VEJA FALA EM ALÍVIO COM DIMINUIÇÃO DE CASOS DE COVID. ISTOÉ ABORDA A IGNORÂNCIA QUANTO À VACINA E ÉPOCA TENTA EXPLICAR O AUMENTO DOS PREÇOS
Da Redação
VEJA
Sinais de alívio
Com a queda no número de casos e de mortes por semana, finalmente a pandemia parece perder força no Brasil. Vacinas estão em estágio avançado de desenvolvimento e cuidados precisam ser mantidos. Desde a notificação da morte número 1, em março, e depois de três meses de permanência em um platô incômodo, com média móvel superior a 1 000 óbitos diários, o país alcançou, finalmente, uma queda consistente nas mortes por covid-19. No sábado (5), a média de mortes no Brasil foi de 820, variação negativa de 18% em relação às duas semanas anteriores. Os epidemiologistas trabalham com redução na casa dos 15% para considerar o movimento de queda consistente. Ela chegou.
Outro indicador do recuo da pandemia no Brasil é a taxa de transmissão da doença. Em agosto, o país conseguiu reduzir o índice para abaixo de 1, nível considerado de controle, segundo as balizas do rígido Imperial College, de Londres. O número indica para quantas pessoas cada infectado transmite o vírus. Nesta semana, a taxa teve uma leve piora, subindo para 1, mas está a anos-luz do número registrado no auge da disseminação, quando chegou a 3.
Mesmo com o leve aumento, o Brasil tem taxa menor que a de outros países sul-americanos e europeus, como Venezuela, Chile, Argentina, Paraguai, Reino Unido, Portugal, Itália e Espanha. Na quarta-feira (9), as mortes recuaram em dezenove estados da Federação. Em sete, houve manutenção dos números. Apenas em Roraima deu-se aumento da média móvel. Pode-se dizer, enfim, que a epidemia oferece indícios mais do que razoáveis de perder força no Brasil.
A inclinação na curva de óbitos por covid-19 é creditada ao aprendizado adquirido em relação ao tratamento e acompanhamento dos pacientes. Ao longo de oito meses de pandemia no mundo, descobriu-se quem são os grupos de risco, a importância do diagnóstico e acompanhamento precoce dos infectados, além de tratamentos eficazes contra a doença.
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ISTOÉ
Vacina contra a ignorância
Em mais um retrocesso nas conquistas civilizatórias, o presidente Bolsonaro defende a não obrigatoriedade da vacina, indo de encontro à lei, estimulando movimentos de resistência à imunização coletiva e evidenciando, mais uma vez, seu descaso pela saúde pública.
Há duas epidemias que se cruzam no Brasil: a de coronavírus e a de estupidez. Aos poucos e sob a persistente influência do presidente Jair Bolsonaro, uma onda de obscurantismo se abate sobre o País e faz cada vez mais pessoas desprezarem ou minimizarem a ciência e a medicina. Só isso explica que, em meio a mais grave crise sanitária do século, cresça o número de cidadãos que compartilha a tese falaciosa, propagada pelo governo, de que vacinas não
devem ser obrigatórias e causam mais riscos à saúde do que benefícios.
São ideias aterrorizantes e contra os fatos, que, se prosperarem, podem levar milhares ou até milhões de pessoas à morte ou à invalidez, nos próximos anos, por inúmeras enfermidades reconhecidamente erradicadas pela vacinação.
Trata-se de um retrocesso civilizacional com os ares sombrios da Idade Média. Grupos de direita que se opõem à imunização em massa aproveitam a crise da Covid-19 para promover a resistência às vacinas, comportamento que ganhou força nos últimos anos e é considerado uma ameaça global pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ao mesmo tempo, tenta-se, a todo custo, politizar a doença, lançar teorias conspiratórias e incentivar a desobediência civil. A vacina contra o coronavírus nem existe e Bolsonaro já lançou uma campanha de descrédito contra ela.
Na segunda-feira (7), a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) publicou no Twitter uma declaração do presidente dada na semana anterior: “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”. No dia 8, Bolsonaro voltou ao assunto e disse que “não se pode injetar qualquer coisa nas pessoas e muito menos obrigar”. Foram armações levianas e sem respaldo científico ou legal, que feriram princípios éticos, já que a vacinação não é uma escolha e a imunização que será oferecida para a população não será “qualquer coisa”.
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ÉPOCA
Para o alto e avante
Por que os preços dos alimentos sobem e o populismo não é a melhor forma de contê-los. É preciso ter certa coragem para manter o discurso de ortodoxia econômica quando o preço de um alimento vital como o arroz dispara nas gôndolas. Nem sempre os presidentes brasileiros costumam tê-la, não importa o matiz ideológico. Mário Henrique Simonsen, ministro da Fazenda do general Ernesto Geisel, ameaçou “dar um jeito nos hortifrutigranjeiros” para derrubar o preço do chuchu nos idos de 1970.
José Sarney, durante o Plano Cruzado, mandou confiscar bois no pasto para tentar aumentar a oferta de carne. Dilma Rousseff ampliou o crédito agrícola a produtores e encomendou ao Ministério da Agricultura um plano para controlar o preço do tomate no início de seu governo. Jair Bolsonaro, que se autointitula liberal, zerou o imposto de importação do arroz e notificou varejistas a explicar por que os produtos da cesta básica subiram tanto. E disse a seus apoiadores, sem combinar com os donos de supermercados, que eles estavam empenhados em reduzir o preço da cesta, emulando uma retórica célebre do peronismo, de que os supermercados são bons, mas controlados são melhores.
A alta que se observa hoje está mais ligada a leis universais do que à suposta má-fé de agricultores e empresários. A da oferta e procura é uma delas. O auxílio emergencial de R$ 600 injetou recursos na economia direcionados, em parte, à compra de alimentos. O clima, com seca na Região Sul e chuva excessiva no Nordeste, afetou as safras de arroz e de feijão, e ouve até especulação financeira com os preços internacionais de grãos como soja, milho e trigo no mercado futuro.
Os governos injetaram recursos nas economias globais para conter o coronavírus, o que fez aumentar o dinheiro em circulação. Essa liquidez acabou indo para mercados futuros de commodities agrícolas, impedindo a queda esperada dos preços de soja, milho, açúcar e café na pandemia.
Outro grande responsável é a alta do dólar. A moeda americana já subiu mais de 30% em 12 meses, e soja, milho, trigo e carnes têm preços cotados internacionalmente, ou seja, em dólar. Se a cotação sobe, esses produtos ficam mais caros.
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