A população da Região Sudeste do Tocantins paga, no momento, pelos seus erros do passado, quando abandonou seus líderes políticos e adotou a estratégia errônea de dividir seus votos entre candidatos sem tradição, sem renome e sem capacidade, e acabou deixando de ter representantes na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa
Por Edson Rodrigues
Sem representantes no Legislativo, a Região ficou sem as emendas impositivas federais e estaduais, que são os instrumentos dos parlamentares para carrear recursos, convênios e programas sociais.
Sem representantes nativos, a Região Sudeste ficou relegada a receber e ser contemplada com valores bem menores do que poderia estar recebendo, caso tivesse escolhido candidatos da Região.
Municípios que já deram tantos bons frutos políticos para o Tocantins – e até para Goiás, por que não dizer – não pode passar pela insignificância e falta de representatividade a que se relegou na última década.
Não estamos falando de apenas de falta de infraestrutura, de saneamento básico, de apoio nos períodos de seca extrema, de hospitais e profissionais de saúde, de novos colégios ou novas instalações governamentais.
Ex-deputado Federal e estadual Hagaús Araújo
Falamos de representatividade política, em uma região que já teve os nobres Hagaús Araújo, José dos Santos Freire (estes quando ainda fazíamos parte do Norte de Goiás, sendo que Hagaús continuou, após a criação do Tocantins), Paulo Roberto, Joaquim Balduíno (que além de deputado, foi secretário estadual de Ação Social , João Oliveira, Cacildo Vasconcelos, José Salomão, Deodato Póvoa, Goianyr Barbosa, entre outros, que eram nomes reconhecidamente fortes, capazes, interessados no bem do povo, no desenvolvimento, no crescimento e buscavam um tratamento igualitário para a Região em relação às demais cercanias tocantinenses, e não se omitiam em ir às barras do Congresso Nacional, usar a tribuna e escancarar o abandono do Norte de Goiás, e continuaram a agir assim após a consolidação do Tocantins.
Não se pode precisar em qual momento o Sudeste do Tocantins parou de produzir grandes lideranças políticas, nem se foi isso mesmo o que aconteceu. A verdade é que, hoje, não há um representante da Região na Assembleia Legislativa, muito menos no Congresso Nacional. O Sudeste do Tocantins está órfão de grandes líderes políticos e quem acaba sofrendo com isso são os municípios e seus cidadãos.
“DIVIDIR” A CULPA
O pior de toda essa situação é chegar à conclusão que o grande “culpado” pela situação enfrentada pelo Sudeste tocantinense são os próprios cidadãos que, para simplificar, não souberam votar.
Ex-deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa Cacildo Vasconcelos
Essa “culpa” pode até ser amenizada quando se observa os nomes que se colocaram à disposição para ser os representantes da Região. Realmente, o povo não tinha muitas boas opções. Mas, mesmo com poucas boas opções, o povo não se uniu para elegê-los, ou seja, distribuiu os votos entre as boas e más opções e acabou ficando sem representantes nos Legislativos estadual e federal, literalmente, ficou vendo “a banda passar”.
REVER ERROS E DETERMINAR RUMOS
O atual governo do Estado tem feito melhorias na Região, de acordo com as possibilidades financeiras e o cronograma de obras.
Se o Sudeste tivesse representatividade política durante esse período de “apagão político” por que passou, muitas coisas teriam sido evitadas, muito mais recursos federais teriam chegado aos municípios e investidos nas obras que a região tanto precisa.
Não adianta culpar os governos Federal, muito menos o Estadual, pois, sem representatividade política o Sudeste ficou a reboque e à mercê da boa vontade de representantes de outras Regiões do estado que se compadecem com a situação.
Essa correção pode ser feita nas eleições do ano que vem, que é a chance de rever erros e determinar rumos. E, caso os cidadãos do Sudeste deixem essa oportunidade passar, estarão se conformando com a situação.
2022 SE APROXIMA. É HORA DE CORRIGIR
Mas, finalmente, chegamos à grande razão deste editorial estar sendo escrito, admito eu, com certa dureza para com o povo da Região Sudeste do Tocantins. O ano de 2022 se aproxima e é a hora e o tempo de corrigir essa situação.
Ex-deputados estadual Paulo Roberto, de Taguatinga
É hora dos líderes partidários, dos vereadores, dos prefeitos e vice-prefeitos de todas as cidades assumirem seus papéis de representantes do povo, mostrar seu amor pela Região e definirem uma estratégia para afunilar os votos para o Legislativo tocantinense e o Legislativo federal para candidatos do Sudeste, que realmente os representem, para tentar voltar a ter representatividade e força nos parlamentos.
Isso não será fácil. Egos e orgulhos terão que ser colocados de lado e os interesses do povo terão que vir em primeiro lugar, em detrimento dos interesses pessoais dos políticos envolvidos.
Estarão em jogo oito vagas para deputado federal, uma para o Senado e 24 para a Assembleia Legislativa. O Sudeste já provou que é capaz não só de produzir grandes líderes políticos, mas também de elegê-los para o cargo que quiser.
Então, basta ter bom senso, união e, principalmente, boa vontade, para que a Região Sudeste do Tocantins resgate sua importância, sua força e sua representatividade política para, a partir desse momento, cobrar com propriedade pelos anos de “abandono” que, praticamente, deixaram um dos maiores celeiros de líderes políticos do Tocantins parado no tempo.
UM HOSPITAL, A GRANDE NECESSIDADE
De todas as áreas de atuação de qualquer governo, a área da Saúde Pública sempre foi a mais sensível e amais difícil de ser mantida com excelência. Na Saúde Pública a demanda nunca diminui ou estaciona, ela é sempre crescente e, por isso, precisa sempre estar atualizada e capacitada a atender quem a procura.
Pois é justamente na área da Saúde que a Região Sudeste do Tocantins tem seu pior gargalo. Há tempos o Sudeste do Tocantins precisa de um hospital capaz de atender a todos os moradores da Região e, com o advento da pandemia, ficou ainda mais claro que o próximo governo, que assumirá o Tocantins em janeiro de 2023, terá que assumir o compromisso de construir esse hospital como um “”projeto de estado” e, não, um “projeto de governo”.
O velho Hospital regional de Dianópolis, há anos já não tem capacidade para atender os pacientes de toda a Região Sudeste. Construída ainda nos tempos do Norte de Goiás, a unidade hospitalar viu muitos munícios serem criados à sua volta e suas populações crescendo exponencialmente e novas doenças surgindo, enquanto sua estrutura continua, praticamente, a mesma.
Apesar dos esforços de todos os governos estaduais que passaram, desde a criação do Tocantins, tentando solucionar os problemas de estrutura física e de profissionais de saúde, tudo o que fizeram foram paliativos que, hoje, se mostram insuficientes para manter o Hospital com um funcionamento minimamente razoável.
Dianópolis está a 400 quilômetros de Palmas e não há, no Hospital Regional, leitos suficientes para todos os tipos de pacientes, muito menos médicos especialistas. Sua equipe de profissionais é formada por heróis, mas mesmo os heróis, um dia, cansam. E os dias de cansaço têm se multiplicado com a pandemia de Covid-19.
Hospital de Dianópolis
O, antes, Hospital Regional de Dianópolis virou, hoje, um Pronto Socorro, que aplica os primeiros procedimentos e encaminha os pacientes mais graves para Palmas. Na semana passada chegou à nossa redação o relato de um adolescente de Taguatinga que necessitava de atendimento urgente no Hospital Regional de Dianópolis. Com muita febre e dor de cabeça, o jovem ficou cerca de três horas dentro da ambulância, na porta do Hospital, aguardando por um atendimento que não aconteceu.
Não por omissão da direção ou de quem quer que seja. Simplesmente porque o Hospital já estava superlotado e não havia leito para receber o adolescente. Para sorte do paciente, um enfermeiro experiente o acompanhava na ambulância e tomou a decisão de leva-lo para Palmas onde, ao chegar, foi atendido imediatamente por conta de seu estado de saúde, indo direto para a “ala vermelha”, dos pacientes mais graves.
Felizmente Deus ajudou e, hoje, o jovem já se encontra fora de perigo.
Conto esse fato para reforçar a pergunta a seguir: quantas vidas já não foram ceifadas pela falta de um atendimento de urgência no Hospital Geral de Dianópolis?
CONCLUSÃO
O sofrimento desse jovem pode ser transferido para toda a população da Região Sudeste do Tocantins. Todos estão sujeitos a passar pela mesma situação se um novo Hospital Regional não estiver na pauta do próximo governo.
Ao mesmo tempo, tanto sofrimento não pode ser jogado apenas na conta dos governantes. Boa parte dessa situação foi provocada pelos próprios moradores do Sudeste que deixaram de eleger filhos da Região para os parlamentos estadual e federal, muitas vezes em troca de migalhas, contratos temporários de emprego, cargos em comissão, muitas vezes negociados pelos próprios “chefetes” partidários que, erroneamente são chamados de “líderes”.
Beleza Naturais da região
Por isso, fica o alerta. Como já falamos anteriormente, o Sudeste do Tocantins já provou ter pessoas capacitadas e interessadas no bem comum, assim como ser capaz de eleger um ou mais representantes para a Assembleia Legislativa e para Câmara Federal.
Os prefeitos, vereadores e as verdadeiras lideranças políticas devem esquecer suas cores partidárias, se unir em torno dos melhores nomes para concorrer às eleições, e elaborar um documento com as prioridades da Região, iniciando pela construção de um novo Hospital Regional, pela reativação do Projeto Manoel Alves e pelo abastecimento total de água tratada. Se não houver cobrança, feita a quem de direito, nada disso vai cair do céu.
Só com representatividade política esse sofrimento, esse abandono, vai acabar. 2022 pode ser a luz no fim do túnel para o Sudeste do Tocantins. Cabe ao povo do Sudeste não deixar essa luz se apagar.
Fica a dica.