São Tomé virou o símbolo católico da desconfiança. Quando tomou conhecimento dos milagres operados por Jesus, afirmou que só acreditaria vendo. Pois viu e se atirou aos pés do Filho de Deus, tornando-se um dos seus mais fiéis seguidores, e acabou virando um santo.
Por Edson Rodrigues
No Tocantins, não precisa ser santo, mas para saber, realmente se quem está se colocando como candidato a algum cargo em 2022 realmente o será, recomenda-se agir como São Tomé, e só acreditar quando ver, em mãos, o registro da candidatura no TRE, seja para deputado federal, deputado estadual, senador e, principalmente, para governador.
Encontro
Nesta última quarta-feira, dia 17, um ato político em Araguaína contou com a presença de lideranças de Norte a Sul do Estado, dentre eles o ex-prefeito Ronaldo Dimas, presidente estadual do Podemos e pré-candidato ao governo, o atual prefeito, Wagner Rodrigues, o ex-governador Marcelo Miranda, o ex-prefeito de Gurupi, Laurez Moreira, a deputada estadual Luana Ribeiro, o deputado federal Tiago Dimas e o Senador Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, além de vários prefeitos, vereadores, pré-candidatos a deputados federal e estadual, e dirigentes de diversas siglas partidárias.
O Observatório Político de O Paralelo 13 captou nas entrelinhas do evento, não apenas pelas presenças da maioria das lideranças políticas estaduais, mas pelo discurso e pelas demonstrações de entendimento, que este, provavelmente, é o primeiro grupo sólido a formar um palanque para a sucessão estadual 2022, pensando e definindo metas para todas as frentes e cargos eletivos em disputa, lembrando que ainda ficaram em aberto as possibilidades de novas – e muitas – adesões ao grupo, a partir do afunilamento do processo e das divulgações das pesquisas de intenção de voto, sempre dentro da diretriz de que as decisões de quem vai concorrer a qual cargo seja de comum acordo e tomadas de forma natural.
UNIÃO PARA VENCER
Outra tendência detectada por nosso Observatório Político é a de que dos dois possíveis candidatos ao governador presentes no grupo, seja qual dos dois, o escolhido contará com o apoio total do outro.
Dentre os 24 deputados estaduais. Só esteve presente ao ato político a deputada Luana Ribeiro, ex-presidente da Assembleia Legislativa, o que nos leva a crer que os presentes deverão formar uma frente partidária com força suficiente para disputar as três vagas majoritárias, com o senador Eduardo Gomes ou com Ronaldo Dimas como candidato ao governo, com o vice sendo definido com a composição para o nome que concorrerá ao senado, sendo que o mais prestigiado, no momento, é o do ex-governador Marcelo Miranda.
Deputados estaduais
Não podemos deixar de ressaltar que, mesmo essa acomodação de forças sendo notada pelo nosso Observatório Político, tudo nada mais é que uma fotografia do momento. Como estamos, ainda, a um ano das eleições, as convenções partidárias de julho de 2022 podem mudar, inverter e até substituir os personagens ora apresentados.
O OUTRO LADO DO TABULEIRO
Enquanto isso, do outro lado do tabuleiro sucessório, o que pode ser captado pelo nosso Observatório Político é um clima nebuloso, com o governador em exercício tentando imprimir sua marca neste tempo de gestão, com muita vontade de acertar e de não deixar a máquina governamental perder o ritmo, o que afetaria as famílias tocantinenses, principalmente as mais afetadas pela pandemia de Covid-19. Para isso, Wanderlei Barbosa busca formar uma equipe de assessores que aproveite os talentos já disponíveis no governo, porém, com novas diretrizes administrativas, obviamente de olho na sucessão estadual de 2022, para a qual já se revelou candidato ao governo, se não à reeleição, mas à eleição. Justamente por isso, busca uma maior capilaridade política junto ás lideranças partidárias, empresariais e classistas, para formular um projeto de governo factível e que mantenha o equilíbrio econômico e financeiro que encontrou.
Governador Wanderlei Barbosa
Wanderlei Barbosa tem a vantagem de ter “cheiro de gente”, de gostar de caminhar junto com o povo, de ter herdado o apelo popular de seu pai, Fenelon Barbosa e de sua mãe, a saudosa Dona Maria Rosa, a “mãe dos pobres”, e de não ter em seu currículo nenhum processo nem investigação da Polícia Federal sequer.
Seu futuro político à frente do governo do Estado vai depender exclusivamente de si próprio, Wanderlei Barbosa, na condução da máquina pública, na definição de prioridades de ação, independentemente de ser só até abril ou de ser até o fim de 2022, de mostrar pulso firme e assertividade nas ações, mantendo o que está dando certo e mostrando seu potencial administrativo e político.
KÁTIA ABREU
Quem também se encontra em outra posição no tabuleiro sucessório é o clã dos Abreu , os senadores Kátia e Irajá Abreu, e o ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, que já têm rejeição registrada publicamente no grupo formado por Eduardo Gomes, Ronaldo Dimas e Marcelo Miranda.
Kátia Abreu e possíveis Aliados
Separados, já sabemos que Kátia e Irajá, mãe e filho, não estarão. Resta saber, ante essa nova configuração política que se vislumbra no horizonte, qual será o caminho do grupo político do clã dos Abreu. Será a candidatura de Paulo Mourão, pelo PT? Ou estarão juntos com Wanderlei Barbosa?
Claro, como já afirmamos, essa é a fotografia do momento e, como bem disse o senador Eduardo Gomes, em entrevista no ato político em Araguaína, ainda há muitos movimentos, muita acomodação de forças a acontecer antes das convenções partidárias.
GANGORRA
Gangorra é aquele brinquedo infantil que ora um está por cima, ora é o outro. E é a palavra mais adequada para definir o andamento das composições políticas de hoje até o fim da última convenção partidária, em julho de 2022. Até lá, vale a história de São Tomé, que contamos no início desta análise.
Sem contar que ainda é preciso acrescentar mais dois ingredientes que têm poder decisivo nessa “receita”, que são as operações da nossa valorosa Polícia Federal, neste ano e no ano que vem. Serão elas que definirão quem estará com o CPF válido junto ao Tribunal Regional Eleitoral e, o grande ator eleitoral, o povo, os eleitores.
O povo vem sendo, sistematicamente, atingido no seu ponto nevrálgico, que é o seu bem-estar e o de seus entes queridos, vendo muitas vidas preciosas sendo perdidas para a Covid-19, deixando milhares de órfãos, desempregados, endividados ou famintos, justamente localizados na base da pirâmide social, composta por mais de 85% da nossa população.
O que essa enorme parcela pensa da classe política, a avaliação que eles fazem das ações governamentais e como eles pretendem mudar o que acham errado, e manter o que acham certo, será uma decisão individual de cada um, mas que fará enorme diferença quando avaliada em conjunto, afinal, são mais de 85% da população.
Bancada Federal do Tocantins
Neste ponto, entram duas peças políticas vitais na corrida sucessória, que são os membros das bancadas federal e estadual, responsáveis pelas emendas impositivas, que destinam milhões e milhões de reais para os municípios e que deveriam, também, ser responsáveis sobre como essa verba é aplicada, se elas são usadas em benefício de suas bases eleitorais ou se são desviadas pelos gestores públicos, com ou sem a sua anuência.
Os bons serão exaltados e recompensados nas urnas. Os que deixaram os interesses pessoais se sobrepor aos interesses dos cidadãos, punidos.
É óbvio que quem tem o poder de direcionar verbas tem um grande poder em períodos eleitorais e, o mais importante, os que agiram da forma correta, beneficiando o povo, podem se juntar e fazer valer seus serviços prestados, mostrando o quanto são mais importantes que algumas das candidaturas majoritárias, que não têm alicerces nem ligações pessoais com suas bases.
Senador Eduardo Gomes fala de encontro..
Ainda é muito cedo para avaliar em qual lado esses parlamentares estarão, mas temos a certeza que eles têm a capacidade de trazer consigo milhares de seguidores e simpatizantes. Estamos falando de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e líderes políticos, empresariais e classistas, que acompanham seus trabalhos e são peças decisivas na hora de influenciar a população na formulação do voto.
Para quem está esperando uma eleição com dois turnos, podemos garantir que, a partir de hoje, os dois turnos eleitorais, os que decidirão a eleição, serão apenas os últimos de muitos turnos nos quais a eleição de outubro de 2022 está dividida.
O tempo dirá!