RESULTADO DAS URNAS CONFIRMA SEPULTAMENTO POLITICO

Posted On Segunda, 03 Outubro 2022 07:00
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O Observatório Político de O Paralelo 13 fez vários alertas e foi insistente que, em caso de derrota nas eleições de ontem, alguns políticos tocantinenses fariam parte “de corpo presente” de um sepultamento coletivo, caso suas candidaturas não terminassem em vitória.  E foi exatamente isso que aconteceu.

 

Por Edson Rodrigues

 

Ante ao poderio da candidatura do governador Wanderlei Barbosa à reeleição, ao lado da deputada federal Dorinha Seabra ao Senado, alguns dos políticos mais tradicionais – e alguns da nova leva, também – acabaram sucumbindo, tomando decisões errôneas e, a partir de hoje passam a trazer em seus currículos uma derrota acachapante, difícil de ser ignorada pelos eleitores nos próximos pleitos e, principalmente, muito difícil de ser explicada.

 

Wanderelei Barbos com o pai Fenelon o vice Laurez Moreira  e a senadora eleita Professora Dorina Seabra

 

Wanderlei Barbosa, em uma jogada de mestre, montou uma estrutura de campanha e um grupo político repleto de bons nomes.  Juntou-se a Laurez Moreira, seu candidato a vice-governador e à Dorinha Seabra como candidata a senadora.  Por trás dessa chapa majoritária, estavam vários bons nomes a deputado federal e estadual, com penetração em todas as regiões do Estado, configurando um aglomerado político muito difícil de ser batido.

 

O grupo era tão bom, que atraiu a atenção da senadora Kátia Abreu e de seu filho, o também senador Irajá Abreu. Kátia chegou a dar declarações à imprensa elogiando o trabalho de Wanderlei Barbosa, participou de cerimônias e eventos palacianos e, realmente, chegou a ser cogitada pelo grupo político.

 

MOVIMENTOS ESTRANHOS

 

Mas, eis que Irajá Abreu, primeiro, resolve apoiar a candidatura do deputado federal Osires Damaso ao governo.  Um movimento estranho, que causou um estremecimento no relacionamento de Kátia Abreu com o grupo palaciano.

 

Kátia Abreu em encontro Político com Osires Damaso

 

Kátia já não contava com a simpatia unânime dentro do Palácio Araguaia e, quando Irajá Abreu resolveu, em uma convenção partidária realizada em Lavandeira, um dos menores colégios eleitorais do Estado, longe da imprensa e das cúpulas dos partidos, lançar a si próprio como candidato ao governo, deixando Osires Damaso em maus lençóis, Kátia Abreu se viu sem nenhuma “moeda de troca” para barganhar com o grupo palaciano que, de imediato, resolveu apoiar Dorinha Seabra ao Senado.

 

Os movimentos de Irajá Abreu foram estranhos por dois motivos: primeiro, ele só se elegeu senador por conta do prestígio de sua mãe.  Segundo, sem nenhum grupo político definido ou grandes lideranças a apoiá-lo, revelou-se candidato ao governo depois de declarar seu próprio apoio a um candidato.

 

De uma tacada só, Irajá Abreu prejudicou sua mãe – muitos chamam isso de traição –, praticamente forçou Osires Damaso a desistir de sua candidatura ao governo, e colocou a si próprio em situação delicada, pois claramente não reunia nem experiência política nem um grupo de apoio, com partidos e lideranças políticas, necessários para uma empreitada tão audaciosa.

 

MAIS MOVIMENTOS ESTRANHOS

 

Kátia Abreu em fala de apoio a Marcelo Miranda e Dulce Miranda

 

Depois de ter o caminho de sua derrota política pavimentado pelo seu próprio filho, Kátia Abreu se viu “no mato sem cachorro”, com pouco tempo para mudar suas estratégias e reinventar sua candidatura à reeleição.

 

Mas, a solução escolhida por ela passava por outro movimento estranho aos eleitores e acabou naufragando, levando junto um dos políticos mais carismáticos do Tocantins e, de lambuja, sua esposa.

 

A união impensável entre o ex-governador Marcelo Miranda e sua esposa, deputada federal Dulce Miranda com Kátia Abreu surpreendeu a todos no meio político.  Primeiro porque Kátia já tinha uma grande rejeição entre os deputados estaduais e, segundo, porque o próprio Marcelo Miranda, por várias e várias vezes, havia afirmado que jamais estaria em um mesmo palanque político que Kátia Abreu.

 

Não se sabe o quanto a ausência do saudoso Dr. Brito Miranda, que jamais perdeu uma eleição no Tocantins, teve reflexos nos caminhos escolhidos por Marcelo Miranda, mas, certamente, faltou orientação e coerência, e o resultado não poderia ser outra: Kátia Abreu, Marcelo Miranda e Dulce Miranda não se elegeram, e vãos e juntar à “família” Dimas, Ronaldo Dimas, ex-prefeito de Araguaína e candidato a governador, e Tiago Dimas, candidato à reeleição como deputado federal, que também sofreram derrotas desmoralizantes.

 

Tudo dentro do que foi previsto pelo nosso Observatório Político.

 

PROFESSOR DE DEUS

 

Ex-prefeito Ronaldo Dimas o derrotado

 

Ronaldo Dimas, aliás, é um caso exemplar de “murro em ponta de faca”. Considerado um dos melhores prefeitos da história de Araguaína, com administrações que trouxeram desenvolvimento e melhores condições de vida à população da cidade – tanto que conseguiu eleger seu sucessor e boa parte da Câmara de Vereadores – Dimas parece que deixou o sucesso subir à cabeça.

 

Essa é a única explicação plausível para que ele tenha imposto sua candidatura para o governo ao seu grupo político, mesmo que isso significasse contrariar prefeitos dos 11 maiores colégios eleitorais do Tocantins, que queriam o senador Eduardo Gomes como candidato.

 

Dimas “bateu o pé” e Eduardo Gomes, líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, para evitar um “racha’ no grupo político, resolveu não só apoiar, mas coordenar a campanha do ex-prefeito de Araguaína.

 

Senador Eduardo Gomes com o presidente Jair Bolsonaro

 

Eduardo Gomes trabalhou ininterruptamente para tentar transferir seu prestígio a Ronaldo Dimas, tanto que conseguiu apoio dos prefeitos de Gurupi, Josi Nunes, e de Paraíso do Tocantins, Celsim Morais, além de colocar uma ótima infraestrutura de campanha à disposição do seu candidato, trazendo, também, diversos bons nomes para as chapas proporcionais e, em um último esforço, o presidente Jair Bolsonaro, que esticou uma motociata do estado do Maranhão até a região do Bico do Papagaio, onde pediu votos para Dimas.

 

Mas a arrogância de Ronaldo Dimas e seu jeito de “professor de Deus”, não foram bem recebidos nem em seu grupo político nem no eleitorado tocantinense. 

 

Na verdade, a candidatura de Dimas nunca chegou a decolar, ficando presa ao solo pelo peso do seu ego, que acabou tendo reflexos na vida política do seu filho, Tiago Dimas, que não conseguiu se reeleger deputado federal.

 

ELEITORADO DEU A SENTENÇA

 

 

Por fim, como em toda eleição, coube aos eleitores julgar o comportamento, as propostas e as atitudes dos candidatos que concorreram à uma vaga de governador, uma de senador, oito de deputado federal e 24 de deputado estadual.

 

E a sentença foi dura. Ficou que o povo julgou estar trabalhando direito, entrou que os eleitores acharam que mereciam uma chance e ficaram de fora os que provocaram dúvidas, trouxeram incertezas e demonstraram comportamentos incertos ou estranhos aos seus olhos.

 

Kátia e Irajá Abreu, Ronaldo Dimas, Tiago Dimas, Marcelo e Dulce Miranda são apenas os nomes mais conhecidos dos derrotados, mas, sabemos, muitos outros nomes tradicionais da política tocantinense também ficaram de fora, engrossando a fila do “sepultamento político coletivo”.

 

Irajá Abreu e Kátia Abreu mãe e filho - Marcelo Miranda e Dulce Miranda, marido e esposa 

 

Foram derrotas duras e amargas, difíceis de serem digeridas e revertidas, mas todos os que possuem históricos de serviços prestados ao Tocantins, apesar deste sepultamento político, ainda têm condições de se repaginar, se reinventar e recomeçar suas carreiras.  Mas, antes disso, precisam calçar as “sandálias da humildade”, repensar suas atitudes e fazer uma profunda reflexão, em busca das respostas sobre o que fizeram ou estão fazendo de errado, que os levou a serem rejeitados pelos eleitores.

 

Como dizia o saudoso Tancredo Neves, “fazer política tem a ver com amor e servir ao povo, não a si próprio”.

 

Fica a dica!