ISTOÉ TRAÇA O PERFIL DE QUEM SE ISOLOU PARA FUGIR DA PANDEMIA. VEJA DISCORRE SOBRE A ECONOMIA E A REELEIÇÃO DE BOLSONARO E ÉPOCA FALA DO “NOVO” STF
Istoé
Vida nova no campo e na praia
Poder respirar na natureza, ficar à vontade num quintal que seja, ou à beira da piscina, se tornou muito mais interessante do que permanecer isolado num apartamento. O isolamento social deixou o ar livre ainda mais precioso e cobiçado. E todos querem se afastar do epicentro da doença para diminuir os riscos de contágio. De um modo geral, o coronavírus vem fazendo muitas pessoas repensarem onde querem viver por medo, questões de sobrevivência ou mesmo por projeto pessoal.
Não se trata apenas de um retiro emergencial, mas de uma preparação para uma saída definitiva da cidade grande. A possibilidade de trabalho remoto abre um campo vasto de opções para a moradia. Essa é uma tendência que se percebe principalmente no topo da pirâmide social, onde as pessoas têm dinheiro para realizar seus projetos de curto prazo, mas que, também, avança forte pela classe média.
Há, por exemplo, uma procura crescente, nos últimos meses, por casas em condomínios de luxo no interior e litoral de São Paulo. Em alguns locais privilegiados, a procura por imóveis multiplicou por seis em relação ao ano passado.
Veja
A estrada da perdição
Em um traço característico de sua persona pública, o presidente Jair Bolsonaro costuma adotar discursos e atitudes tranquilizadoras quando flerta com um risco iminente. Na última quarta-feira, 12, exercitou com afinco o lado diplomático e apaziguador de sua personalidade habitualmente truculenta e explosiva para dissipar os rumores de que está desembarcando da estratégia econômica desenhada pelo ministro Paulo Guedes em favor de uma nova manobra política, baseada na abertura dos cofres públicos, como forma de pavimentar sua reeleição em 2022 (um objetivo evidente desde a sua posse).
Em sua missão de ressaltar o compromisso com Guedes, Bolsonaro publicou logo pela manhã nas redes sociais uma mensagem defendendo o teto de gastos, a responsabilidade fiscal e até as privatizações, junto com uma foto em que aparece ao lado do ministro da Economia e de Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, um dos representantes do time a favor da gastança. À tarde, convocou ao Palácio da Alvorada os chefes do Legislativo, líderes no Congresso, além de Guedes e outro de seus adversários, Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional. Após a reunião, todos rumaram a um palanque improvisado. Dessa vez, a cena não deu muito certo. Numa breve manifestação, o presidente disse que o governo vai respeitar o teto de gastos. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, reforçaram o coro. Nenhum deles, no entanto, mencionou o nome de Paulo Guedes ou anunciou medidas destinadas a conter os gastos públicos ou acelerar a tramitação de qualquer ponto da agenda do ministro no Legislativo.
Época
O novo STF
Nos últimos meses, o Supremo Tribunal Federal impôs uma série de derrotas à Lava Jato. Derrubou a prisão de condenados em segunda instância; decidiu que réus precisam se manifestar em processos depois dos delatores, uma regra que levou à anulação de condenações e forçou outras dezenas de processos a voltar algumas casas; e transferiu para a Justiça Eleitoral os casos de caixa dois e corrupção, na prática retirando-os da alçada da operação. Na semana passada, mais um tópico para a lista: a Segunda Turma do STF decidiu retirar a delação premiada de Antonio Palocci do processo contra Luiz Inácio Lula da Silva, com duras críticas ao ex-juiz da Lava Jato, o agora ex-ministro Sergio Moro.
Tais decisões têm em suas tintas o triunfo do chamado “garantismo”, vertente jurídica que poderá perder força em breve na Corte, diante das mudanças de composição que se avizinham: a aposentadoria do decano Celso de Mello e a troca de presidência, com a saída de Dias Toffoli e a entrada de Luiz Fux no posto.