Acordos negociados em torno do vice-governador devem incluir ainda Cidadania e Solidariedade
Por Pedro Venceslau
Escolhido pelo governador João Doria como seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2022, o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) selou uma aliança com dois dos maiores partidos do Congresso Nacional, o MDB e o União Brasil (resultado da fusão DEM-PSL), e, agora o PSDB trabalha para tentar aproximar os dois partidos do palanque presidencial de Doria.
Com a perspectiva de assumir o comando da máquina paulista em abril, quando Doria deve deixar o governo para disputar o Palácio do Planalto, Garcia avançou nas articulações partidárias e deve ter um palanque partidário mais amplo em sua campanha em São Paulo do que seu padrinho político no plano nacional, o que deve gerar situações inusitadas.
Além do União Brasil e do MDB, Garcia deve anunciar o apoio do Cidadania e tem bom trânsito no PP, Republicanos, Solidariedade e até Podemos.
Já o cenário nacional para os tucanos é mais complexo. Doria tem dificuldades de avançar no diálogo com o MDB (que lançou a pré-candidatura presidencial da senadora Simone Tebet), com o União Brasil (que já negocia eventual aliança com Moro e o Podemos), e com PP e Republicanos, que nacionalmente devem apoiar Jair Bolsonaro. Nessa mesma linha, o Solidariedade vai apoiar Lula e ainda pode abrigar Geraldo Alckmin para ser vice do petista, e o Cidadania lançou a pré-candidatura do senador Alessandro Vieira (SE).
Na prática, isso significa que os aliados de Garcia podem ter de se dividir entre os palanques de Doria, Moro (Podemos), que está próximo de conseguir o apoio do União Brasil, da senadora Simone Tebet, que foi lançada pré-candidata à Presidência pelo MDB, de Vieira e até de Bolsonaro ou Lula/Alckmin.
"Tem um leque de partidos que dialoga com o Rodrigo (Garcia) e tem pré-candidatos à presidência, mas é cedo ainda para falar em convergências nacionais. Respeitamos todas as candidaturas, mas vamos trabalhar para, lá na frente, estarem todas também com o João (Doria)", disse Marco Vinholi, presidente estadual do PSDB-SP.
Para o deputado federal Junior Bozella (SP), vice-presidente do União Brasil, o cenário político atual está invertido em relação a outras eleições. "Geralmente se define primeiro o cenário nacional e depois os regionais, mas dessa vez se inverteu: primeiro veio a equação nos Estados. A tendência do União Brasil é ficar com Moro para Presidência, mas em São Paulo com o Garcia", disse o parlamentar.
O vice-governador tem trabalhado para tentar expandir seus acordos para o palanque de Doria. Ele foi o principal articulador de um almoço em Brasília de reaproximação entre o governador e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), que estava rompido com o tucano, além do deputado Luciano Bivar, presidente do União Brasil.
Na ocasião ficou definido que as alianças começarão nos Estados para só depois "subir" para o plano nacional.