alguns nomes estejam insistentemente ventilados, não estão confirmados de fato e de direito
Por Victor Correia
A pouco mais de um mês para as convenções partidárias, somente a chapa PT-PSB à Presidência da República tem cabeça e vice — o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Geraldo Alckmin. Os demais concorrentes mais bem pontuados nas pesquisas de opinião até agora não decidiram quem será o parceiro na corrida ao Palácio do Planalto. Ainda que alguns nomes estejam insistentemente ventilados, não estão confirmados de fato e de direito. E isso é um complicador.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou Walter Braga Netto (PL) como seu vice e já recebeu a bênção até mesmo de um contemporâneo de força — o vice-presidente Hamilton Mourão, general de exército assim como o ex-ministro da Defesa. Ele foi até mesmo exonerado, na última sexta-feira, do cargo de assessor especial da presidência para poder participar das eleições.
A colocação de outro militar como segundo nome na chapa desagradou o Centrão, que esperava ver a ex-ministra da Agricultura, deputada Tereza Cristina (PP-MS), assumir o posto. Nas hostes do PL e do PP, quando Bolsonaro decide colocar mais um general da reserva como companheiro da corrida à reeleição, sinaliza apenas para sua base próxima e fiel num momento em que deveria expandir para garantir mais apoios em partidos nos quais prevalece a indecisão. Como, por exemplo, o PSDB.
A rigor, os tucanos estão fechados com a candidatura de Simone Tebet. Mas a colocação do também senador Tasso Jereissati (CE) por enquanto é uma miragem, embora todos deem sua presença na chapa como certa. Mas isso não garante a união do partido em torno da pré-candidata do MDB, pois vários parlamentares da legenda há tempos votam com o governo e, mais ainda, são aquinhoados com nacos do orçamento secreto.
"Puro sangue"
O União Brasil, que colocou o deputado Luciano Bivar (PE) na disputa presidencial, anunciou que vai à luta com uma chapa "puro sangue". Mas não confirmou a senadora Soraya Thronicke (MS) no posto. As chances de isso mudar são mínimas, mas essa indefinição gera algum receio de outros partidos no fechamento de alianças locais. O partido não esconde que tem como uma das prioridades as costuras capazes de possibilitar a eleição de uma grande bancada no Congresso, mas, para que haja uma coligação, o outro lado tem que ter a certeza de que será igualmente beneficiado. E essa sinalização o União ainda não fez.
No caso do PDT, Ciro Gomes está consolidado na cabeça da chapa, mas a vice continua sendo um mistério. Não dá a menor pista de quem pode ser, o que gera especulações de que, na hora H, deixará a corrida presidencial. Ontem, em Salvador, ele e Simone Tebet se encontraram no mesmo evento e trocaram amabilidades, insinuando que poderiam se acertar mais adiante.
"Quando [a candidatura] não decola, fica muita incerteza. Algumas decisões os atores políticos tomam estrategicamente no final, porque não há algo muito cristalizado. Essas candidaturas da terceira via são ainda muito fluidas. Se você não é competitivo, busca apoio até o último segundo", avalia o cientista político André Rosa.
Para a professora de Ciência Política da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Luciana Santana, com as mudanças, em 2018, na lei eleitoral, o pleito ficou mais curto. "É natural que a gente tenha uma demora na definição de outros acordos", avalia.
PT e PL reservaram os dias 21 e 23 de julho, respectivamente, para anunciarem as chapas. O PDT também se lança no dia 23. A janela para as convenções é de 20 de julho a 5 de agosto.