SACRIFÍCIO SOLIDÁRIO E NECESSÁRIO
Depois de ter aprovado “pacote de maldades” pelos deputados estaduais, já passa da hora de o Executivo estadual iniciar a parte impopular da vontade de mudar. Cortar na própria carne e assumir sua cota de “vilão”
Por Edson Rodrigues
Tido como homem “de bom coração”, agregador, devotado ao diálogo e homem do povo, o governador Marcelo Miranda usou de todo esse seu prestígio para, junto com o momento econômico delicado por que passa o Brasil e, consequentemente, estados e municípios, conseguir a aprovação do chamado “pacote de maldades” por 20 dos 24 deputados estaduais.
As medidas contidas no “pacote”, altamente impopulares, aumentando impostos e tarifas estaduais, vem rendendo um desgaste muito grande aos deputados estaduais que votaram por sua aprovação.
Comerciantes, empresários e industriais já fizeram manifestações e programam novos atos de protesto contra o “pacote”. Muitos desses manifestantes foram os principais apoiadores dos deputados que votaram a favor das medidas. Isso significa que tem muito político perdendo apoios importantes, financeiramente, para suas pretensões eleitorais.
Isso significa que o povo identificou e promete não perdoar aqueles que foram favoráveis a mais um arrocho na já difícil vida cotidiana.
O resumo, é que o Legislativo já fez sua parte na cota de sacrifícios pela governabilidade. Mas onde está a parte do Executivo? O que o governo do Estado está dando de contrapartida à esse sacrifício dos deputados estaduais?
A HORA DA REFLEXÃO
O governador Marcelo Miranda parece ter deixado de lado os seus maiores aliados de toda a sua carreira política, que são o diálogo, seu carisma pessoal, sua capacidade de agregar no corpo a corpo e seu poder de convencimento e comunicação pessoal.
Isso está fazendo falta na hora de dar satisfações a respeito do “pacote de maldades”. Se o legislativo espera por uma atitude assertiva e contundente de “corte na própria carne”, enxugamento da máquina administrativa e sacrifícios relacionados a correligionários alocados em cargos de confiança, o povo espera muito mais e tem muito menos paciência que os deputados.
Como já dissemos, os comerciantes, empresários e industriais não vão parar com as manifestações contrárias ao arrocho tributário e prometem ir às instâncias superiores para tentar barrar os aumentos de impostos e, como ele só entra em vigor em 2016, não é demais lembrar que há tempo para isso.
Logo, se o governador Marcelo Miranda quiser garantir que o “pacote de maldades” não sofra nenhuma baixa ou que seja derrubado pela justiça, é hora não só de reflexão, mas de ação. De mostrar que as secretarias supérfluas serão extintas, que as farras com carros oficiais vão acabar, que cargos “de fachada” serão extintos e que os gastos do governo serão rigorosamente calculados e necessários.
Enquanto os 20 abnegados deputados estaduais que “colocaram a cara a tapa” e aprovaram a medida vêm sofrendo pressões em suas bases nos municípios tocantinenses, os únicos quatro que votaram contra – Eduardo Siqueira campos, Luana Ribeiro, Wanderlei Barbosa e Eli Borges – vem angariando elogios, apoios e a simpatia do povo, que podem se transformar em muitos votos caso Marcelo Miranda não entre no circuito e explique a necessidade dos sacrifícios. Dos deputados e do governo.
O problema é que os sacrifícios do governo ainda não apareceram. Ainda não se ouviu um boato sequer de que Marcelo Miranda tenha procurado os membros da bancada federal do Tocantins – Vicentinho Alves, Vicentinho Júnior, Ataídes, professora Dorinha e, muito menos a senadora e ministra Kátia Abreu, para carrear recursos federais que minimizem a situação econômica precária do Estado, muito menos para buscar uma união pela governabilidade e viabilidade econômica.
O Tocantins ainda é, após 27 anos, dependente economicamente do governo federal, e nossos representantes que estão mais próximos dos cofres da União, ainda não acusaram uma tentativa de audiência, sequer, em nome de Marcelo Miranda, em nome do Tocantins.
Fica aqui a nossa humilde sugestão de que o Governador Marcelo Miranda reúna todas as qualidades que o fizeram o homem público que é, e estender, novamente as mãos para um diálogo amplo, com lideranças políticas, classistas e populares, em busca não de um entendimento, mas de uma harmonia, de uma explanação convincente, para que não haja vilões nem mocinhos e, sim, apenas beneficiados, por uma ação altamente impopular, mas totalmente necessária para o bem de todo o povo tocantinense.
Assim esperamos!
Quem viver verá!