O Tocantins é pródigo em guardar a sete chaves histórias de pioneiros que fizeram a diferença em suas áreas de atuação, mas que a modéstia não permitia que buscassem o destaque e o reconhecimento que mereciam. Uma solenidade que acontecerá nesta segunda-feira, dia 18 de março, terá revelada, aqui, uma história de vocação, obstinação, honestidade e integridade moral que apenas parte da população de Araguaína – e os milhares de caminhoneiros que circularam pela BR-153 nas últimas décadas – conhece
Por Luciano Moreira
A partir das 9h desta segunda-feira, será inaugurado o novo posto da Polícia Rodoviária Federal em Araguaína, que receberá o nome de Sebastião Artur de Almeida, o popular Patrulheiro Artur, agente da PRF que atuou por mais de quatro décadas no posto avançado de Araguaína.
Artur, natural de Anápolis, Goiás, passou para o concurso da PRF em 1972 e não hesitou em aceitar o desafio de ir para o então Norte Goiano, para o posto avançado de Araguaína, que ainda estava em construção na BR-153. Veio junto com mais dois aprovados no concurso, Adnil e Bibiano. Os três se juntaram para erguer a república onde ficariam instalados, e o próprio posto da PRF, iniciando o longo período de afastamento de suas famílias.
O trabalho árduo, não só como patrulheiro, mas como construtor nas horas vagas, foi moldando uma fama que não descolaria mais da imagem do “patrulheiro Artur”: a de homem honesto, íntegro e cumpridor das leis, mas sempre preocupado com o cidadão, com as pessoas. Afinal, como ele mesmo dizia “eu trabalho para cuidar das pessoas”. Essa era a justificativa que usava para evitar multar cidadãos que estavam em situação de vulnerabilidade, e organizar formas de ajudar motoristas, principalmente os já conhecidos, moradores de Araguaína e região, a regularizar a documentação de seus veículos para que pudessem trabalhar dignamente.
Promovido de “patrulheiro” à “agente” (na verdade, a função mudou de nome nas regras da Polícia Rodoviária Federal), se recusou a receber a nova denominação e, nas décadas em que serviu ao povo por meio da PRF, foi, sempre, o “patrulheiro Artur”.
Em 1981, com saudade da família, aproveitou as férias e fez uma viagem épica, até Anápolis, pedalando uma bicicleta Peugeot, de 3 marchas. A aventura durou oito dias – 1.114 km – e entrou para a história da família.
Artur, definitivamente, escolheu Araguaína para ser seu lar. Trouxe com ele a Anapolina Aurea Hilbert, adquiriu um terreno – curiosamente, próximo ao Posto Avançado que, a partir da solenidade, levará seu nome – e teve dois filhos, Alexandre e Daniel, cinco netos e dois bisnetos.
Para os pais, Arthur de Almeida e Maria Gomes de Almeida, o primogênito sempre foi um bom filho, daqueles que dão orgulho e a certeza de que fizeram um excelente trabalho na educação e na transmissão de valores morais. Para os irmãos, Maria do Rosário Gomes de Almeida, Arthur de Almeida Júnior, Guaraciaba Maria de Almeida Teixeira, João Álvaro de Almeida, Eugênio Pacelli de Almeida e Epaminondas de Almeida, Artur foi o exemplo a ser seguido, o porto seguro na hora dos conselhos e o companheiro, mais que amigo, para todas as horas.
Em Araguaína, além dos milhares de amigos que fez, é sempre lembrado pela retidão na conduta, pela ética no trabalho e pela humanidade no trato com todos, sem distinção.
Seu patriotismo e dedicação pela profissão eram destaque nos desfiles de Sete de Setembro em que, mesmo aposentado, era convocado pelos companheiros a participar, para servir de exemplo às crianças... e autoridades!
O “Patrulheiro Artur” faleceu em 10 de dezembro de 2022, vítima de um câncer.
Sua idade, não importa. O que importa é o que fez com o tempo que Deus lhe concedeu na terra, seja ao lado da sua família, seja se dedicando ao estado do Tocantins, onde escolheu viver. Coisas dignas, repletas de humanidade, de hombridade, de empatia e, principalmente, de amor. Amor pela profissão e pela família. Um amor que era tão grande que distribuía a todos à sua volta.
A partir desta segunda-feira, toda vez que passar pelo posto da PRF em Araguaína, lembrem-se que ali há muito mais que autoridades policias. Há pessoas com o Patrulheiro Artur, prontas para bem servir, proteger e “cuidar das pessoas”.
Uma justa homenagem a um homem justo!