Promotoria faz buscas no HSBC

Posted On Quinta, 19 Fevereiro 2015 05:58
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A Justiça suíça fez ontem uma operação de busca e apreensão de dados e documentos nos escritórios do banco HSBC no país, em busca de provas de que o banco facilitaria a lavagem de dinheiro vindo do exterior. O judiciário suíço vem sendo pressionado e o país vive um clima de mal-estar desde que uma rede de jornais revelou que o banco havia ajudado 100 mil clientes de todo o mundo a abrir contas na Suíça e fugir do controle de seus países. Só no caso dos brasileiros são mais de 8,7 mil contas num total de US$ 7 bilhões depositados, R$ 19,9 bilhões pelo câmbio de ontem.

Criticados por permitir que um banco atue para lavar dinheiro de criminosos de todo o mundo, os suíços decidiram finalmente agir, ainda que a lista dos clientes fosse de conhecimento de autoridades de pelo menos cinco países europeus há mais de quatro anos. Espanha, França e EUA, por exemplo, já usaram a mesma lista para recuperar dinheiro de pessoas que não declararam que tinham essas contas no HSBC. Só os suíços ficaram em silêncio.

No último fim de semana, o Ministério Público da Confederação Suíça indicou que não tinha como agir, alegando que os dados revelados pela imprensa eram roubados. Mas, na manhã de ontem, foi a Justiça de Genebra que lançou a operação de busca e apreensão no banco. A acusação é de "lavagem de dinheiro agravado". O processo foi liderado pelos procuradores Olivier Jornot e Yves Bertossa.

Pelo menos dois escritórios em locais diferentes da cidade foram alvos da operação, que durou todo o dia. Para a Justiça, o banco pode ser responsabilizado por crime se ficar provado que não adotou medidas necessárias para evitar que suas contas fossem usadas para lavar dinheiro. Ao deixar os escritórios do banco, Jornot confirmou que havia colhido "muito material".

O HSBC respondeu imediatamente. "Temos colaborado com as autoridades suíças desde a descoberta dos dados roubados, em 2008, e vamos continuar a cooperar", indicou o banco por meio de seu porta-voz, Michael Spiess. O banco se referia ao fato de que o vazamento da informação ocorreu por conta do ex-funcionário do HSBC, Hervé Falciani, que há sete anos copiou os nomes de todos os clientes em um CD e deixou a Suíça.

Ontem, numa de suas sedes, o banco ordenou que seus seguranças tentassem impedir os jornalistas de fazer imagem do local. "Aqui é uma propriedade privada", gritavam os seguranças, expulsando fotógrafos para a rua e fechando as cortinas do local de forma apressada. Funcionários também foram instruídos a permanecer dentro do escritório para que suas imagens não fossem feitas.

A Justiça de Genebra indicou que deve chamar funcionários e banqueiros do HSBC a prestar depoimento nos próximos dias. Alguns deles são suspeitos de terem ajudado clientes a cometer "atos de lavagem" ou de ter participado desses crimes.

A Receita Federal do Brasil informou que está investigando os nomes de uma mini-lista a que teve acesso. “As análises preliminares de alguns contribuintes já revelam hipóteses de omissão ou incompatibilidade de informações prestadas ao Fisco brasileiro, entre outros casos”, informou, em nota, a unidade de inteligência do Fisco.