A abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff já era mais que esperada. Foram muitos os pedidos assim como variadas as teses que os justificavam.
Por Edson Rodrigues
O “escolhido” pelo presidente do Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha foi a apresentado pelos juristas Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, fundador do PT, certamente o mais bem elaborado entre os 34 recebidos.
A comissão que comandará o andamento do processo será formada hoje e o PT já prepara uma junta de advogados para apresentar a defesa.
Após o anúncio da abertura do processo de impeachment, a presidente deu entrevista coletiva onde se disse indignada com o fato e que o processo é uma tentativa de tirar da presidência quem foi “eleito democraticamente pelo povo”.
Dilma esqueceu que, assim como sua eleição, o processo de impeachment também faz parte da democracia e é inteiramente legítimo.
NOSSO PONTO DE VISTA
O que não é legítimo, em meu ponto de vista, é a forma com que o deputado Eduardo Cunha usou os pedidos de impeachment para se manter no cargo por meio de acordos espúrios e chantagem (não há outra palavra).
Acossado por acusações de enriquecimento ilícito, corrupção e falta de decoro parlamentar por ter mentido em uma CPI, Cunha vem mostrando a face mais podre da política nos últimos dias, desdenhando das acusações que pesam contra ele, fazendo pouco com da Justiça e agindo como se estivesse acima de tudo e de todos.
Na verdade, Cunha é um corrupto que usa seu conhecimento profundo das entranhas do submundo político para manter a cabeça “acima da lama”, na base do “se eu cair, não vou sozinho”.
Um dia depois de abrir o processo contra a presidente, Cunha foi alvo de declarações de ministros do Supremo Tribunal Federal – STF – que afirmaram que o deputado deve ser afastado da presidência da Câmara, pois, ante as acusações que pesam contra ele, não teria condições morais de conduzir um processo de impeachment.
Cunha vinha usando seu poder de abrir ou não o processo de impeachment, como moeda de troca com o PT, para que seu nome não aparecesse com destaque nas investigações da Operação Lava Jato. Por um tempo, Cunha conseguiu seu intento, mas como as investigações correm sem o controle do PT, o presidente da Câmara teve seu nome associado a diversas situações de corrupção, o que levou sua decisão de acatar o pedido apresentado pelos juristas Miguel Reale e Hálio Bicudo, a soar como uma resposta, uma retaliação contra o PT.
É por isso que falo, no título deste artigo, que os fins não justificam os meios.
O processo de impeachment é legítimo. Mas o motivo pelo qual virou realidade, esse é uma vergonha!
Quem viver verá!