Enquanto agremiações já preparam programas de governo, outras pecam pela economia de ações e outras há quem nem partido tem
Por Edson Rodrigues
Como diz o velho ditado, “se a farinha é pouca, meu angu primeiro”. Assim caminha a sucessão estadual no Tocantins. O pleito em 2018 está mobilizando os bastidores políticos e mostrando o potencial de planejamento e estratégia dos grupos que pretendem chegar à cadeira principal do Palácio Araguaia por meio do voto popular.
O que podemos perceber e que algumas legendas já partiram na frente e, além da definição do nome do pré-candidato ao governo, já colocam no “tabuleiro” suas idéias e projetos. Essa largada na frente, agora, pode até parecer comum, mas em uma eleição que se anuncia extremamente pautada em projetos e propostas, ter esse planejamento há mais tempo sob a apreciação dos eleitores, vai representar uma grande vantagem na reta final.
Nesta segunda-feira, três de dezembro, o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas confirmou que aceita a indicação do seu partido, o PR, presidido por ninguém mais que o senador Vicentinho Alves, campeão de alocação de recursos para os municípios tocantinenses, coordenador da bancada federal do Tocantins e líder do partido no senado.
Durante a cerimônia, não foi surpresa para ninguém a elegância de Dimas em suas palavras, sempre respeitoso com os adversários e dono de um discurso moderno e progressista. Ele é considerado um dos melhores prefeitos da atualidade, colocado entre os oito melhores do Tocantins.
Estavam presentes lideranças de todas as regiões do Estado, prefeitos de várias outras agremiações partidárias e quase a totalidade de prefeitos do PR, além do senador Vicentinho Alves, do deputado federal Vicentinho Jr. e do ex-prefeito de Porto Nacional, Otoniel Andrade.
Sua pré-candidatura é certeza de um embate de propostas e de diálogo com o eleitorado, mas peca por ser pouco conhecido, principalmente nas regiões Central e Sul do Estado, e pouco carismático, o que, na política, é um trunfo. Talvez por isso os trabalhos estejam sendo adiantados, para dar tempo da propagação do seu plano de governo em todas as regiões.
A pré-candidatura de Ronaldo Dimas demarca um território muito importante no embate de 2018, uma vez que, representando a Região Norte, já começa trabalhando com um total entre 380 e 400 mil votos da sua Região. Não que possa contar com todos, mas já é uma boa base para trabalhar o convencimento do eleitorado. Além disso, fica a prerrogativa de poder escolher um vice entre as regiões Central e Sul, perfazendo, assim, um bom percentual de possibilidade de votos.
Ou seja, ao sair na frente, Dimas pode dar uma melhor forma à sua campanha e definir com antecedência seus objetivos. Mesmo sendo um “embrião, como as demais, surge com muita vitalidade e saúde. Dimas sabe que, se quiser ser governador, esta é a sua única chance real, pois há nomes sobrando para as chapas majoritária e proporcional e, amealhando mais um bom nome aqui e acolá, tem boas chances de chegar ao mês de março do ano que vem com uma grande força política, alavancando sua candidatura.
AMASTHA
Outro prefeito que tem como pretensão sentar em uma cadeira mais importante – no caso, a do Palácio Araguaia – é o de Palmas, Carlos Amastha, do PSB. Sua candidatura vem sendo planejada há muito tempo e o próprio pré-candidato não esconde isso de ninguém. Aliás, esconder uma opinião ou crítica não faz muito o estilo do prefeito da Capital.
Sua pretensão de chegar ao governo do Estado, porém, ainda está inconclusa, depende de muita conversa, muita articulação e muito poder de convencimento, uma vez que, por sua verve explosiva, acabou se indispondo com a maioria dos políticos tocantinenses ao chamá-los, por baixo, de vagabundos e poucos são os nomes de expressão na política que querem baixar a cabeça para Amastha e aceitar a carapuça. Logo, para compor uma chapa majoritária vai precisar de muita sola de sapato e muita saliva para desdizer o que afirmou.
Amastha se afastará por 45 dias da prefeitura de Palmas, em licença, engatando uma viagem pelo Estado para “fazer” companheiros, seduzir futuros parceiros de campanha e tentar montar sua nominata.
Amastha, apesar de tudo, apresenta um bom potencial político, tem a afama de bom administrador, estrategista e planejador e, todos sabem, não entra em briga para perder.
Resta saber se conseguirá reunir bons nomes e seguir com uma campanha forte o bastante para convencer e se fazer conhecer pelos demais municípios do Tocantins.
MARCELO MIRANDA E A RECEITA DE PUPUNHA
Corre na cultura tocantinense uma curiosa história sobre a pupunha. Existe toda uma ciência para cozinhar a pupunha. Se cozida no fogo baixo, ela “encrua”. No fogo alto, não cozinha. O calor tem que ser no ponto certo para que não se perca o alimento.
A situação do governador Marcelo Miranda assemelha-se a do cozinheiro de pupunha: está na hora de “acertar o ponto do cozimento”.
Ou Marcelo Miranda acerta, logo, esse ponto de cozimento, ou corre o risco de chegar sozinho no momento crucial da corrida eleitoral, sem apoio ou sem nome de peso ao seu lado.
As coisas aceleraram, as principais cartas estão na mesa e os dados começaram a rolar. É chegada a hora de fazer as apostas e rezar para todos os santos.
Trocando em miúdos, é hora de Marcelo Miranda dar um choque de gestão em seu governo, começando por mudanças em sua equipe de auxiliares, sob pena de perder qualquer chance de reeleição.
Não adianta estar com o pé na estrada, com recursos assegurados junto ao Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Mundial, inaugurando obras e assinando ordens de serviço nos municípios, se não houver ação política por parte do grupo político que o apóia. E isso é uma coisa para ontem, para já!
Isso não é nenhuma crítica, é apenas um alerta, pois uma boa base política vale tanto quanto modais de interligação rodoviária, quilômetro e mais quilômetros de estradas para a interligação de regiões ou escoamento de safras, títulos definitivos de propriedades rurais, novas delegacias e outras obras físicas ou sociais. As obras são o esteio e o legado de toda e qualquer administração.
Não é crítica, também, porque sabemos que o Tocantins vai se transformar no maior canteiro de obras da Região Norte do País em 2018, com obras nos 139 municípios do Estado, tocadas graças aos empréstimos e financiamentos levantados ao custo de muito suor, articulação e vontade pessoal do governo do Estado que, mesmo em meio às crises interna e externa, não mediu esforços para mostrar como é que se administra.
Mais que a máquina administrativa, o governador Marcelo Miranda tem um enorme carisma, um enorme apreço popular e já provou ser resiliente, não se dobrar ante qualquer situação, ante qualquer obstáculo que se imponha ao seu caminho.
Mas “apenas” isso não basta. Tem que demonstrar força política, inteligência nas articulações e habilidade na condução do que falta deste seu mandato, ou seja, assumir com rédea curta as funções de governador e agir com a mesma intensidade com que agem seus adversários, se quiser, realmente, ser candidato à reeleição.
E essa demonstração tem que começar o mais rápido possível.
AS “NUVENS”
Enquanto isso o eleitor tocantinense deve continuar atento em relação às especulações e boatos que rondam o mundo político sobre a sucessão em 2018, e ter em mente que as verdades só aparecerão entre os meses de abril e junho, após as convenções partidárias.
Apenas quando o martelo for batido em relação aos nomes que comporão as chapas majoritárias é que tudo o que será dito sobre a sucessão deixará de ser especulação e passará a ter peso de realidade.
Até o registro das candidaturas muitos lances estão por vir, com grandes surpresas se formando no horizonte, pois política não é exata como a matemática.
Portanto, nada de se fiar em paixões ideológicas ou partidárias, pois a política é movida por interesses pessoais e os partidos não serão as peças-chave nas eleições que se avizinham.
E olha que nem falamos em Kátia Abreu que, por menos provável que seja sua candidatura ao governo do Estado por conta da falta de partido, tem ainda muitas cartas na manga daqui até o prazo para filiação, assim como até a data das convenções.
Não se iludam, companheiros. O que é verde, hoje, pode ser azul-turquesa, amanhã. Tudo o que se garante como certo, hoje, pode ser motivo de risos, amanhã. É tudo mera especulação!
Quem avisa amigo é!