A cada dia que passa, diminui a perspectiva de poder da prefeita Cinthia Ribeiro, pelo fato de ela não poder se candidatar à reeleição. Dessa forma, é natural que ela já esteja pensando em seu futuro e que esteja dando os primeiros passos para sua consolidação no cenário político do Tocantins. A questão é que esses passos podem, também, definir o futuro da sua base aliada na Câmara Municipal de Palmas.
Por Edson Rodrigues
O Observatório Político de O Paralelo 13 esteve por duas vezes, esta semana, na sede do Legislativo palmense, conversando e ouvindo os vereadores da base política de Cinthia Ribeiro. Todos com quem nós conversamos foram unânimes em expressar grande preocupação com seus próprios futuros, pois não estão cientes sobre qual será a decisão da prefeita sobre a sucessão municipal de Palmas. Se estará no embate eleitoral junto com o governador Wanderlei Barbosa, apoiando uma mesma candidatura ou se vai apoiar um candidato diferente. Se vai liberar os vereadores para apoiar quem desejarem ou se cobrará fidelidade na hora da campanha… Ou seja, a verdade é que os nobres vereadores da base de apoio à prefeita de Palmas estão tontos, mais perdidos que “cego em tiroteio”, com a antecipação do processo eleitoral e com a ausência de sinais claros de sua líder.
Á ESPERA DE UM SINAL
Cinthia Ribeiro na sessão de abertura do ano legislativo, disse que 2023 será um ano de obras, como a construção das sedes da prefeitura e da Câmara
Reparem que, nesta análise, não estamos discutindo a gestão de Cinthia Ribeiro, mas o seu futuro político e o dos seus atuais aliados na Câmara Municipal de Palmas. Sem menosprezar nenhum dos auxiliares, é pouco provável que dessa equipe de governo possa sair um nome capaz de ser seu o sucessor de Cinthia, muito menos algum deles está fazendo articulações em benefício da prefeita ou demonstrou preocupação com o futuro político da sua gestora e líder.
Segundo um vereador, aliado de Cinthia, que preferiu o anonimato, ele e seus demais companheiros estão se sentindo desamparados, apenas observando o surgimento das pré-candidaturas, as formações dos grupos políticos, a definição dos cabeças de chapa e compromissos sendo assumidos, “alguns de forma irrevogável”, salientou, com pré-candidatos a vereador para primeiro mandato ou para a reeleição de oposicionistas na Câmara Municipal, e nada de vir algum sinal, nem de fumaça, da sede da prefeitura.
Segundo essa nossa fonte, não é sabido nem se Cinthia irá continuar na vida pública após a eleição de 2024, uma vez que já conseguiu eleger seu esposo, Eduardo Mantoan, deputado estadual, mas ressalta que ela só tem os próximos 20 meses para definir como será sua vida após sua gestão. Se pública ou privada.
E o vereador continua, afirmando que essa indefinição de Cinthia - ou apenas a falta de comunicação com sua base de apoio na Câmara Municipal - demonstra uma ausência de articulação política, diferente do que acontecia quando Carlos Braga ou Rogério Ramos estavam à frente da secretaria de Governo do Paço Municipal. E sem articulação, ações e posicionamentos políticos, se deixar passar muito tempo, não haverá mais nada a ser feito, colocando em risco um belo patrimônio político criado pela própria Cinthia Ribeiro, quando passou de vice-prefeita quase decorativa à gestora de pulso, de ação e destemida.
Só que na política não basta ser político. Tem que saber fazer política.
Do modo certo e na hora certa, pois caso Cinthia deseje permanecer na vida pública - e essa é uma decisão de foro íntimo - e não reagir, ela pode acabar ficando dois anos sem mandato, coisa que seus companheiros na Câmara Municipal não podem ficar esperando por muito tempo, pois seus futuros estão em jogo, só que nas mãos da prefeita.
FALTA UM ARTICULADOR POLÍTICO NO PAÇO
O deputado Eduardo Mantoan ao lado da prefeita Cinthia Ribeiro, vereador Folha prestigia 2ª noite do Festival Gastronômico de Taquaruçu
Caso Cinthia Ribeiro decida por continuar na vida pública por meio do voto popular nas eleições estaduais de 2026, serão seus atos administrativos que irão dar essa resposta. Para isso, ela deve encontrar - ou reencontrar - um articulador político que conheça, com legitimidade, as lideranças políticas, empresariais, classistas e religiosas da Capital, além de ter um ótimo relacionamento com as lideranças políticas e partidárias, com os deputados estaduais, com os congressistas do Tocantins e com as lideranças regionais, para fortalecer o próprio partido de Cinthia, o PSDB que, inclusive, é presidido por ela no Tocantins.
O ideal é que o PSDB consiga eleger o máximo de prefeitos e vereadores no maior número de municípios possível, criando uma musculatura política capaz de evitar que, ao deixar o mandato de prefeita um detentor de mandato do seu partido tome dela a presidência estadual.
Isso já aconteceu com muitos líderes tocantinense e o exemplo mais recente é o de Kátia Abreu que, ao não se reeleger senadora, perdeu, também, o comando do PP no Tocantins.
Para sentar à mesa de discussões para a formação das chapas majoritária e proporcional das eleições estaduais de 2026, Cinthia precisa ter patrimônio político em Palmas e no Estado, mas, para isso, precisa começar a fazer política e formar o seu próprio grupo, a começar, dando mais atenção à sua base de apoio na Câmara Municipal, para que os vereadores, os verdadeiros “cavadores de votos”, possam começar a agir.
AINDA HÁ SOLUÇÃO
Caso a decisão de Cinthia seja a de permanecer na vida pública, ela deve assumir esse posicionamento com urgência. Os meses que ainda faltam para o fim da sua gestão são mais que suficientes para alicerçar seus caminhos políticos, pois seu trabalho, até agora, a favorece - e muito - pois é suficiente, ainda, para manter sua base aliada no Legislativo fiel ao seu governo, abrir novas pontes de diálogo com a presidência da Casa para fortalecer sua gestão e terminar seu governo com credibilidade, popularidade e condições de colocar seu sucessor no segundo turno das eleições municipais de 2024.
É hora de tomar decisões!